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quarta-feira, abril 24, 2024

ITACOATIARA: 25 DE ABRIL

Semelhante ao que ocorreu na capital amazonense quando, em 1949, o governo estadual ergueu na Praça da Matriz o monumento ao 1º centenário de Manaus. Duas décadas depois, em 1966, no entanto, foi celebrado o Tricentenário da cidade e assim prossegue. Em Itacoatiara aconteceu o mesmo. Há 50 anos, o governador João Walter de Andrade e o prefeito Aurélio Vieira promoveram com brilhantismo o 1º centenário da Velha Serpa. Os jornais de Manaus esbanjaram louvores sobre o evento, ressaltando a eleição da Rainha do Centenário.

Igualmente como na capital ocorreu a mudança no fundamento deste festejo. Francisco Gomes, ilustre historiador de sua cidade, preconiza que em 25 de abril de 1874 ocorreu a Independência política da Velha Serpa, amanhã celebra-se o sesquicentenário do município. O nascimento da vila aconteceu há mais de três séculos. Como faço neste espaço, reproduzo os jornais da época apenas para relembrar a festa e comprovar os tropeços dos cultores da história.

Recorte do Jornal do Commercio, 27 abr. 1974

No dia do seu primeiro centenário Itacoatiara entrou de férias. Comércio, bancos, indústrias e repartições públicas fecharam suas portas durante 24 horas, participando também das comemorações elaboradas pelo Prefeito Municipal. Nas ruas desertas, à princípio, e completamente tomadas pela população durante a tarde e começo da noite, foram afixados cartazes alusivos à data, banhando a cidade de um colorido diferente.

Aliás, tudo, em Itacoatiara, parecia diferente. Até o seu aspecto característico de cidade interiorana foi substituído, por uma aparência de metrópole, comentado depois pelas autoridades convidadas para o evento. Por incrível que pareça, até a rainha do primeiro centenário de Itacoatiara escapava à característica geral da gente itacoatiarense. Margareth Oliveira, que vai reinar durante 100 anos, é um tipo louro, franzino e de grandes olhos claros que parecem estar sorrindo o tempo todo. Com 17 anos de idade, e demonstrando desembaraço digno do melhor manequim profissional, Margareth conquistou a preferência do público desde o início, ganhando inclusive uma saraivada de palmas e gritos de “já venceu, já venceu”. 

A FESTA DOS CEM

Itacoatiara caprichou na festa do seu primeiro centenário. Executou uma programação digna de cidade grande, recebendo, por isso, centenas de parabéns das autoridades amazonenses que para lá se deslocaram para participar da missa campal, desfile estudantil e o grande baile de gala na sede do [clube] Amazonas. De Manaus foram o governador João Walter de Andrade, que foi inclusive recebido no aeroporto de Itacoatiara pela banda da Polícia Militar executando “Carinhoso”, secretários Antonio Ricci, da Saúde, e Odilon Spinelli, do Planejamento, e mais o jornalista Sinval Gonçalves, presidente da Emamtur [Empresa Amazonense de Turismo], deputado Washington Stephano etc...

Às 17 horas, na praça da igreja de N. S. do Rosário, houve um desfile estudantil, para, em seguida, na quadra de esportes do município, ser realizada a Missa Campal celebrada pelo arcebispo dom João de Sousa Lima. Na oportunidade, o arcebispo de Manaus se congratulou com as autoridades itacoatiarenses pelo evento, e, em nome da Igreja católica, procedeu à bênção da cidade. Antes de ser cumprida a outra parte da programação, ou seja, a inauguração do obelisco referente à data, grupos de estudantes dos colégios N.S. do Rosário e Vital Mendonça fizeram uma pequena mostra dos produtos responsáveis pelo equilíbrio econômico-financeiro de Itacoatiara, destacando-se a juta e a castanha.

Meia hora depois, diante da Igreja, o governador João Walter descerrou o obelisco relativo ao primeiro centenário. Em breves palavras, o prefeito Aurelio Vieira agradeceu a presença das autoridades amazonenses na bonita festa realizada por Itacoatiara e aproveitou o ensejo para se congratular com toda a população itacoatiarense, responsável direta polo desenvolvimento que ora o município atravessa. Disse Aurelio Vieira que é dever de todos continuar nesse ritmo de trabalho para elevar o nome de Itacoatiara junto à constelação amazônica, e afirmou que isso só será possível se todos se unirem num trabalho conjunto, planejado, tentando impulsionar o progresso que já começa a deitar suas mãos sobre o município. (...)

 UM POUCO DE HISTÓRIA

Itacoatiara, no dia 25, despiu sua roupa moderna para se vestir como há 100 anos atrás, lembrando nostalgicamente o passado cheio de promessa e esperanças que plantou as raízes do presente. Na frente da cidade, instalada à beira do barranco que circunda o município, a réplica da antiga Vila de Serpa atraía a atenção de todos. Aos interessados em um pouco de história, os recepcionistas, pródigos em conversa e escassos de imaginação, apontavam para um folheto e contavam para o turista um pouco das coisas que nem eles mesmos sabiam.

Na língua tupi, Itacoatiara quer dizer “Pedra Pintada ou Escrita”. Essa denominação foi dada porque, à época, abundavam nas praias pedras pintadas e escritas pelos primeiros habitantes do município. No dia 25 de abril de 1884, por força da Lei Provincial nº 283, a Vila de Serpa recebeu foros de cidade e passou a chamar-se Itacoatiara. Esses dados são esclarecidos pelo boletim distribuído pela prefeitura do município, que se preocupou também em deixar uma boa impressão às pessoas que o visitavam pela primeira vez. Grandes pastas azuis contendo a história do município, uma camiseta, um chaveiro e folhas de papel foram distribuídos aos visitantes, numa tentativa feita pelo Prefeito de agradar a todos.

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