Ramalho Junior |
A
crônica abaixo foi extraída do livro Histórias
caretas de Manaus, do finado Mário Ypiranga Monteiro. O personagem,
bastante identificado na história do Amazonas, por ter sido governador do Estado
(1898-1900), sucessor de Fileto Pires. Coube-lhe a honra de inaugurar o Palácio
da Justiça, na avenida Eduardo Ribeiro. De fato, possuía traços favoráveis ao trabalho
de um caricaturista. Morreu no Rio de Janeiro.
CARA DE LEÃO, BARBA DE
BODE
Na parede do fundo do "Café Leão de Ouro" havia
um grande quadro óleo sobre tela, assinado pelo pintor popular Cavalcanti, o
mesmo que pintava as cenas do teatrinho "João Redondo”, do Colégio Salesiano.
Cavalcanti era um curioso, pintava, mas não conhecia desenho geométrico nem o
senso das proporções.
O quadro representava um leão africano de juba monumental
inscrito na letra "C"
de café, em atitude um tanto indefinível, talvez de
espera, de alerta. O que era engraçado e chamava logo a atenção era a cara do
bicho.
Uma fisionomia séria de "rei", mas a barba era
caprina, contrariando a natureza da espécie, que lhe deu bigodes, mas não barba
espessa. E então um daqueles críticos de botequim, que os havia ontem mais do
que hoje, descobriu ser a cara do coronel José Cardoso Ramalho Júnior cagada e cuspida, o que de fato era.
Assediado, o Cavalcanti contou que o coronel Ramalho
Júnior, quando governador, contratara seu pai, também artista pintor, para
fazer o "céu" da sala de visitas de sua casa na rua de 24 de Maio (a casa, de estilo, foi posta a baixo, depois de
sediado ali o convento dos Beneditinos com igreja-capela). O coronel nunca
pagou o serviço, pois foi um dos maiores caloteiros que Manaus possuiu.
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