DO SODALÍCIO E DO ÚLTIMO OCUPANTE DA CADEIRA
Para aqueles que nesta solenidade são neófitos, registro um pouco do caminho histórico
percorrido por este sodalício. Desejo salientar que foi com estímulo e
coragem que varões distintos e ilustres fundaram o Instituto
Geográfico e Histórico do Amazonas, a 25 de março
de 1917, quando na governança estadual
o Dr. Pedro de Alcântara Bacelar (1913-17), o
qual, num gesto digno de reconhecimento e gratidão por todas as gerações, concedeu
a Casa de Bernardo Ramos, consoante o Decreto nº 1.191, de 18 de abri1 de
1917, o usufruto do imóvel que ainda
agora serve de sede a este colegiado.
Sinto-me de alguma maneira abençoado
ao assumir a Poltrona cujo meu antecessor foi o segundo Arcebispo do Amazonas
- Dom João de Souza Lima.
Concluído o curso primário em sua
cidade natal, João viajou para Recife a fim de cursar humanidades, curso que foi realizado
no edifício que hoje abriga
o Colégio Estadual de Pernambuco. Aos vinte anos, acolhendo o chamamento divino para o sacerdócio,
matriculou-se no célebre Seminário de
Olinda. Todavia, para concluir os
estudos teológicos, foi transferido
para o Seminário Central de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Enfim, recebeu a
ordenação sacerdotal – “sacerdos in aeternum”, na cidade de
Pesqueira (PE), em 12 de novembro de 1939.
Dez anos depois, em 14 de maio de
1949, foi eleito pelo papa Pio XII bispo auxiliar de Diamantina (MG), tendo assumido suas
funções pastorais em 6 de novembro daquele ano. Nessa cidade, terra natal do presidente
Juscelino Kubitscheck, Dom João travaria conhecimento com a eminente personalidade, de quem se tornaria
amigo.
Em 9 de fevereiro de 1955, foi
transferido para a diocese de Nazaré da Mata (PE), onde se manteve como bispo
diocesano até 16 de janeiro de 1958, data de sua promoção a arcebispo do Amazonas. No dia 24 de maio, festa de Nossa
Senhora Auxiliadora e, naquele ano, véspera da solenidade de
Pentecostes, tomava posse na Catedral de Manaus, como o 2º arcebispo, sucedendo a Dom Alberto Gaudêncio
Ramos, que foi membro deste
Instituto.
A extensão desta arquidiocese, que compreendia todo o
território amazonense, levou Dom João a
pleitear junto à Santa Sé a criação de Prelazias. Seu empenho foi
acolhido, tendo o Vaticano determinado a instalação das
Prelazias de Humaitá, em 16 de junho de 1961, e as de Itacoatiara, Coari e Borba, em 12 de julho
de 1962. Em nossos dias, a arquidiocese
se restringe à capital do Estado e a pequena zona interiorana, permitindo ao metropolita intensificar
as tarefas pastorais.
Em seu governo arquidiocesano, Dom
João adquiriu a Rádio Rio Mar, propendendo com a aquisição melhor e mais amplamente
divulgar a doutrina e os atos religiosos, alcançando as regiões mais distantes
de seu território pastoral. Coube a este Prelado a instalação do Centro Maromba, destinado a promoção de eventos coletivos,
ali onde hoje funciona o Seminário São José. Compete-lhe, todavia, a sombria imputação do
fechamento do Seminário São José, situado à rua Emilio Moreira, causado pelo arrefecimento de
vocações sacerdotais e de forte crise na Igreja.
Por cerca de 23 anos, Dom
João dirigiu a arquidiocese de Manaus, tendo renunciado em 25 de abril de 1981,
quando se transferiu para Salvador (BA), onde faleceu no Hospital
Espanhol, em 1º de outubro de 1984.
Competentíssimo orador desta agremiação, padre Raimundo
Nonato Pinheiro registrou, ao proferir o discurso de recepção deste pontífice, em
sua posse na Cadeira de Frei Madre de Deus.
Em vossa eleição, guiou-nos o
alto quilate que vos caracteriza a inteligência, aberta a todas as ondulações da luz, e a
cultura, opulentada nas tradicionais e ubertosas tetas dos estudos clássicos,
que, digam lá o que disserem, continuam a ser os alicerces insubstituíveis de
toda grande e verdadeira cultura.
Como quer que seja, como premiar-vos os talentos,
quis o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas glorificar a
Igreja, de que sois pontífice; essa Igreja-Mãe, essa Igreja maternal, que
parturejou a civilização cristã, criadora e inspiradora de tantos e repetidos
benefícios que a humanidade vem usufruindo há vinte séculos de História!
Registro, finalmente, os merecidos títulos recebidos pelo 2º
arcebispo do Amazonas: Cidadão do Amazonas, nos termos da Lei nº 32, de
26 de setembro de 1961, e Cidadão
Honorário de Manaus, consoante a Lei nº 969, de 30 de julho de 1970. (segue)
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