Mais um capítulo sobre a história da Guarda Policial, atual Polícia
Militar do Amazonas, no período provincial, compartilhado do meu almejado
livro Guarda Policial (1837-1889).
Primitivo Palacete Provincial |
14ª Legislatura Provincial
Na Falla
de abertura da 2ª sessão dessa legislatura, em 29 de março de 1879, o
presidente da Província, barão de Maracaju, aproveita para fundamentar suas
iniciativas junto à Guarda Policial. Após esclarecer a transferência da sede
para o Hospital de Caridade, comenta a procedência de recrutas oriundos do
Ceará.
Sem esclarecer a data, certamente no ano
anterior, o presidente, ao solicitar do colega cearense “44 cidadãos para o
estado completo da referida Guarda”, promove uma das primeiras importações de
mão de obra policial do Nordeste. Ainda ontem, com diversas variáveis, tal
processo se reproduzia, em particular na Banda de Música. Do número solicitado,
informa o presidente que “já chegaram aqui 43, que estão fazendo serviço”.
Sede do Grupo Escolar, após a reforma de 1927. Foto Durango Duarte |
Obras no Palacete Provincial e no Educandos
Artífices
Entre maio e junho de 1879, o Palacete
Provincial passou por reparos. As obras executadas encontram-se relacionadas no
texto lido na abertura da 15ª Legislatura, em 31 de março de 1880.
Houve a restauração do bicame (conjunto de
calhas para coleta de água no telhado), que ainda hoje exige intervenção periódica.
Promoveu-se a caiação e a pintura do térreo, onde funcionava o Liceu e a
diretoria da Instrução Pública; “reparou-se o soalho, o rodapé e vidraças”; e
ainda, foram construídos “pequenos alicerces junto à porta de entrada para impedir
o avanço das águas pluviais” por sob o assoalho. A tarefa custou ao Tesouro “a
quantia de 720$497 réis”. Não há indicação do executante.
Também no mesmo período, a presidência
empenhou-se na restauração do Estabelecimento dos Educandos Artífices, que se
transformara, com a desativação deste, em hospedaria. O objetivo da reforma era
nele aquartelar a Guarda Policial, que se ocupava parte do Hospital de
Caridade, em construção. Para isso, o governo “mandou preparar as casas” que hospedaram
o diretor e o escrivão do extinto educandário e, igualmente, “parte do lance
meridional” do prédio principal.
Quê banzeiro vultoso evitou que o projeto de
transferência se concretizasse? Ignoro, porém, se se concretizasse seria um
desatino. A polícia ficaria isolada tanto quanto o bairro de Educandos, ou
seja, sem ligação terrestre com o Centro Antigo, ligação que era realizada
utilizando-se canoa ou catraia. Seria estapafúrdio o deslocamento de tropa de
um lado ao outro do igarapé, utilizando barcos de remo! Enfim, para aclarar a
questão do insulamento educandense, lembro que a primeira ponte – Efigênio Sales
- a ligar este bairro ao “continente” foi inaugurada em 1929; depois vieram a
ponte JK em 1957 e, mais adiante, a do cônego Antônio Plácido, em 1975.
Ainda sobrevive resquícios do edifício provincial,
utilizando as adaptações adquiridas, próprias ao melhor funcionamento, ontem,
do grupo escolar e, hoje, da Escola Estadual Machado de Assis, situada à rua Amâncio de Miranda, 90 – bairro de
Educandos, onde estudei na década de 1950.
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