Nunca se saberá de quem tenha partido a ideia ou quem tenha arrebanhado a diminuta turma de oficiais, para fundar um clube. Afinal, todos os fundadores já se “foram”.
Paciência, ainda vive um velho camarada que, a despeito de maltratado pela saúde e pela idade (89a) poderá lembrar esse episódio. Falo do coronel Francisco Carneiro da Silva que, entre outras aventuras milicianas, ingressou na corporação em 1951. Quando da fundação do clube em 1953, ainda era sargento.
Tenente Carneiro (à esq.) e Coronel Assis Peixoto, 1958 |
A partir de 1958, admitido na esfera do oficialato, serviu como ajudante de ordens do coronel Assis Peixoto, no primeiro governo de Gilberto Mestrinho (1959-1963). Mas, injustamente banido da corporação pela revolução de 1964, Carneiro obteve na Justiça Comum o reconhecimento de seus méritos, retornando ao convício de seus companheiros. Estive junto com ele em Fortaleza (CE) para o CAO. Após o curso exerceu o cargo de Delegado de Polícia de Parintins, quando foi inaugurado o quartel que servia de sede à Polícia.
O ano de 1953 era, comumente, mais lembrado pela maior enchente já registrada no Estado. Há dois anos perdeu essa primazia. Foi nesse período que o plano de agregar os oficiais da Policia Militar em um clube zanzava pelo quartel da Praça da Policia. Um período de fundas aperturas do governo de Álvaro Maia (1951-54). A corporação arrostava insuficiência de recursos e o decantado atraso de pagamento.
Exercia o comando da PMAM o coronel (da reserva) Adalberto Cavalcanti (tio do coronel Cavalcanti Campos). Ao tempo da fundação do clube, Adalberto preparava a transmissão do cargo para outro coronel da reserva, Manoel Corrêa da Silva, que residia na ainda existente Vila Georgete, na rua Lauro Cavalcanti. O clube surgiu em 9 de abril, segundo seus Estatutos – ainda hoje o único aprovado – presidido pelo coronel Jonas Paes Barreto. Na primeira diretoria, destacava-se o Dr. Hosannah da Silva (patrono do Instituto Médico Legal), o então capitão José Silva e o major Djalma Passos (deputado estadual e federal).
Publicação com reivindicações do Clube. Jornal do Commercio, 14 jan. 1955 |
Também ocorreu neste local, já em 1958, conforme me relatou o coronel Carneiro, que “a turma se reuniu para exigir do governador Plínio Coelho (1955-59) respeito com o major Julio Cordeiro”. A ocorrência foi a seguinte: este oficial se desentendera com o comandante geral, coronel Cleto Veras (oficial do Exército).
Major Júlio Cordeiro |
Em represália, esta autoridade aplicou-lhe punição e exigia que o oficial da PM fosse cumpri-la no quartel do 27º BC (atual Colégio Militar de Manaus). O governador Plínio Coelho acatou a reivindicação do Clube, pela sua fundamentação. Assim, o major Julio Cordeiro cumpriu a cadeia no próprio aquartelamento.
Na década de 1960, o clube ainda permanecia sem sede social. Algumas reuniões aconteceram na sede da Associação dos Servidores Públicos do Amazonas (Aspa), por deferência de seu presidente Aureomar Braz. As duas associações possuíam um ideário muito próximo, por isso, vários oficiais integravam ambas as corporações. A sede da Aspa situava-se no cruzamento das ruas Joaquim Sarmento com Henrique Martins, creio. Esta associação permanece operando, agora em outro endereço.
Oficiais da PM AM saudam o governador Mestrinho, a frente coronel Dr. Hosannah. A Crítica, 25 fev. 1960 |
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