Nos jornais, não se encontra referências acerca do Cine-Teatro Rio Negro, apenas que esteve localizado no bairro de Educandos. Ainda assim retirada de um brevíssimo apontamento, compulsado em O Jornal (30 out.1950), sobre o bairro. Assinada pelo então jornalista Arlindo Porto (1929 - hoje membro da Academia Amazonense de Letras), a matéria assegura que no local “há um cinema em funcionamento e outro em construção.” Em funcionamento, o Rio Negro, e em construção, o Vitória.
As únicas informações sobre este cinema estão registradas em um livro de Cláudio Amazonas (1945-) sobre o Educandos. Cláudio assegura que este cine fora inaugurado a 7 de setembro de 1949, situado na esquina da rua Amâncio de Miranda com o beco dos Passos.
Tem mais, o imóvel pertencera a Walter Scott da Silva Rayol (1905-1970), político e cronista esportivo. Mas, que logo o transferira para Gonçalo Batista dos Santos (1918-2001), pernambucano, aqui chegado em agosto de 1945 para participar da 1ª Exposição-Feira da Amazônia (Feira de Amostras). Gonçalo, por suas atividades mercantis, adquiriu a alcunha de "Marreteiro".
O Rio Negro possuía 200 assentos de madeira, dispostos em fila que formava uma espécie de arquibancada íngreme. Largas brechas no assoalho permitiam aos garotos assistir a sessão das 20h, sempre proibida aos menores de 14 anos.
A programação e, em especial, a publicidade do cine Rio Negro era realizada pelo próprio Gonçalo, que anunciava em cartazes as atrações do dia: “Hoje vai sem bom. Porada (com um “r” apenas) é mato”. Isso era motivo de gozação. Seja para quem o conhecia e tinha alguma intimidade, seja para quem o detestava, em maior número.
Gonçalo empregava como ajudante o cômico Canela, também chegado a Manaus na mesma época, que circulava pelas ruas de Educandos montado em longas pernas-de-pau e em megafone improvisado anunciava de forma bem-humorada:
Venham assistir o grande sucesso de hoje no Cine-Teatro Rio Negro, o maior cinema do mundo, porque nunca enche!
Enfim, recorda Cláudio, o cine Rio Negro não teve uma existência duradoura, desaparecendo em meados de 1953. Gonçalo dos Santos parece ter se desiludido com a atividade cinematográfica, preferindo buscar outros empreendimentos mais lucrativos.
Além disso, a proximidade da abertura do cine Vitória terminou por sepultar os sonhos de “Marreteiro” com relação à sétima arte. A despeito de sua curta trajetória, o Cine-Teatro Rio Negro exibiu alguns filmes famosos; e até assistiu ao surgimento do cine Constantinópolis, logo transmudado em cine Rex (1952-1954).
Mestrinho visita Educandos. O Jornal. Manaus, 16 fev. 1959 |
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