Sebastião Norões |
Bem
próximo de completar 60 anos de seu lançamento, o livro de poesias do falecido
Sebastião Norões – Poesia Frequentemente
– tem a primazia de ter sido o primeiro livro editado por um membro do Clube da
Madrugada.
Para
marcar tão faustoso acontecimento na cidade de Manaus, o jornalista e poeta
Jorge Tufic, saudando o colega, publicou em A
Crítica (25 abril 1956) o artigo aqui postado.
POESIA
FREQUENTEMENTE
Jorge Tufic
Acontecimento invulgar na história literária do Amazonas,
podemos dizer, foi a estreia, em livro, no dia 23 deste, do poeta Sebastião Norões.
E dizemos isso porque o próprio poeta, em pessoa, esteve presente na ocasião em
que Poesia Frequentemente estava sendo
exposta à venda na Livraria Escolar, e ele mesmo, Norões, encarregara-se de
brindar aos amigos e inúmeros admiradores com exemplares autografados.
Com isso, pois, com essa atitude, corajosa e espontânea, assume o
poeta uma posição definida em face das letras amazonenses. Vem ele acompanhada de
uma vasta experiência no dia-a-dia da Vida, nesse contato intelectual e emotivo
com as coisas que o circundam, viagens, leituras, relações humanas etc.
A poesia de Sebastiao Norões não se apresenta revestida de nenhum
aparato ou roupagens tecnicistas a que se deixam, comumente, subordinar o
pedantismo poético dos “noviços” e deliberado exibicionismo dos que somente
através do floreio verbal são capazes de produzir alguma coisa.
Não. Ela nasce despreocupada e feliz, lembrando nesse
particular, a poesia de um Manuel Bandeira (leiam-se Santuário e Mar Despovoado)
ou a de um Ledo Ivo dos últimos poemas.
Poesia emoção. Poesia sentimento... Essa poesia cujos filamentos
de sonho, amor, ternura é uma profunda filosofia que nos mantém constantemente em
ligação com o “fundo das coisas”; essa poesia, país de origem de todo
verdadeiro bardo, na qual nos integramos num pleno e total relaxamento das
cordas emotivas de nosso ser...
Não sendo este, porém, lugar apropriado, em que possamos entrar
na substância do livro, com um certo e natural espírito de crítica o que
faremos na próxima edição de MADRUGADA,
o que nos resta fazer, portanto, é parabenizar o companheiro Norões pelo
trabalho, paidéguamente heroico, o qual de publicar um livro em Manaus, e que
vem de se coroar, agora, de êxito completo.
Que sirva isto de lição para nós outros. Que sirva isso de lição
para aqueles que não vêm em nosso restrito meio intelectual, possibilidade, de
qualquer natureza, que recompensem esforço e dinheiro empregados. Porque temos
esperanças que em breves dias o Amazonas terá, também, venha isso do céu ou da
boa vontade dos homens de espírito, a sua Casa Editora. É quando, então, poderemos
pensar em recompensas literárias...
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