Sargento Sandoval em ação |
Em dezembro de 1969, nomeei ao sargento Sandoval
Paulo da Silva como escrivão do IPM, sob minha presidência, que apurava a morte
de um garimpeiro no cafundó do judas. Crime consumado por um policial no garimpo
de cassiterita explorado no igarapé Preto, fronteira de Porto Velho com
Manicoré ou coisa parecida.
A partir dessa aventura, estreitamos a amizade,
posto que este subordinado era um homem sempre alegre e disposto a qualquer atividade.
Dois anos adiante, ele me levou à residência dos irmãos
Moss, situada no bairro da Cachoeirinha. Foi uma noite farta, seja de comes e
bebes, seja de conversa fiada. Vi a intimidade do Sandoval com os Moss e a
reciproca dos citados madeireiros no Amazonas. Não entendi, confesso.
Hoje, catando histórias em jornal da época,
descobri a parceria entre meu amigo Sandoval (em nossos dias tenente da reserva)
e os Moss. O texto abaixo extraído do Jornal
do Commercio, edição de 1º novembro 1971, explica devidamente esse entrosamento.
Recorte do Jornal do Commercio, 1º nov. 1971 |
Quando chegou a Novo Airão, no ano passado, o único esporte que se praticava, sem vibração e calor, era o futebol, aliás um tanto desorganizado devido à falta de recursos para as chuteiras e camisas. Com a ajuda de seu auxiliar, um soldado da Delegacia local, e de alguns moradores do pequenino povoado, iniciou a construção, com os próprios punhos de uma quadra para vôlei e futebol de salão. Foram mais de 15 carradas de terra carregadas à muque para nivelar a área. Está praticamente pronta. Mas falta o principal: 200 sacos de cimento e alguns quilos de ferro. Seu trabalho, silencioso, porém com muita determinação e entusiasmo, sensibilizou os dirigentes do Condomínio Florestal da Amazônia, que reflorestam, naquele município, com pinheiros hondurenhos, uma área de mais de 400 hectares.O resultado foi a chegada de camisas, chuteiras, tênis, bolas, apito, e ainda a promessa dos irmãos Moss (Tito, Valdemar e Ulisses) e do candidato à Prefeitura, Rubelmar Azevedo (o Tuchaua), do cimento que falta.
O incentivador de tudo isso é o sargento da Polícia Militar do Amazonas, Sandoval Paulo Garcia [invés Garcia, o correto é da Silva], titular da Delegacia de Polícia de Novo Airão. Simples, delicado e enérgico, quando necessário, Sandoval, militar por formação e vocação (abraçou a carreira aos 18 anos e tem 31), está promovendo ali, com resultados, o desenvolvimento do esporte.
No dia 9 de janeiro, por exemplo, realizou a primeira corrida de pedestres, conseguindo reunir 24 atletas; recentemente organizou e dirigiu a segunda corrida, ganha por um rapaz da localidade, Vivaldo Bonifácio de Almeida (3.000 metros em 16 minutos). E quer agora promover o primeiro circuito ciclístico de Novo Airão.
Sem se descuidar de suas obrigações profissionais, que as cumpre com seriedade, respeito e honradez, Sandoval Garcia ainda encontra tempo para, afora o esporte, colaborar com os munícipes nos problemas que digam respeito ao seu bem estar. "É um povo bom, humilde e que merece toda a consideração", comenta após se referir à situação que encontrou com a de agora, "de ordeira e dedicação ao trabalho".
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