Ildefonso
Pinheiro, saudoso nordestino que venceu no Amazonas, revelou-se como abastado comerciante,
mas igualmente como cronista em seu tempo.
Contemporâneo
de Ramayana de Chevalier (foto), traçou na edição do Jornal do Commercio (3 setembro. 1972) uma apreciação sobre aquele
médico. Muito mais que médico, Chevalier foi um intelectual competente, que prevaleceu
ao tempo do governo de Getúlio Vargas, a quem defendeu com veemência nas redações
de jornais da Capital da República.
Recordando
o Passado
Ildefonso Pinheiro
Antes de falar em Ramayana de Chevalier, é preciso recordar o antigo Instituto Chevalier onde o seu pai, professor José Chevalier fincou o marco conclamador do dito instituto, cujo nome tornou-se flâmula desta terra. Lembro-me perfeitamente que o instituto foi instalado pela primeira vez na Rua dos Andradas, num amplo sobrado que ainda hoje pode ser visto em seu estilo colonial, de beleza atraente.
Recorte do mencionado periódico
O Instituto Chevalier ali foi instalado em 1911 ou 1912, tendo permanecido por muito tempo. Depois mudou-se para a rua Dr. Moreira, esquina com a Quintino Bocaiuva, onde atualmente se encontra a Hospedaria Garrido. Aí funcionavam diversos cursos tendo como professores — José Chevalier e Paulo Eleuterio que, entusiasmados pelo Escotismo, passaram a lecionar esta disciplina que Olavo Bilac com suas belas canções impulsionara o povo brasileiro de Norte ao Sul. Assim, ao amanhecer de cada dia estavam os dois mestres dedicados a convocar os meninos daquela época para tão sublime conquista espiritual.
Entre os novos escoteiros encontrava-se Ramayana de Chevalier, moço sagaz, em cujos olhos existia a esperança para o Brasil de mais um filho culto e radiante. Ele foi um soldado impulsionado pelo sentimento poético de Olavo Bilac com suas canções patrióticas, pois tocavam os corações pela chama sagrada do ideal, do amor pela liberdade e pelo progresso do Brasil.
No desenvolver dos tempos, Ramayana de Chevalier fora tido como um espirito fadado às ciências e às letras. Ao seu lado encontravam-se Leopoldo Peres, André Araújo, Carlos de Araújo Lima, Olavo das Neves e muitos outros que conduziam a bandeira da ordem e do progresso, nos seus corações. Nesse desenvolver de dias, noites e meses, anos se passaram e chegamos ao ano de 1941 quando encontrei Ramayana de Chevalier viajando no navio Santos, do Loide Brasileiro, de Manaus à cidade Maravilhosa.
Nessa comprida viagem de 22 dias o navio fora transformado numa Academia de Letras, onde os astros fulguravam com seus espíritos de jornalista, poeta, sociólogo, que eu ainda hoje conservo em minha retina, fazendo reviver aqueles dias felizes, nos quais Ramayana de Chevalier, André Araújo, Genesino Braga e Aguinaldo Archer Pinto transformaram aquela cidade flutuante num ambiente de artes e de cultura.
Em 1950 o vi e senti ao lado de Adalberto Vale com o seu verbo brilhante e sedutor quando saudava a gleba verde com o seu discurso pela passagem da entrega do “Hotel Amazonas” à cidade de Manaus.
Suas frases refeitas de imagens estelares tinham o encanto das flores às margens dos rios, a murmurar por todo este Amazonas que surpreende e catequiza tudo o que tiver a felicidade de o contemplar em sua apoteose maravilhosa.
A inauguração do “Hotel Amazonas” marca o divisor de suas épocas. Esta formidável iniciativa da Prudência Capitalização, através do gênio empreendedor de Adalberto Ferreira Valle, que Assis Chateaubriand classificou no seu brilhante artigo Dos Grisões à Amazônia com o único rival do anexo do Copacabana Palace, representa nas suas linhas arquitetônicas, na excelência do seu material prestante, no arremesso de suas colunatas, no emaranhado modernismo dos seus detalhes técnicos, um monumento ao amazonense singular, cujo espirito, envolto nas tarlatanas da graça e do poder positivo, jamais se esqueceu, como o fez Ruy, do ninho onde nascera...
Sobre Ramayana de Chevalier o ministro Jorge Mendes, na sessão do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas pedirá um minuto de silêncio para prestarem uma homenagem póstuma ao grande amazonense, dizendo: "Ramayana de Chevalier, como homem teve os erros, mas, nas letras, vejo-o iluminado ao lado de Álvaro Maia como os dois maiores amazonenses".
muito me honra, ver o nome do nosso querido e iĺustre parente.infelizmente untánto esquecído.
ResponderExcluirfeliz por ver q.alguem pesquisar sobre as mentes priviĺeģíadas do nossó passado.
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