CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, novembro 08, 2013

CANUDOS E A PM DO AMAZONAS


Saudoso quartel da PMAM, na
Praça da Polícia, em abril de 1973
A Polícia Militar do Amazonas conserva uma salutar tradição. A de relembrar a data do retorno da tropa que combateu em Canudos (BA). O evento aconteceu em 8 de novembro de 1897, um pouco depois do encerramento da Campanha de Canudos. São, portanto, 124 anos que este fato militar empolga os sucessores do tenente-coronel Cândido José Mariano.
Foi este o oficial que comandou a tropa amazonense pelos ínvios sertões baianos, que devolveu ao Tesouro estadual a verba restante recebida para a manutenção da tropa. Por isso, na solenidade antecipada para a noite de ontem, no quartel do Comando-Geral desta corporação, foi devidamente homenageado.

A solenidade foi presidida pelo secretário de Estado da Segurança, coronel PM Paulo Roberto Vital Menezes, e, na ocasião, foi lida a mensagem do comandante-geral da Força Policial, abaixo reproduzida.

Ordem do Dia do Comandante-Geral da corporação,
em homenagem ao retorno da tropa de Canudos.

Prezados senhores,

Foi no sertão nordestino onde a polícia militar do Amazonas travou uma batalha vitoriosa e triunfante, enfrentando rebeldes que tinham como líder Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido por "Antônio Conselheiro".
E, por esta razão, aqueles valentes e valorosos policiais militares que lutaram bravamente são lembrados e homenageados todos os anos, por todos os atuais integrantes da Polícia Militar do Amazonas. Por terem retornado de uma missão que ficou conhecida como a Guerra de Canudos.

Ocorreu no final do século XIX, entre os anos de 1896 e 1897; a localidade foi no interior da Bahia, em um local conhecido como arraial de Canudos; durou em torno de nove meses, mobilizando 12.000 soldados, oriundos de 17 estados brasileiros. Distribuídos em quatro expedições militares, que tinham a nobre missão de lutar e proteger a nação brasileira.
Conta Euclides da Cunha, no livro "Os sertões", que o fato iniciou-se por motivo do governador da época ter autorizado a cobrança de impostos aos habitantes dos municípios do interior da Bahia, com isso, a população se revoltou e deu-se início ao movimento que tinha como líder "Antônio Conselheiro".

A história registra que "Antônio Conselheiro", juntamente com seus seguidores, deslocou-se para o interior da Bahia e no município de Bom Jesus às margens do rio Vasa Barris, criaram a comunidade revolucionária de Canudos, e, como uma das ideias do líder era de emancipação, logo o movimento repercutiu em todo o estado da Bahia.
Após as três primeiras expedições federais terem sido derrotadas pelos seguidores de "Antônio Conselheiro", o governador do Amazonas, Fileto Pires Ferreira, atendendo à convocação do Governo Federal, determinou o envio de um contingente policial militar da Força Pública estadual, denominado de Batalhão Amazonas. Estava composto por 24 oficiais e 249 praças, sob o comando do tenente-coronel Cândido José Mariano, que partiu de Manaus em 4 de agosto daquele ano rumo à Belém e, posteriormente, aos estados do Maranhão e Pernambuco, alcançou seu destino em 24 do mesmo mês, quando foi integrado à  Brigada Policial que ali já se encontrava.

Durante os sangrentos combates entre os rebeldes e a tropa regular, muitas vidas foram ceifadas. Finalmente, em 5 de outubro, a campanha vitoriosa chegou ao fim, tendo o 1° Batalhão de infantaria da Força Estadual, retornado à capital amazonense, desembarcando aqui em 8 de novembro de 1897. Na ocasião, foi recebido e homenageado por numerosa plateia na tradicional Praça da Polícia, em uma emocionante manifestação popular ocorrida no estado do Amazonas.
Passado mais de um século, a campanha da Guerra de Canudos não representa apenas um acontecimento vitorioso da Polícia Militar do Amazonas, mas, sim, uma demonstração de coragem, disciplina e heroísmo de nossos antepassados, os quais em condições adversas do terreno lutaram em território hostil e desconhecido, contra forças movidas pelo fanatismo desvairado e amplamente conhecedor da situação terrena da localidade.

Nos dias de hoje, o espírito imortal dos pioneiros permanece nas ações desenvolvidas nos mais diversos rincões do Amazonas e da Pátria. Nos contingentes destacados continuamos a nobre missão de preservar a ordem pública, deixando viva em nossa memória a lembrança de que a grandeza desta instituição também foi concretizada com o sangue daqueles que, envergando sua farda, tombaram defendendo seus valores e seu pavilhão.
Esse exemplo não será esquecido. Permanecerá para sempre em todas as
ações desenvolvidas pela Polícia Militar do Amazonas. Fica aqui registrado o nosso reconhecimento e gratidão aos nossos heróis do passado e, na mesma intensidade, a todos os atuais Policiais, pela bravura e pela incansável luta na busca pela preservação da ordem pública e da paz social.


Que Deus nos guie por nossos caminhos, nos proteja grandemente, nos fortaleça em nossas dificuldades, nos conceda a vitória e, se perecermos, console aos nossos familiares e não permita que nossas lutas tenham sido em vão.
Coronel PM Almir David Barbosa
Comandante-Geral da Polícia Militar do Amazonas

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