CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quarta-feira, abril 03, 2024

PM AMAZONAS: AOS 187 ANOS

Amanhã, 04, a PMAM (Polícia Militar do Amazonas) completa 187 anos de vivência. Diante desta existência, é óbvio que foi contemplada com etapas brilhantes e outras nenhum tanto, como sua desativação (1930-36) à época do regime de Getúlio Vargas. No mesmo diapasão, a mudança de nomenclatura em decorrência da centenária Rebelião de Ribeiro Junior (1924). Todavia, “em Canudos, com sangue batizado” celebra com ênfase a participação naquele conflito fratricida, ocorrido na Bahia (1897).

Cartão Postal cerca de 1910

É regra castrense a elaboração da Ordem do Dia sobre a efeméride, desse modo, são tantas disponibilizadas quantos os aniversários. Escolhi, todavia, o texto do saudoso prof. Mário Ypiranga Monteiro sobre a Polícia Militar do Estado, circulado em A Crítica, de 6 de abril de 1983. Assim sendo, homenageando a corporação por sua data magna. Nele introduzi entre parênteses algum dado para melhor compreensão do leitor. 

Recorte do artigo referenciado

Quando se comemorava o aniversário de criação da Polícia Militar do Estado do Amazonas, calculando-se apenas o evento do ato que criou o Regimento Militar, por Eduardo Gonçalves Ribeiro, sugeri ao então coronel comandante Luci (Vicente Coutinho 1973-75) que a vida daquela corporação era mais dilatada e ofereci os subsídios mais ou menos suficientes para que se houvesse uma noção do testemunho da força pública da Província e do Estado nos eventos nacionais. Então eu já estava com uma considerável cópia de fichas e de anotações e a história redatada em parte, só esperando uma oportunidade para publicação. A oportunidade chegou quando o coronel Pedro Lustosa (chefe da Casa Militar) mostrou-se interessado e concluí a primeira redação. O livrinho foi publicado sob o título geral de SÍNTESE HISTÓRICA DA POLICIA MILITAR DO ESTADO (Imprensa Oficial, 1972) com apresentação de Genesino Braga, no governo João Walter (1971-75). Foi sobre esse documentário que as Relações Públicas (PM5) da mesma corporação fez publicar nos jornais de Manaus uma súmula, deixando de aparecer meu nome por mero esquecimento.

Entre os fatos mais consagratórios da posição dessa milícia de que me honro de ser filiado por condecorações e por amizade continuada, figuram a sua reação heroica às turbulências provocadas no dia oito de outubro de 1910 e a que me referi recentemente numa série de artigos. Foi a essa reação desigual que me referi também no meu ELOGIO HISTÓRICO DA POLICIA MILITAR DO ESTADO, palestra realizada a 4 de abril de 1973, no Teatro Amazonas, elogio que de certa forma dependeu mais da atitude sentimental do historiador sem que a história sofresse com os rasgos de elevação retórica: não houve felizmente nenhuma influência. Andava eu no primeiro ano de idade quando a família foi obrigada, com milhares de outras, a procurar refúgio nas matas distantes do bairro de São Raimundo Nonato, porque o excelente senhor presidente Nilo Peçanha se dera ao luxo ignominioso de mandar bombardear uma cidade pacífica. O que ponho de relevo é que foi nos ombros do miliciano Reis, músico, que me transportei, enquanto, horas depois e por todo o dia aziago, a metralha assassina destruía propriedades e ensanguentava lares inocentes, tudo isso sob a calma assistência do doutor (Antonio Gonçalves Pereira de) Sá Peixoto (vice governador).

É daquele discurso no Teatro Amazonas o trecho abaixo, transcrito das notícias publicadas nos jornais quando da passagem dos 139 anos de existência da corporação: Verdadeiros heróis do silêncio, às vezes morriam abraçados ao silêncio, agônicos, febrentos, os olhos felizes bebendo a alegria triunfante que cantava alto nas dobras do pavilhão nacional. Heróis mudos da Pátria! trouxestes à nossa Polícia Militar as glórias que não foram decantadas, mas eu imprimo na comovente comemoração desta história singular a saudade do vosso destemor caboclo, da vossa bravura moral. (...)

De qualquer sorte, foi a nossa Policia Militar, em todos os tempos, uma corporação que esteve presente em todos os conflitos em que o Amazonas foi chamado a intervir: guerra contra o Paraguai, guerra de Canudos, guerra contra o Acre, guerra contra o Pará, revolução de 1924 e a última de 1930. Possui, portanto, um acervo de glórias e a sua bandeira não foi ainda gratificada com outras condecorações merecidas.

Nota: o mestre Monteiro cometeu alguns enganos, cujos reparos efetuei na edição da Síntese Histórica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário