Amanhã, 04, a PMAM (Polícia Militar do Amazonas) completa 187 anos de vivência. Diante desta existência, é óbvio que foi contemplada com etapas brilhantes e outras nenhum tanto, como sua desativação (1930-36) à época do regime de Getúlio Vargas. No mesmo diapasão, a mudança de nomenclatura em decorrência da centenária Rebelião de Ribeiro Junior (1924). Todavia, “em Canudos, com sangue batizado” celebra com ênfase a participação naquele conflito fratricida, ocorrido na Bahia (1897).
É regra castrense a elaboração da Ordem do Dia sobre a efeméride, desse modo, são tantas disponibilizadas quantos os aniversários. Escolhi, todavia, o texto do saudoso prof. Mário Ypiranga Monteiro sobre a Polícia Militar do Estado, circulado em A Crítica, de 6 de abril de 1983. Assim sendo, homenageando a corporação por sua data magna. Nele introduzi entre parênteses algum dado para melhor compreensão do leitor.
Recorte do artigo referenciado
Quando se
comemorava o aniversário de criação da Polícia Militar do Estado do Amazonas,
calculando-se apenas o evento do ato que criou o Regimento Militar, por Eduardo
Gonçalves Ribeiro, sugeri ao então coronel comandante Luci (Vicente Coutinho
1973-75) que a vida daquela corporação era mais dilatada e ofereci os subsídios
mais ou menos suficientes para que se houvesse uma noção do testemunho da força
pública da Província e do Estado nos eventos nacionais. Então eu já estava com
uma considerável cópia de fichas e de anotações e a história redatada em parte,
só esperando uma oportunidade para publicação. A oportunidade chegou quando o
coronel Pedro Lustosa (chefe da Casa Militar) mostrou-se interessado e concluí
a primeira redação. O livrinho foi publicado sob o título geral de SÍNTESE
HISTÓRICA DA POLICIA MILITAR DO ESTADO (Imprensa Oficial, 1972) com
apresentação de Genesino Braga, no governo João Walter (1971-75). Foi sobre
esse documentário que as Relações Públicas (PM5) da mesma corporação fez
publicar nos jornais de Manaus uma súmula, deixando de aparecer meu nome por
mero esquecimento.
Entre os fatos
mais consagratórios da posição dessa milícia de que me honro de ser filiado por
condecorações e por amizade continuada, figuram a sua reação heroica às
turbulências provocadas no dia oito de outubro de 1910 e a que me referi
recentemente numa série de artigos. Foi a essa reação desigual que me referi
também no meu ELOGIO HISTÓRICO DA POLICIA MILITAR DO ESTADO, palestra realizada
a 4 de abril de 1973, no Teatro Amazonas, elogio que de certa forma dependeu
mais da atitude sentimental do historiador sem que a história sofresse com os
rasgos de elevação retórica: não houve felizmente nenhuma influência. Andava eu
no primeiro ano de idade quando a família foi obrigada, com milhares de outras,
a procurar refúgio nas matas distantes do bairro de São Raimundo Nonato, porque
o excelente senhor presidente Nilo Peçanha se dera ao luxo ignominioso de
mandar bombardear uma cidade pacífica. O que ponho de relevo é que foi nos
ombros do miliciano Reis, músico, que me transportei, enquanto, horas depois e
por todo o dia aziago, a metralha assassina destruía propriedades e
ensanguentava lares inocentes, tudo isso sob a calma assistência do doutor (Antonio Gonçalves Pereira de) Sá Peixoto (vice governador).
É daquele
discurso no Teatro Amazonas o trecho abaixo, transcrito das notícias publicadas
nos jornais quando da passagem dos 139 anos de existência da corporação:
Verdadeiros heróis do silêncio, às vezes morriam abraçados ao silêncio,
agônicos, febrentos, os olhos felizes bebendo a alegria triunfante que cantava
alto nas dobras do pavilhão nacional. Heróis mudos da Pátria! trouxestes à
nossa Polícia Militar as glórias que não foram decantadas, mas eu imprimo na
comovente comemoração desta história singular a saudade do vosso destemor
caboclo, da vossa bravura moral. (...)
De qualquer
sorte, foi a nossa Policia Militar, em todos os tempos, uma corporação que
esteve presente em todos os conflitos em que o Amazonas foi chamado a intervir:
guerra contra o Paraguai, guerra de Canudos, guerra contra o Acre, guerra
contra o Pará, revolução de 1924 e a última de 1930. Possui, portanto, um
acervo de glórias e a sua bandeira não foi ainda gratificada com outras condecorações
merecidas.
Nota: o mestre Monteiro cometeu alguns enganos, cujos reparos efetuei na edição da Síntese Histórica.
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