O
AMAZONAS É ASSIM
Resumo histórico:
Posição geográfica: 2°
8' 30" lat. N; 9° 49' 00" extremo S.;
56° 04' 50"
extremo E.; 73° 48' 06" extremo O. long. W. Gr.
O Estado do Amazonas é
o mais extenso de todos os Estados brasileiros. Com os seus 1.564.445 km2,
o Amazonas apresenta os mais variados aspectos, que vão das várzeas a um relevo
importante; de igarapés a rios dignos de nota; da vegetação rasteira à grande
floresta.
Confina com seis
países estrangeiros. Ao Sul limitam-no o Estado de Mato Grosso, a República da
Bolívia e o Estado do Acre; a Oeste, o Peru, Equador e Colômbia; ao Norte, a
Venezuela; a Leste, a Guiana e o Estado do Pará.
O Amazonas divide com
o Pará o poderoso Rio Amazonas; mas tem uma parte muito maior desse rio que o
Pará e é a unidade político-geográfica que dispõe da mais extensa superfície
fluvial do mundo.
O Amazonas é
geralmente baixo e quase inteiramente produto do período terciário. O seu contorno
irregular muito se aproxima do quadrado, estendendo-se por mais de 15 graus de
longitude e mais de 15 graus de latitude. O equador passa pela sua parte Norte,
correndo o leito principal do Rio Amazonas numa latitude quase uniforme de 3
graus Sul; a maior parte do Estado acha-se, pois, no Sul da zona tórrida.
A vida no Amazonas não
é mais perigosa do que em outras regiões, como na África Ocidental, por
exemplo. É uma terra em que a colheita é perpétua, em que a natureza não dorme
nem descansa. É uma terra de poderosos rios, que são as suas estradas, entre
florestas que, se não fossem habitadas, se poderiam considerar virgens.
De Parintins, situada
a 676 milhas a oeste da cidade (sic) do Pará, até Tabatinga, onde o
grande rio, vindo do Peru, penetra em território brasileiro, há 1.074 milhas de
distância. Nesse enorme trajeto, três imensos rios entram no Amazonas,
procedendo do Norte — o Içá, o Japurá e o Negro; e cinco, do Sul — o Javari,
que é a linha divisória com o Peru, o Jataí, o Juruá, o Purus e o Madeira.
Todos estes grandes rios
têm ainda inúmeros afluentes; e há outros rios menores procedentes do Norte ou
do Sul que às dezenas desembocam na grande artéria amazônica e que são do
volume do Tâmisa, do Sena ou do Tejo. A par do explorador, do seringueiro e do
negociante de madeiras, o geógrafo, muito especialmente, tem aqui vastíssimo
campo de trabalho.
O maior dos grandes
rios que desaguam no Amazonas, dentro dos limites do Estado, é o mais oriental,
o Madeira, que, vindo das altas montanhas da Bolívia, tem um curso de 3.107
milhas.
Em todo o vasto
Estado, as margens do rio, revestidas de grandes florestas constituem o
horizonte do viajante, e em nenhuma dessas florestas se poderia penetrar sem o
auxílio do guia, do terçado [facão] ou
do machado. As florestas do Amazonas têm sido chamadas "o desespero dos
botânicos". Depois de apresentar uma lista bem minuciosa de orquídeas e
palmeiras, conhecidos monarcas das plantas e árvores da Amazônia, diz o
geógrafo francês Eliseu Reclus: "Quanto às outras produções da floresta,
preciosas madeiras, borracha, variadas gomas, resinas e substâncias canforadas,
o botânico as classificou em milhares de espécies e a indústria está sempre
aprendendo a conhecer os seus valores s e aplicá-las".
Em relação à fauna,
podemos citar o mesmo autor: "Reina um silêncio tumular em muitos pontos
da floresta, de onde se poderia inferir que a fauna é mal representada;
entretanto, se não são muito numerosos os representantes de cada família, as
espécies oferecem uma variedade singular". Durante os seus onze anos de
exploração no Amazonas, o naturalista Bates (a quem tanto deveu o ilustre
Darwin) colecionou 14.712 espécies de animais, 8.000 dos quais eram
completamente desconhecidos da ciência.
Francisco Orellana, o
espanhol – quem primeiro desceu o Amazonas com 50 companheiros –, fez
referência no seu relatório a grande número de vilas nas margens desse rio.
Três séculos depois, 150 tribos distintas que povoavam essas vilas
desapareceram. A invasão dos brancos sem dúvida concorreu muito para diminuir a
população indígena e é muito raro encontrarem-se índios de pura raça nas
margens dos rios. Existem ainda, na selva, tribos belicosas que evitam a
presença dos civilizados, atacando-os quando penetram em seus territórios.
No setor de
colonização do Amazonas ou dos altos rios, os mestiços e especialmente os
cearenses, estes de cruzamento português, indígena e africano, são em maior número.
A história do suprimento de trabalhadores ao Amazonas é uma curiosa página da
história da pátria. Assim, tem sido comprovado que uma proporção apreciável de
seringueiros procede não do estrangeiro, mas sim do Ceará, vindos em menor
escala os demais Estados do Nordeste.
E são os Estados
nordestinos que têm ajudado a povoar a imensa Amazônia. Muitos a procuram ávidos
pela riqueza que os seringais possam lhes proporcionar; outros, fugindo da
impiedosa seca que os reduz a verdadeiros trapos humanos. A grande maioria não
enriquece. Poucos se tornam os "coronéis" dos velhos tempos. Mas, em
compensação, a família se reproduz abundantemente. (segue)
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