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Municipal Brasileiro, ref. ao Estado do Amazonas, ao tempo do governador
Danilo Areosa (1967-1971). O compêndio foi impresso no Rio de Janeiro: empresa O Cruzeiro, 1970, 335 p.
Não
há indicação do autor, apenas agradecimentos “ao Dr. Sinval de Andrade Gonçalves,
secretário de Imprensa e Divulgação do Palácio Rio Negro, a colaboração prestada”.
O
Projeto Rondon, conheci-o como expectador, em nossos dias contudo desconheço
sua existência. Penso que o projeto cumpriu seu papel quando do Governo
Militar. O texto delineia ligeira dose de seu intento junto aos universitários
brasileiros.
PROJETO RONDON
O Projeto Rondon é um
movimento surgido no meio universitário brasileiro, tendo por lema
"Integrar para não Entregar". Tendo como patrono Cândido Mariano da
Silva Rondon, já está institucionalizado através do Decreto n° 62.927, de junho
de 1968, sob a forma de um Grupo de Trabalho, integrado por todos os
Ministérios e debaixo da responsabilidade direta do Ministério do Interior.
É um movimento
diferente de seus congêneres, não sendo inspirado ou copiado de outros,
constituindo-se em uma atividade bastante complexa, dinâmica e com grande
riqueza de potencialidade. Essas características justificam o processo com que
vem sendo estruturado, de maneira progressiva e experimental, de acordo com as
características peculiares ao nosso país, com a realidade e a magnitude de seus
graves e complexos problemas socioeconômicos, e, particularmente, respondendo
aos anseios, à maneira de ser, pensar e agir de nossa própria juventude.
Nada nele é imposto.
Tudo é reflexo e resposta aos impulsos emitidos. Daí a grande dificuldade dessa
estruturação: não deformá-lo, burocratizando-o ou fazendo-o afastar-se da
espontaneidade com que foi criado e de sua identidade com o pensamento dos
jovens.
É um programa de
educação, ou melhor, de complementação prática da formação universitária. Seu
objetivo é a integração do jovem e da própria Instituição Universitária à
realidade brasileira, de forma a que participem mais diretamente da
problemática do Desenvolvimento da
Integração Nacional e da Valorização do Homem. Sua forma de atuação é a do
aprendizado indireto, através da prestação de serviços. Seu princípio básico, o
do voluntariado.
O PROJETO RONDON não
visa resultados imediatos e nem se propõe a resolver problemas de qualquer
natureza; quando muito, presta apenas sua colaboração. O que pretende realmente
é a formação de uma mentalidade nacional, através da motivação e do
aperfeiçoamento prático e objetivo daqueles que serão, logicamente, os líderes
de amanhã e de onde sairão, em todos os campos de atividade, os responsáveis
pela condução de nossos destinos.
Procura-se, através
desses estágios, fortalecer nos jovens a consciência da responsabilidade social
que adquiriram ao se incluírem dentre os que tiveram o privilégio do ensino
superior.
Numa época em que os
jovens de quase todo o mundo se revoltam contra os sistemas universitários, por
julgá-los estáticos e por isso mesmo obsoletos, não os conduzindo para as reais
necessidades dos mercados de trabalho e formando-os mais acadêmicos do que
ajustados às futuras atividades profissionais, o PROJETO RONDON lhes dá ampla
oportunidade de verificar a viabilidade de aplicação do que aprenderem nas
escolas, aperfeiçoar e adaptar métodos de trabalho e conhecer novos mercados,
carentes de mão-de-obra especializada.
Além de sua
programação normal, empenha-se o PROJETO RONDON atualmente em dois pontos
básicos: a criação de "campus" avançado e aproveitamento no interior
dos profissionais recém-formados. O "campus" avançado, inovação que
está revolucionando o conceito de universidade, consiste na extrapolação do
"campus" natural das escolas.
Cada universidade
terá, nas áreas menos desenvolvidas do País, um "campus"
experimental. Nele, equipes de alunos e professores, mensalmente renovadas,
trabalharão, sob a forma de estágio curricular, dentro de um programa ajustado
com as autoridades locais, de maneira contínua. Com isto, além dos grandes
benefícios que terão os jovens, permitir-se-á que regiões carentes de técnicos
disponham de uma gama variada de especialidades.
Como característica de
países em via de desenvolvimento, a grande concentração urbana acarreta ao País
um processo heterogêneo de desenvolvimento. Assim, ao lado de áreas de
acelerado progresso, outras existem que, sem a infra-estrutura e técnica
necessárias, permanecem estáticas.
Em complementação a
este paradoxo, os grandes centros começaram a ficar saturados de mão-de-obra
técnica. Seus mercados de trabalho, já suficientemente explorados, fecham-se ao
profissional recém-formado.
Visando à correção
deste contraste, o PROJETO RONDON procura canalizar e dirigir novos técnicos
para áreas cujos mercados começaram apenas a surgir. Em torno do lema:
"Integrar para não Entregar'', o PROJETO RONDON vem aproximando
brasileiros de todos os recantos, acima das paixões políticas e das estéreis e
demagógicas discussões de fundo ideológico.
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