Porto de Manaus |
Pe. Constantino Tastevin
Os que encontravam o Pe. Tastevin nos corredores da Casa Mãe,
nos anos 1950, diziam que sempre o viam correndo, enquanto continuava lendo,
isto é, estudando alguma coisa. Um homem, que não perdeu tempo no serviço para
as almas mais abandonadas. Sem dúvida, a pesquisa do Pe. Tastevin entre 1910 e
1920 pode ser considerada o primeiro início humilde da pastoral de índios no
Juruá.
Quando Pe. Tastevin, nos anos 1920, fazia uma pesquisa das
tribos, línguas e costumes, encontrou no Juruá e seus afluentes as seguintes
tribos: os Marinawa, os Tushinawa, os Shahnindawa, os Yura, os Pacanawa, os
Contanawa, os Yaminawa, os Catkina, os Cashinawa, os Shipinawa, os Arawa, os
Yauavo, os Saninawa, os Sacuya, os Cuyanawa, os Nawa, os Canamari, os Anuari,
Kulina, os Yamamadi, os Cuniba, os Tawari, as Parawa, os Ben-Dyapa, os Catishi,
os Catukino.
Encontramos nesta região, também, numerosos nomes de lugares que
indicam, que no séculos 18 e 19 os índios moravam na região do Juruá “em
grandes massas" (Pe. Burmanje, A Evangelização
no Juruá; jornal de Itamarati, nº 41, janeiro de 1981).
A Paróquia
ou Missão de São Filipe, no Juruá (1910)
É uma outra paróquia, no meio-Juruá, situada onde o Juruá se encontra
com o importante Rio Tarauacá. A população de cerca de 1.500 habitantes, quer
padres para morar e lhes confiar uma escola, subvencionada pelo município. Pe.
Tastevin é o grande missionário do Juruá, e universalmente conhecido.
Dia 1°.01.1911 escreveu ao Superior Geral: "Eu estou
esperando desde 14.12.1910 um vapor para subir até Cruzeiro do Sul, no
território do Acre, no Alto-Juruá. Em S. Filipe nos ofereceram um terreno,
prometeram ajuda para construir uma casa e um hospital, pelo qual já há
dinheiro, e insistem de nos dar escola com uma subvenção de 300 réis por mês
(cerca de 400 francos).
Celebrei o Natal; cantaram as autoridades da cidade: o juiz de
paz, o superintendente, o secretário da intendência..., com ajuda da banda de
música. Fizeram uma quermesse para mim, o que rendeu mais de um conto [de réis].
Neste momento fazem um abaixo-assinado para pedir um prelado, um
cura e um vigário. Todo mundo assina. Todos com um pouco de influência são
maçons... e católicos. Contudo, há judeus, moslins, druzos, ortodoxos; mas
todos querem padres.
O novo superintendente, venerável da loja, tomou a iniciativa de
pedir um cura e vigário. O juiz de paz é materialista, ateu, maçom e católico,
cantando o Te Deum. O procurador da
República que aqui está, é materialista, ateu, maçom, mas católico, porém —
segundo me disse —não 'fetichista como os sacerdotes'.
A igreja tem tudo de que necessita, tudo ganho por
abaixo-assinado. Quase todos os dias tenho intenção para celebrar a Santa
Missa, por exemplo, encomendada por uma mulher, que coletou o dinheiro
necessário, andando com uma imagem de S. Sebastião.
Dia 12/01/1911
Maloca ndigena |
Pe. Tastevin escreveu de Cruzeiro do Sul [AC], para onde subiu
com Pe. Oliveira, sacerdote da diocese de Manaus, encarregado do serviço
religioso no Alto-Juruá: "Cheguei dia 09.01.1911. É uma pequena cidade,
começada em 1904, já com 1.200 a 1.500 almas, repartidas em 250 casas. Tem uma prefeitura,
um colégio, uma serraria a vapor, duas olarias, uma usina elétrica para a
iluminação da cidade, uma fábrica de gelo, umas cinquenta casas de comércio,
das quais várias nacionais e outras libanesas, uma grega e uma judaica.
Tem loja maçônica. No cemitério, fora da cidade, há uma pequena
capela. Tem um jornal semanal oficial, totalmente dedicado à maçonaria. A
situação da cidade é magnífica, semeada em várias colinas verdejantes. Há uma
agricultura extensa, campos de mandioca sem fim...".
Em maio de 1911 a população "católica" de S. Filipe
ganhou os padres Krauss e Lang. Mas, logo os dois foram atingidos por uma
epidemia, que dominava a região. Pe. Krauss desceu primeiro para buscar ajuda,
depois subiu para embarcar Pe. Lang, mas este recusando todo remédio, morreu de
febre aos 13.08.1911 e foi enterrado perto da boca do Andirá, nas margens do
Juruá.
Pe. Krauss chegou a Boca do Tefé, também atingido, e rijo demorou
a voltar para a Europa. Dia 02.10.1911 ele partiu e, em novembro de 1911 foi
ligado à província da França.
A Missão de S. Filipe está recomeçando. Conforme notícia de 06.02.1912
os padre Tastevin e [Joseph] Fritsch
acabaram de voltar para o Juruá, pretendendo subir até o afluente, o Tarauacá,
cuja parte superior, dentro do território do Acre, acaba de nos ser confiada
pelo bispo de Manaus.
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