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sábado, janeiro 02, 2016

LEOPOLDO NERY DA FONSECA JR.

A cena da marcha dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, é contundente. Esse pequeno número de militares rebeldes investem contra o Governo Federal, e são dominados, mas alguns anos depois, veio o sucesso, com a posse de Getúlio Vargas, em 1930.

O nome dele não aparece entre os dezoito, porém, Leopoldo Nery da Fonseca Junior participou dessa revolução. Nascido em Manaus, filho de militar, esteve comprovadamente envolvido no movimento tenentista. A documentação disponível comprova a atuação deste amazonense neste e em outros distúrbios. 
Mesmo abreviadamente, espero comprovar tanto com a postagem.

Leopoldo Néri [ou Nery] da Fonseca Júnior nasceu em Manaus (AM), em 27 de julho de 1887, filho de pai homônimo, que era oficial do Exército, tendo servido nesta capital, e de Joana Basto Nery. Sentou praça no Exército em 1901, tornou-se aspirante em 1908 e foi sucessivamente promovido a segundo-tenente (1909), primeiro-tenente (1914) e capitão (1919). Alcançou o posto de tenente-coronel, ainda que na reserva.
Para tanto, estudou no Ginásio Pernambucano (1900-03) e na Escola Militar de Porto Alegre (1906-08). Além disso, concluiu o curso de Ciências Físicas e Matemáticas, ou seja, de Engenheiro Militar pela Escola de Realengo (1911). 
Ainda em 1911 (16 de março) casou-se com Lucila Gomes da Silva, nascida em 1895 (filha de Francisco Gomes da Silva e de Victoria Augusta Gomes da Silva), na cidade do Rio de Janeiro. Desconheço se deixou descendência.
 Em 5 de julho de 1922, participou do levante do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, deflagrado em protesto contra a eleição de Artur Bernardes para a presidência da República e as punições impostas aos militares pelo governo de Epitácio Pessoa. Não chegou, porém, a participar da Marcha dos 18 do Forte pela praia de Copacabana, por ter sido incumbido de vigiar o general Bonifácio da Costa, comandante do 1º Distrito de Artilharia da Costa, que estava detido no forte. 
Debelada a revolta no mesmo dia, foi preso e enviado para o Hospital Central do Exército, de onde conseguiu fugir. Reintegrou-se então ao movimento tenentista, conspirando sob os cognomes de Marcos da Frota e Clóvis Garcez. Preso novamente, mais uma vez conseguiu evadir-se.
Em 2 de maio de 1925, junto com outros oficiais, atacou o quartel do 3º RI (Regimento de Infantaria) na Praia Vermelha, no Rio, visando a conquistar seus efetivos para uma marcha sobre o Palácio do Catete, sede do Governo Federal. O golpe fracassou logo na fase inicial, com a debandada dos soldados do 3º RI. Durante a rápida troca de tiros, morreu o 2º tenente de artilharia Luiz Venancio Jansen de Melo, um dos rebelados. 
Em 1928, Nery foi condenado a um ano e quatro meses de reclusão pelos acontecimentos de 1922. Na fase de preparação da Revolução de 1930, foi convidado para a chefia militar do movimento em Minas Gerais, em substituição ao coronel João Maria Xavier de Brito, gravemente doente. Aceito o convite, demitiu-se do cargo de diretor da 4ª Seção das Obras de Saneamento, em Campos (RJ), e rumou para Minas Gerais. 
Segundo seu próprio relato, às vésperas da eclosão do movimento recebeu de Lindolfo Collor [pai do atual senador Collor de Mello], um dos líderes gaúchos da revolução, uma missão secreta que exigia sua presença na Capital Federal. Assim, encarregou Aristarco Pessoa de substitui-lo nas suas funções em Minas Gerais. Sua ausência de Minas durante a revolução deu margem a que fosse acusado de traição, o que, entretanto, foi desmentido posteriormente por vários revolucionários, como Virgílio de Melo Franco, José Antônio Flores da Cunha e Aristarco Pessoa. Todos confirmaram a existência da missão de Nery na Capital Federal, sem que, entretanto, tenha sido revelada sua finalidade.
Com a vitória da Revolução de 1930, foi promovido a major em 15 de novembro do mesmo ano e, logo depois, nomeado ajudante de ordens de Afrânio de Melo Franco, no Ministério das Relações Exteriores.
Em 1932, combateu a Revolução Constitucionalista em Mato Grosso. E no ano seguinte, foi eleito suplente de deputado à Assembleia Nacional Constituinte, na legenda da Aliança Trabalhista Liberal do Amazonas. 
Em 1934, escreveu a obra Agora, eu!: defesa do major Nery da Fonseca. Além deste, publicou Fronteiras do sector sul (Rio: Editora Cruzeiro do Sul Ltda., 1935) e Geopolítica (Rio: 1940). 
Para saber mais sobre o movimento tenentista, -- no qual se encontra a participação do nosso conterrâneo Nery da Fonseca, consultar de Isabel Lopez Aragão - Da Caserna Ao Cárcere: uma identidade militar-rebelde construída nas prisões (1922-1930). Jundiaí: Paco Editorial, 2012.


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