Na passagem do cinquentenário, o saudoso cronista Anísio Jobim descreveu em sua coluna Velhos Tempos (O Jornal, 23.abr.1967), a festividade com que este sodalício festejou essa data. Às vésperas do centenário, reproduzo este material, parte do trabalho de pesquisa que empreendo e pretendo divulgar em breve.
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Recorte de O Jornal, publicado em 1966 |
VELHOS TEMPOS
André Jobim
Realizou o Instituto Geográfico e
Histórico do Amazonas a sua primeira festa em comemoração aos seus 50 anos de existência,
na noite do dia 17 de março de 1967. Aberta a sessão pelo Presidente,
desembargador João Pereira Machado Junior, teve ao seu lado o Dr. Mário Jorge
do Couto Lopes, digno representante do Governador do Estado, Sr. Danilo Duarte
de Matos Areosa.
Iniciada a sessão, disse o desembargador
presidente dos propósitos daquelas festividades, congratulando-se com os
presentes em prestigiar a uma entidade cultural, cuja história constitui um
marco de glórias para a intelectualidade amazonense. A seguir, usou da palavra
o professor João Bosco Evangelista, dizendo o jovem orador da União Brasileira
de Escritores do Amazonas dos objetivos de seus companheiros no congraçamento
intelectual da juventude amazonense, irmanados com os ideias de bem servir ao
soerguimento da cultura desta terra, no qual estava com a sua tradição gloriosa
o Instituto.
A seguir, o Presidente deu a palavra ao
conferencista da noite, desembargador André Vidal de Araújo, que abordou com
raro brilho e cultura o tema A
Antropologia Filosófica, de Pierre Teilhard de Cardin, empolgando por vezes
o auditório seleto, pela beleza da sua eloquência e erudição.
Finalizando a noite de gala vivida,
depois de um interregno, longínquo, o orador oficial, padre Raimundo Nonato
Pinheiro, com a sua palavra fácil, teceu ligeiramente comentários sobre a vida
do Instituto: referindo-se aos oradores que o precederam especialmente ao
conferencista, desembargador André Vidal de Araújo, ao Dr. Mário Jorge do Couto
Lopes, ao representante do comando da Força Federal no Amazonas, ao Dr.
Gilvandro Raposo da Câmara, ao Sr. Venâncio Igrejas Lopes e a todos que se
fizeram presentes a uma festa tão bonita, classificando a festa de ouro do seu cinquentenário,
como também a conferencia e o conferencista,
homem de dotes aprimorados de inteligência e cultura.
Por fim, usou da palavra o representante
do Sr. Governador do Estado, agradecendo as deferências recebidas, registrando
seu entusiasmo pelo alevantamento daquele sodalício, finda a qual, o desembargador
presidente encerrou a sessão, demorando-se ainda os presentes na visitação das dependências
do IGHA, tendo para nós outros palavras de carinho, respeito e admiração a imponência
das festividades e da “Casa da Memória Amazonense”.
Para nós, que ainda vivemos sofrendo as consequências
da aridez intelectual do passado, fruto de uma época não muito remota, em que a
preocupação do alto custo de vida, a política e a deficiência dos costumes
educativos, deixaram-nos uma marca indelével no povo desta terra e que, a muito
custo, começa a reviver e a se integrar aos estudos da beleza, da ciência, das
letras e da história. Mesmo assim a imponência com que se abriram as
festividades do cinquentenário do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas,
para mais uma vez glorificá-lo na vida desse grande povo.
Não foram em vão as noites de vigílias,
as intranquilidades e os receios de que fosse o nosso trabalho julgado à altura
do que realizamos para bem servir a este Estado.
Todo iluminado, o Instituto Geográfico e
Histórico do Amazonas reviveu, como nunca (ilegível)
os velhos tempos... Vimos passar na mente os vultos que ali pontificaram e
cantaram hinos de glórias e de aleluias, para que nós, o povo que tudo vê,
anota e observa, pudéssemos reverenciar as memórias daqueles abnegados
estudiosos... Sentimos também as ausências
dos mestres hoje vivos e rendêssemos como é devido, as nossas homenagens nas
venerandas figuras de Agnello Bittencourt e Manoel Anísio Jobim, que o tempo os impossibilitou de estarem
presentes e repartindo com nós outros, as alegrias e as homenagens deste
glorioso cinquentenário da “Casa da Memória Amazonense”...
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