Seu Manoel e dona Francisca (acima) com Dona Dora e o filho Carlos (abaixo) |
Aconteceu
hoje, na metade do dia, o falecimento do senhor José Manoel Mendoza, meu pai e de mais sete homens e uns tantos
netos e poucos bisnetos. Aconteceu em São Paulo, onde residia há poucos anos,
pois sua paixão mesmo era a capital amazonense. O fato é que na sexta-feira
sentiu-se enfermo e foi levado ao hospital, onde após ser diagnosticado foi
encaminhado para uma cirurgia. A elevada
idade não permitiria melhor resultado, assim resistiu até hoje. Morreu aos 98
anos.
Seu
Manoel nasceu em Iquitos-Peru, na fronteira com o Brasil. Um dia no distante
ano de 1927, sua mãe Victoria, em companhia de outros homens, tomou dois filhos
(Manoel e Francisco) e desceu o rio Solimões em direção a Manaus. Sem
instrução, enfrentaram as dificuldades próprias de imigrantes. Lutaram e
venceram.
Durante
a II Guerra, meu pai trabalhou na empresa de J. G. Araújo e, com mais afinco na
Padaria (isso mesmo!) Bijou, situada na avenida Sete de Setembro, nas
proximidades da praça da Polícia. A estrutura desse prédio continua intacta, tanto
que no térreo funciona uma loja TV Lar. Ao tempo da guerra, um desabastecimento
da cidade acarretou a venda de gêneros alimentícios sob a fiscalização e o
controle da Polícia.
Mais
adiante, o jovem peruano tomou a noiva, minha mãe Francisca, e zarpou pra
Iquitos, onde casou e montou uma firma de “secos e molhados”. Ele era um bom
vendedor, articulado, mas com uns princípios econômicos que não estavam na
cartilha do bom comerciante.
Um
dia de 1946, voltou para Manaus e se instalou na rua Inácio Guimarães canto com
o beco São José, em Educandos, onde fundou
uma mercearia, que ainda funciona ainda que precariamente. Nascidos os
primeiros filhos (Roberto, Antônio e Renato), a mãe destes morreu vitimada por
uma tuberculose. A luta recrudesceu... Mas, o casamento com Dona Dora trouxe
uma nova mãe para os primeiros e os próximos filhos (Zemanoel, Jorge, Ricardo,
Luis e Carlos). Como se vê, não havia mudança, todos homens.
Ele
já tinha experimentado o Rio de Janeiro na oportunidade da primeira Copa do Mundo no
Brasil. Todavia, voltou para Manaus. Em nova investida, depois de todos esses filhos rumou,
amparado pelos mais velhos, para São Paulo. E ficou num vai e vem,
porque ele gostava mesmo era de Manaus. Seu mundo, sua vida. A segunda esposa
morreu há 20 anos, quando se torcia que ela mais jovem o amparasse até o final.
Num deu.
Na festa dos 90 anos, com o filho Renato
Em Barra Mansa, posa com os filhos (cima)
e com os netos (baixo)
Aos
90 anos, nos reunimos em Barra Mansa-RJ para comorar a data tão auspiciosa. A
saúde dele seguia sem susto. Aproximava-se o centenário, e os filhos já
programavam a festa. Hoje, porém, houve um tropeço. A festa vai se realizar
para assinalar a passagem pela vida deste peruano de coração e alma
verde-amarelos.
Em São José dos Campos-SP, com filhos e
netos - 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário