Parte do jornal citado |
A postagem foi sacada da edição dominical de A Crítica (14 abril 1970). Tratava-se de
uma reportagem especial sobre os tormentos daquela população, que se apropriava,
“invadia” mais um espaço de Manaus, conhecida por Cidade das Palhas.
Um pouco mais de condimento permitia vender mais
jornais. Assim foi feito, basta se ler a chamada
da matéria. Era miséria sobre miséria.
Em nossos dias, as palhas deram lugar ao bairro da Compensa.
CIDADE DAS PALHAS
A última luz de lamparina se apaga. O tamborilar dos surdos silenciam encerrando mais um ensaio da “Tribo dos Maués”, à entrada da cidade. Os ladrões se reúnem nas esquinas negras e esquematizam assaltos. Tudo está escuro, é a Cidade das Palhas que dorme. Com esta, milhares de crianças inocentes, entregues à própria sorte. Dona Raimunda Sales, uma anciã que conseguiu viver 72 anos de miséria, reza e pede a Deus para que o dia clareie logo. Já é quase madrugada e começam a chegar as primeiras carroças trazendo o peixe para as feirinhas! É só jaraqui. O São Jorge Esporte Clube acabou a boate à luz de Aladim e as meretrizes se recolhem às estâncias. Começa um novo dia, o povo sai em fileiras para as paradas de ônibus e pontos de venda do pescado. É um disse-me-disse, gargalhadas de ébrios que passaram a noite em claro e o mirrado trocado do pobre entrando nos bolsos gordos dos tubarões. É assim a Cidade das Palhas, no bairro da Compensa, cheia de problemas e, como sempre, uma história para contar.
Texto: IRANDY FERREIRA Fotos: PINDUCA
Página com a reportagem |
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