O dia de hoje me relembra, desafortunadamente, três tragédias.
Duas, de cunho nacional, e a terceira, pessoal em abundância. Estão encadeadas.
Neste 1º de outubro, no qual se completa um decênio, as dores a despeito de
atenuadas, ainda ferem. Morreu Roberto, um dos meus herdeiros.
A imprensa falou sobre a queda do voo 1907 da Gol, que voava de
Manaus para Brasília e acabou em densa floresta do Mato Grosso, atingido pelo
Legacy, pilotado por americanos. O fato ocorreu em 30 de setembro.
Agora a parte que me toca nesse “latifúndio”: a morte do filho
Roberto. A doença fatal muito exigiu dos parentes e amigos. Na véspera de sua
morte, atravessei a noite com ele no edifício anterior do Hospital 28 de Agosto. Total desespero para mim, tanto que não
conseguia contornar a situação pela falta de recursos. Sequer consegui reunir amigos
e parentes. Os mais próximos estavam distante, em Brasília. Graça, a mãe dele,
já havia morrido.
A noite de sábado era véspera das eleições gerais. Era a noite
seguinte ao desastre do avião da Gol. A televisão estava ligada no desastre
aéreo, daí ter eu, em pequenos intervalos, na lanche contíguo ao hospital, engrossado
essa audiência.
No domingo, 1º de outubro, pelas onze horas, faleceu o Roberto. O pesar que
nos afligiu foi suprido em boa parte pelos membros da Igreja Batista da União,
onde ele frequentava com constância. Acolheram ao irmão morto, realizando o velório
na própria igreja.
A foto que repetidamente utilizo para recordar este
acontecimento encontrei afixada na entrada da igreja. Quando a vi, vendo a
imagem do filho sorridente, tive um sobressalto. Parecia assistir a um fato milagroso. Mas este prodígio não fora
possível, daí as lágrimas que deixei rolar pela perda do filho.
Enfim, o terceiro acontecimento triste do dia: o resultado do
pleito. A vitória do presidente do Brasil, consolidada na sua reeleição adiante,
sucesso que legou-nos – dez anos depois – intensa desonra. Falo do último ex-presidente
do país.
Dez anos são passados, a minha dor pelo filho vem sendo
anestesiada. Mas, aqui e ali, sofro novo sobressalto, ou ao rever as lembranças
deixadas ou ao ser perguntado sobre o Roberto.
Até a eternidade, Roberto Souza Mendonça!
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