Saudoso quartel da PMAM, na Praça da Polícia, em abril de 1973 |
A Polícia Militar do Amazonas conserva uma salutar tradição. A de
relembrar a data do retorno da tropa que combateu em Canudos (BA). O evento aconteceu
em 8 de novembro de 1897, um pouco depois do encerramento da Campanha de Canudos. São,
portanto, 124 anos que este fato militar empolga os sucessores do tenente-coronel
Cândido José Mariano.
Foi este o oficial que comandou a tropa amazonense pelos ínvios sertões
baianos, que devolveu ao Tesouro estadual a verba restante recebida para a
manutenção da tropa. Por isso, na solenidade antecipada para a noite de ontem,
no quartel do Comando-Geral desta corporação, foi devidamente homenageado.
A solenidade foi presidida pelo secretário de Estado da Segurança,
coronel PM Paulo Roberto Vital Menezes, e, na ocasião, foi lida a mensagem do
comandante-geral da Força Policial, abaixo reproduzida.
Ordem do Dia do Comandante-Geral da corporação,
em homenagem ao retorno da
tropa de Canudos.
Prezados senhores,
Foi no sertão nordestino onde a polícia militar do Amazonas travou uma batalha vitoriosa e triunfante, enfrentando rebeldes que tinham como líder Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido por "Antônio Conselheiro".
E, por esta razão, aqueles valentes e valorosos policiais militares que lutaram bravamente são lembrados e homenageados todos os anos, por todos os atuais integrantes da Polícia Militar do Amazonas. Por terem retornado de uma missão que ficou conhecida como a Guerra de Canudos.
Ocorreu no final do século XIX, entre os anos de 1896 e 1897; a localidade foi no interior da Bahia, em um local conhecido como arraial de Canudos; durou em torno de nove meses, mobilizando 12.000 soldados, oriundos de 17 estados brasileiros. Distribuídos em quatro expedições militares, que tinham a nobre missão de lutar e proteger a nação brasileira.
Conta Euclides da Cunha, no livro "Os sertões", que o fato iniciou-se por motivo do governador da época ter autorizado a cobrança de impostos aos habitantes dos municípios do interior da Bahia, com isso, a população se revoltou e deu-se início ao movimento que tinha como líder "Antônio Conselheiro".
A história registra que "Antônio Conselheiro",
juntamente com seus seguidores, deslocou-se para o interior da Bahia e no
município de Bom Jesus às margens do rio Vasa Barris, criaram a comunidade revolucionária
de Canudos, e, como uma das ideias do líder era de emancipação, logo o
movimento repercutiu em todo o estado da Bahia.
Após as três primeiras expedições federais terem
sido derrotadas pelos seguidores de "Antônio Conselheiro", o
governador do Amazonas, Fileto Pires Ferreira, atendendo à convocação do Governo
Federal, determinou o envio de um contingente policial militar da Força Pública
estadual, denominado de Batalhão Amazonas. Estava composto por 24 oficiais e
249 praças, sob o comando do tenente-coronel Cândido José Mariano, que partiu
de Manaus em 4 de agosto daquele ano rumo à Belém e, posteriormente, aos estados do Maranhão e Pernambuco,
alcançou seu destino em 24 do mesmo mês, quando foi integrado à Brigada Policial que ali já se encontrava.
Durante os sangrentos combates entre os rebeldes e a tropa regular, muitas
vidas foram ceifadas. Finalmente, em 5 de outubro, a campanha vitoriosa chegou
ao fim, tendo o 1° Batalhão de infantaria da Força Estadual, retornado à capital
amazonense, desembarcando aqui em 8 de novembro de 1897. Na ocasião, foi
recebido e homenageado por numerosa plateia na tradicional Praça da Polícia, em
uma emocionante manifestação popular ocorrida no estado do Amazonas.
Passado mais de um século, a campanha da Guerra de Canudos
não representa apenas um acontecimento vitorioso da Polícia Militar do
Amazonas, mas, sim, uma demonstração de coragem, disciplina e heroísmo de
nossos antepassados, os quais em condições adversas do terreno lutaram em
território hostil e desconhecido, contra forças movidas pelo fanatismo desvairado
e amplamente conhecedor da situação terrena da localidade.
Nos dias de hoje, o espírito imortal dos pioneiros permanece
nas ações desenvolvidas nos mais diversos rincões do Amazonas e da Pátria. Nos contingentes destacados continuamos a nobre missão de preservar a ordem pública,
deixando viva em nossa memória a lembrança de que a grandeza desta instituição
também foi concretizada com o sangue daqueles que, envergando sua farda, tombaram
defendendo seus valores e seu pavilhão.
Esse exemplo não será esquecido. Permanecerá para
sempre em todas as ações desenvolvidas pela Polícia Militar do Amazonas. Fica aqui registrado o nosso reconhecimento e gratidão aos nossos heróis do passado e, na mesma intensidade, a todos os atuais Policiais, pela bravura e pela incansável luta na busca pela preservação da ordem pública e da paz social.
Que Deus nos guie por nossos caminhos, nos proteja
grandemente, nos fortaleça em nossas dificuldades, nos conceda a vitória e, se
perecermos,
console aos nossos familiares e não permita que nossas lutas tenham sido em
vão.
Coronel PM Almir David BarbosaComandante-Geral da Polícia Militar do Amazonas
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