Proferindo o discurso no IHGG |
Em
comemoração ao 70º aniversário de fundação do Instituto Histórico e Geográfico
de Goiás, proferi na condição de presidente interino, em outubro de 2002, a Comunicação
que vai aqui postada.
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores
Faustoso encontro
nacional de Institutos Históricos acaba de se instalar nesta capital,
permitindo aos participantes um novo e sempre revigorante momento de júbilo e,
igualmente, um instante de reflexão. Aqui viemos para solenizar a data e
congraçar com os associados do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG)
pela respeitável data de 7 de outubro de 1932.
São sete décadas de
atividade desse sodalício que, sob a direção de Mendonça Telles, ainda tem
muito a escrever não apenas sobre a prosperidade da Casa da Memória, mas para vulgarizar a saga de homens e mulheres
que diuturnamente constroem este grandioso Estado. Seja, pois, a primeira parte
desta Comunicação destinada às justas felicitações ao IHGG pelo alvissareiro
aniversário.
Certamente uma
entidade que já ultrapassou esta etapa de vida, pode expressar com mais
conforto, ou desconforto pela mesma razão, o valor do significado da efeméride.
Venho da Amazônia ocidental conduzindo uma pequena chama representativa do
valor, da importância destes organismos de cultura no país - refiro-me aos
Institutos Históricos estaduais - para dedicar ao jovem aniversariante.
Desembarco com a
incumbência firmada por meus pares de abraçar pela data aos dirigentes e
associados do IHGG. Trago, enfim, do IGHA os ardorosos votos de sucesso, os
anseios de desenvolvimento e os desejos ardentes de prosperidade para o IHGG.
Meu caro presidente
Mendonça Telles, o recado está posto, ao vivo e em cores, que surta os efeitos
com que foram incensados pelos caciques da "terra de Ajuricaba".
A segunda parte desta
Comunicação diz respeito ao próprio IGHA, que vai bem, obrigado. A despeito de
"bem, obrigado", falta alguma coisa para consolidar sua prosperidade.
Solicito pois pequena atenção para esta reflexão. Relatei, em outro instante,
que o IGHA reencontrou um presidente bem relacionado com os Poderes
Constituídos, do que vem resultando em boa soma de recursos financeiros. Com
estes, completou a restauração da sede social, dotando-a de recursos técnicos
compatíveis com a modernidade, e ainda adquiriu dois imóveis para ampliá-la.
Outro benefício, a artéria onde se encontra situado foi devidamente
revitalizada pelo governo municipal, emprestando ao Centro Histórico, onde se
situa, um maior alento.
Entretanto, mesmo
diante de tantos benefícios, sinto que o IGHA não se move com leveza, com
galhardia, com desenvoltura. Algo lhe causa desalento. Que será? Suspeito que careça
de alma. Como é importante a uma casa que tenha alma, para melhor consolidar
sua história. Cumpre lembrar que pouco ou quase nada conseguimos avançar, desde
o último Colóquio realizado no Rio de Janeiro.
De outra maneira, isolado
pela geografia o IGHA padece sob esse enorme peso e, consequentemente, não
prospera com desenvoltura. Afinal, onde encontrar a alma dessa corporação? Encontra-se
nos sócios? Essa fixação com os associados precisa ser explicada, para isso
busquei a opinião de ex-presidente da Casa
de Bernardo Ramos. Observou que o desafio é antigo, e o desconsolo aflige a
instituição amazonense há algumas décadas.
Momento da leitura da Comunicação |
O ex-presidente,
lamentando as faltas sentidas ou o reduzido interesse dos associados, arguia:
"Porque as forças contemporâneas estão enfraquecendo com a sociedade,
vislumbrando rumos que fogem ao deleite cultural, à pesquisa apurada, à
dedicação diária ao Instituto vividas por todos os que já partiram para a terra
da beleza e do fulgor dos espíritos iluminados".
Em outro trecho,
relembrou que "corre o mundo, correm os tempos, mudamos nós por imposição
da necessidade de sobrevivência material e o Instituto cede lugar a estas
aspirações novas que não casam com as suas verdades tradicionais, com a sua
história, com a sua filosofia". Enfim, o exército - referindo-se aos
sócios - "que não está salvando o eterno, porque o Instituto Geográfico e
Histórico do Amazonas é eterno, mas que está querendo ampliar as suas
fronteiras, abrir as suas portas, receber os mais novos, dar a conhecer os seus
arquivos, os artistas de seus membros, ter vida, (...). Está sendo reduzido a
cada ano, mas a bandeira estará hasteada e há de ter um novo cristão, um novo
historiador, um grupo mais jovem que a faça permanecer de pé, sem quedar um só
instante, para que não se manche a honra e a glória de tantos homens de valor
do nosso passado aos quais, sempre que nos lembramos, damos glórias e muitas
glórias".
Encerro a reflexão e a
Comunicação com a leitura de uma composição elaborada por jovem Valor da Terra amazonense. Na condição
de presidente interino, tomei-a por lema de trabalho, para bandeira de uma
campanha de renovação no IGHA, coincidência, Renovação é o título da canção, e o autor o jovem conhecido por
Candinho.
É hora de jogar as
coisas velhas fora deste quarto.
Tomar nas mãos o leme
desse barco,
Sair da tempestade por
ordem do tempo,
Sair de encontro ao
vento cheio de vontade.
Contar de novo a
história como há muito tempo
Já não se ouve mais,
nem se contou verdade.
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