A Prefeitura de Manaus promoveu um joeirado (para
recordar velhas matérias jornalísticas) programa para comemorar o aniversário
da capital do Amazonas. Teve de tudo um pouco. Talvez a mais visível foi a festa
no Sambódromo.
Preferi, todavia, a manifestação cultural organizada
no Centro Cultural Paço da Liberdade, localizado na antiga sede da Prefeitura,
na praça Pedro II. O outro “ponto de referência” não convém aqui repetir.
A programação constituiu-se do lançamento de
livros e a apresentação do filme País do Amazonas.
O documentário, sabido pela cidade e pelos estudiosos, foi realizada por
Silvino Santos, pioneiro desta Arte na região.
Devidamente remasterizado e
sonorizado, merece ser revisto, pelo que oferece de variadas perspectivas ao
estudo no campo das ciências.
Com esta exibição, o programa da quarta-feira (22)
se encerrou para mim. Apenas não esperei pelo coquetel que presumia farto, em
tempo de eleições.
Quanto ao lançamento, recolhi dois dos livros
apresentados: Poesia na floresta: a obra
de Severiano Porto no Amazonas, de Roger Abrahim, e Italianos em Manaus, de Luiz Geraldo Demasi.
O primeiro, em excelente trabalho gráfico da
Reggo Edições, que fora anunciado na capital por ocasião do octogésimo aniversário
do homenageado, me deixou interessadíssimo. Vivo com uma curiosidade: o quartel
da Polícia Militar, que hoje abriga o comando central, construído em Petrópolis,
teria saído da prancheta de Severiano Porto. Decorei essa receita desde sua
construção, a partir de 1967 e, mais precisamente, com sua ocupação pelo 1º
Batalhão, em 1971.
Ouvi dizer – não sei onde – que o projeto fora
premiado em nível nacional e, mais, que a atual EE Castelo Branco, construída no
bairro de São Jorge, era uma réplica do quartel de Petrópolis.
Dessa maneira fui ávido ao livro do Roger, arquiteto
“militante apaixonado por Manaus e manauara da gema, faz um exaustivo
inventário das obras de Severiano Porto, analisando e registrando
fotograficamente cada uma delas”, assegura Márcio Souza na Apresentação.
Fiquei, todavia, desapontado quando não
visualizei qualquer foto ou qualquer comentário sobre o mencionado quartel.
Aprendi, com certa surpresa, que Severiano Porto chegou a Manaus em 1963, para
construir o desaparecido estádio Vivaldão.
Sustentava eu, fundado em tradição oral, que Porto
havia desembarcado aqui trazido pelo governador Arthur Reis (1966-67) e seguira
trabalhando durante o regime dos generais. Nesse sentido, o livro excluiu
qualquer notícia política. Não se lê o nome de governador ou prefeito da época,
da época do Governo Militar. Vou prosseguir catando os papéis para tirar a
prova.
No entanto, Severiano Porto é o arquiteto, o
artista, que revoluciona Manaus. O livro do Roger possui com brilhantismo o predicado
de fundamentar essa minha modesta afirmação. A obra deixada por Severiano Porto
leva o apresentador Márcio Souza a registrar uma severa reprimenda aos
patrocinadores de certas “monumentalidades”.
“Há certas construções, como os centros culturais construídos pelo governo estadual, que o arquiteto que o projetou suponho que se graduado colando, sequer comprou o Neufert, um manual que tem tudo de básico, e jamais entrou num teatro em toda a sua medíocre existência”. E Souza conclui: O resultado são aberrações em cimento e ferro, que mais parecem postos de gasolina com elefantíase”.
Vou lembrar o livro do Demasi sobre os italianos na próxima postagem.
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