O primogênito de seu Manuel Mendonça não se olvidou dos ensinamentos recolhidos no Seminário São José, não obstante o ralo período naquela Casa. Hoje, seu natalício, por ser Pedro, Renato retorna com uma crônica revisora, para lembrar a si e os demais filhos de Francisca (nossa mãe). O trabalho vai partilhado em duas partes, pela extensão.
Na ordem do nascimento: Antonio (13) Manoel (17) e Pedro (29).
Antonio, pai Manuel, Pedro e Manoel, 2006, em Barra Mansa-RJ |
NOVIDADE
29.06.2024
Apesar do título sugestivo,
não há nenhuma novidade no que vou dizer: apenas a “nova idade”. É simplesmente
o resultado do abraço entre essas duas palavras. Bem que o sentido etimológico
da palavra “novidade” poderia ser: uma nova idade para se viver. No entanto,
não tem nos dicionários nenhuma acepção que transmita essa ideia, e sim:
“condição daquilo que se vê, se conhece ou se sente pela primeira vez.” Sendo
assim, a temática está lançada de olhos vendados, vamos tentar desvendá-la.
A novidade fica por conta da
idade que se adquire como nova, e o que ela representa a partir de agora,
dentro do contexto social da nossa natureza humana. Podemos nos aliciar de um
desejo súbito para que ela nos encoraje a aprender, feito um novo discípulo,
nessa estação da vida. Não há como rejuvenescer o semblante, que será a cada
dia mais fechado sem ao menos percebermos, mesmo tendo o espelho como
testemunha; com certeza, estaremos mais sisudos por conta dos compromissos
diários, que nos parecerão a cada dia fardos mais pesados. Então, resta-nos rejuvenescer
o espírito. E, aí sim, está a novidade!
Nessa longa viagem, rumo ao
desconhecido por nós, não ficamos sabendo quantas fronteiras poderemos cruzar.
Entretanto, em cada um desses territórios alcançados, encontraremos as
novidades que iremos precisar, todas facilitadas pela benevolência de Deus. E
entre essas novidades está a qualificação do discernimento, arraigado em nossa
consciência, como um diploma conquistado na escola da vida. E isso viabiliza
encontrarmos sempre as melhores alternativas, ou simplesmente o melhor caminho
para se prosseguir na missão humana.
Sinto-me ainda hoje como
aquele irrequieto menino que, de posse do seu livro didático, já começa a ler a
lição seguinte, mesmo sem a explicação do mestre, o que julgo ser uma sadia
inquietação. E é assim que eu, que recém passei a frequentar a casa dos
setenta, já começo a bisbilhotar o que se passa na casa dos oitenta; quero ver
como vivem ou o que pensam os seus moradores, quais são seus anseios e suas
preocupações. Quero entender os sintomas dessa doença moderna, que chamam de
depressão, para tentar achar o antídoto contra esse mal. Talvez esteja
exclusivamente na preservação do bem-estar do espírito.
Espero cumprir com saúde o
meu contrato de locação nesta casa em que estou, sem inadimplência. Preciso
cuidar do corpo e da alma também, para que não ocorra um distrato antecipado.
Para o corpo podemos consultar os médicos, e temos os exames de imagem e evidência,
necessários para conjugar o verbo que nunca deve sair de nosso dicionário da vida:
amar! — Amar como Jesus amou; pensar como Jesus pensou e viver como Jesus
viveu, prega e nos emociona o verso de uma canção gospel. E, se quisermos nos
fortalecer com os ensinamentos bíblicos do Novo Testamento, sigamos o que nos
instrui São Paulo: “Alegrai-vos, procurai a perfeição, encorajai-vos, tende um
mesmo pensar, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco.” (2Cor
13,11)
A novidade por certo me leva a um novo patamar dessa vida e a um novo cômodo da casa, onde os personagens são os mesmos, mas o cenário muda aos poucos. Ali, ficarei curioso para descobrir novas nuances da idade, e terei a indiscrição de querer olhar para as casas anteriores, para ver o passado e fazer uma releitura do que foi plasmado com as lições de outrora. Olhar para trás não significa entrar em estado de nostalgia, e sim deixar a mente satisfeita com o prazer da recordação, embora alguns pontos fiquem anuviados quando relembrarmos. Esses momentos podem ser reconstruídos com nossos conceitos atuais; podemos viajar no tempo e, quem sabe, encontrar ali alguma novidade que até então não tinha sido discernida. (segue em Santos de Junho e da Família)
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