Correio do Norte, jul. 1960 |
Em seu primeiro governo (1955-1959), Plínio Coelho convidou ao casal Makk para visitar o Amazonas. Américo e Eva Makk (acompanhados do filho AB, nascido em São Paulo, SP) estiveram em Manaus em 1958, quando iniciaram com uma exposição de seus quadros no Ideal Clube. Após essa apresentação, foram contratados para decorar alguns pontos da capital.
Pintaram nas paredes do hall do Palácio Rio Negro algumas alegorias, tomando por tema a rebelião do tuxaua Ajuricaba contra os colonizadores, em especial, os portugueses. No governo de Danilo Areosa (1967-71) o trabalho artístico desapareceu sob tinta comum aplicada por pintores de paredes. Apesar do esforço do próprio governador em contratar técnicos capazes de restaurar a obra, nada pode ser feito. A dificuldade deve ser substancial, pois nenhuma outra revisão do Palácio Rio Negro foi capaz de “descobrir” o painel.
Conta uma lenda, no entanto, que o desastre ocorreu por “determinação” do governador Areosa que, filho de portugueses, sentia ofensa com o tema exposto. E mais, que os técnicos consultados desdenharam da qualidade dos painéis, por isso, mais tintas selaram a sorte da obra.
Casal Makk, com o filho AB, em Manaus, 1958 |
A terceira e mais importante obra foi realizada na Catedral de Nossa Senhora da Conceição. Imenso trabalho, esforço enorme, pois, cobriram todo o teto do altar principal e as paredes do altar mor. Nestas, rememoraram o progresso da Igreja em Manaus, desde o forte, passando pelas capelas e a igreja consumida pelo fogo, em 1850. A extensão do painel elaborado no teto permitia inscrevê-lo em livro de recorde, dado sua grandiosidade era “a maior obra de arte sacra do mundo” (O Jornal, 13 set.1958).
Quase tudo desapareceu na última reforma, sobretudo a decoração do teto.
Obra do casal idealizando a primeira capela existente na Barra |
Igreja matriz de Manaus, local das pinturas |
O saudoso memorialista Genesino Braga recebeu uma homenagem dos artistas. Em 1960, ao lançar Fastígio e sensibilidade do Amazonas de ontem, o trabalho editorial coube à extinta gráfica Sergio Cardoso, mas a capa foi elaborada com exclusividade pelos pintores Américo e Eva Makk (artistas húngaros, radicados no Brasil).
Alguns cronistas atentaram para o trabalho do casal. Lembro o padre-poeta L. Ruas, que assinala deles a exposição de quadros realizada no Ideal Clube. Também os periódicos se manifestaram, a exemplo do editorial de A Crítica (junho 1958).
Padre Nonato Pinheiro. O Jornal, 5 outubro 1958 |
Apesar de que a decoração da Catedral tenha recebido o apoio cultural da empresa de jornais Archer Pinto, onde já operava o jornalista Phelippe Daou, o governador Plínio Coelho contribuiu grandemente para colorir a capital.
O Jornal. Manaus, 13 set. 1958 |
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