Para
celebrar o Jubileu de Ouro de atuação no Rio Negro (AM), em 1965, os
Salesianos, sob a liderança de dom Pedro Massa editaram um livro que registra as
trajetórias percorridas e os personagens – tanto eclesiásticos quanto leigos – que
contribuíram para a obra. Deste livro – De Tupan a Cristo (1965), tenho postado
páginas bastante informativas, repletas de pormenores sobre a história do Amazonas.
Alexander Rice
No livro, outra lembrança do prelado é sobre Alexander Hamilton Rice (explorador americano da bacia dos rios Negro e Branco) que, acompanhado da esposa Eleanor Rice, visitou São Gabriel da Cachoeira em duas oportunidades: no início de 1917 e em outubro de 1919. Na primeira, o casal cooperou com a missão dos salesianos na instalação de uma escola. Na segunda viagem, os Rice puderam aferir os resultados da iniciativa e o progresso proporcionado à cidade. Qual a situação desta escola?
HAMILTON RICE (1875-1956)
Este ilustre engenheiro e explorador americano, muitas vezes milionário, casado com a viúva do rei do aço, falecido no desastre do Titanic, perlustrou durante anos o Rio Negro e o Rio Branco; do alto do seu pequeno “aéreo” explorou sobre todas as formas aquela região desconhecida; os trabalhos fotométricos, geográficos, trigonométricos, as pesquisas do solo deram-lhe conhecimento exato de suas riquezas, de suas possibilidades, levadas naturalmente ao conhecimento americano.
Foi nosso amigo e, atendendo aos meus pedidos, ofereceu-nos abundante material escolar, centenas de camas, milhares de folhas de zinco, equipamentos farmacêuticos e hospitalares. Na Sociedade de Geografia de Londres elogiou em suas conferências “as atividades da missão evangélica salesiana no Amazonas”, afirmando que “tinha a mesma lançado bases seguras de um grande movimento civilizador”.
Em 1926, convidado por ele, fui a Nova
Iorque, onde quis me apresentar ao presidente da Rockfeller Fondation,
situada na 5ª Avenida, onde, na ausência do presidente, encontramos o Dr.
Vicent Smille, vice-presidente em exercício. Depois de ouvir a longa explanação
de Hamilton e as minhas poucas e tímidas expressões, num inglês fraquíssimo e titubeante,
assim se expressou:
“A Rockfeller
deu um milhão de dólares para a exploração do Rio Negro e do Rio Branco e está
pronta a ajudar a Missão Salesiana, se apresentar um plano dentro do nosso
programa, talvez mesmo um milhão”.
Espantei-me com o programa, a dependência,
a abundância do dinheiro e fiz-lhe entender que eu solicitava apenas um auxílio
limitado, dentro do programa da missão. A Rockfeller – respondeu-me – “não dá
esmolas, nem oferece recursos parcelados: tem como programa financiar planos de
obras também assistenciais, mas dentro de critérios que ela estuda, antes de
custeá-los; financia-os, depois de organizá-los, e os fiscaliza”.
Não era o nosso caso: regressei ao Brasil sem dinheiro, mas livre e desimpedido de compromissos, satisfeito com minha independência na ação missionária. “Um milhão de dólares”! era muita riqueza e quando a esmola é grande, o santo desconfia... E, depois, muito dinheiro não faz bem a ninguém, nem mesmo a missionários.
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