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sábado, março 17, 2018

SOBRE SACERDOTES



Conheci os três últimos reitores do Seminário São José, enquanto funcionou na rua Emílio Moreira, e eu fora estudante daquele estabelecimento (1956-64): monsenhor João Alves da Costa, cônego Pedro Mottais e padre Jorge de Andrade Normando.
Monsenhor era pernambucano e dirigia a rica paróquia dos Remédios; o segundo, natural da França, desembarcou em Manaus, após passar em Tefé, e também foi vigário dos Remédios; o padre nasceu em Manaus, de família tradicional, após a ordenação, a qual estive acolitando a cerimônia, auxiliou a então paróquia de Itacoatiara.
Dos citados, padre Normando permaneceu mais tempo na direção do Seminário, creio que até o fechamento desta Casa, em 1967. Transferiu-se então para a capital paraense, de onde passou à Casa do Pai. É sobre este sacerdote que translado o texto de A Crítica (23 março 1963), marcando sua data natalícia.
 
Publicação de A Crítica, 23 março 1963
 A data de hoje é de grande expressão para o mundo local e religioso, no Amazonas. É que tem hoje sua data natalícia essa boníssima figura do clero amazonense, o virtuoso e digno padre Jorge Normando, Reitor efetivo do Seminário Arquidiocesano São José.Moço ainda, já desfruta de tão alto conceito pelas suas elevadas virtudes, esclarecida inteligência e preclaras virtudes, que vem sendo mantido no alto cargo, em nossa arquidiocese, de Magnífico Reitor do Seminário São José.
É admirável vê-lo ali, entre seus discípulos amados, entre a turba dos seminaristas, com seu ar patriarcal, sua cabeça um tanto grisalha, seus passos lentos e largos, sua magreza de asceta, meio triste e meio pálido, falando calmo, a batina pobre, humilde, modesto prestando o maior serviço à Igreja de Deus, na condução daqueles setenta rapazes para a função sagrada e divina do sacerdócio de Cristo.
Cercado de uma equipe de padres virtuosos, entre eles o padre Juarez, vice-reitor, — o padre Jorge Normando é, com alma e coração, a cúpula daquela cidadela mística, onde a oração, os estudos profundos, a meditação diária, o recolhimento, a vida religiosa, real e sincera, transforma homens, criaturas em seres extraordinários para o serviço de Deus, da Igreja e da Pátria Cristã, profunda e realmente brasileira.
Padre Normando nasceu para apóstolo das vocações sacerdotais. Para isso cercou-se de ótima equipe, tudo sob a orientação supervisora do Sr. Arcebispo [Dom João Souza Lima]. Entra em contato com sacerdotes, procura vigários, ausculta o povo, reúne pais, apela para as almas de Deus, tem profunda exaltação pelo sacramento da Ordem. Sabe que necessitamos de sacerdotes.
Conhece que também o problema do Brasil é um problema relacionado com padres bons e virtuosos. O homem sem sacerdote termina adorando os irracionais, disse o Cura D’Ars.
É por isso que a figura admirável do Padre Jorge Normando cresce, nesta época em que vivemos. O egrégio aniversariante quer esteja na missa, nos retiros mensais, nas meditações de seu breviário, no seu trabalho intelectual, na pregação diária, no confessionário, entre os seus irmãos de sacerdócio, — é sempre o mesmo boníssimo homem, santo, virtuoso, culto, discreto, modesto, simples, um exemplo, finalmente, exemplo edificante para a comunidade em que vivemos.Homens assim são reservas morais extraordinárias, homens de Deus ao serviço da coletividade brasileira, no cumprimento exato dos seus deveres, na luta contra o mal como pastor de almas, educador notável, apóstolo pela grandeza moral, como filho, como amigo, como irmão, em casa, no lar, no seminário, na sociedade.

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