Dr. Alfredo da Matta |
Para comemorar o 1º
centenário da Independência do Brasil, o Diário Oficial do Amazonas pôs em circulação uma caprichada
edição especial. Além de respeitável descrição do acontecimento histórico,
elaborada pelo mestre J. B. Faria e Souza, a publicação contou com um trabalho
do doutor Alfredo da Matta sobre o cientista Alexandre Ferreira, sob o título
abaixo. O extenso exame ordenado por este profissional da medicina, obriga-me a
reproduzi-lo em etapas.
Um detalhe (supérfluo): a
mencionada edição especial circulou em 7 de setembro de 1922.
Recorte do Diário Oficial, de 7 set. 1922 |
O primeiro médico e naturalista brasileiro no Amazonas
Afiguram-se-me de
consulta ou obtenção mui difícil, os documentos relativos aos médicos que primeiro trabalharam em
território do atual Estado do Amazonas, por constar quase todos de arquivos
militares, quiçá inexistentes hoje.
A comissão, por exemplo,
que de Lisboa embarcou para Belém, em 1655, para proceder a demarcação dos
limites dos domínios de Portugal e Espanha, trouxe os profissionais Domingos de
Souza, Daniel Panetti e Antonio de Mattos, todos portugueses.
Em dilatado lapso de tempo,
65 anos, não consegui subsídios e esclarecimentos sobre a vinda de outros facultativos;
somente em 1721 foi despachado o médico português Antonio Prates.
Motivou ser nomeado a representação da Câmara Municipal
de Belém à D. João V, provando a mui sensível falta de quem cuidasse e curasse
as enfermidades do povo (carta de 16 de agosto de 1721), razão por que mister
havia de facultativo ciente e
experimentado.
E por isso conspícuas pessoas da
cidade se cotizaram para o pagamento anuo de dez mil cruzados, em dinheiro da terra,
ou, como se diria então: em produtos agrícolas.
Deferido, foi nomeado com
respectiva ajuda de custo aquele médico (carta régia de 14 de novembro).
O Dr. Prates, entretanto, não chegou a embarcar.
Treze anos depois,
irrompeu em Belém a varíola sob forma epidérmica, lançando a desolação e
o luto entre os habitantes. Por feliz acaso aportou aquela cidade o médico português
Antonio Caldeira Sardo Villa Lobos, e que havia sido contratado pela Câmara (em
partido de cem mil réis anuais). Em 1751, chegava o Dr. Manoel Inácio de Andrade;
e em 1753, o Dr. João de Almeida, do 1º Regimento da 1ª linha. Todos portugueses,
não consta terem vindo ao Amazonas.
Em 21 de outubro de 1783,
o médico e naturalista Dr. Alexandre Rodrigues Ferreira desembarcava em Belém, comissionado
pelo governo da Metrópole. Quem era ele?
Alexandre Rodrigues Ferreira nasceu aos 27 de
abril de 1756, na Bahia. Embarcou aos 14 anos para Portugal, onde chegara a
tomar ordens menores, parecendo assim ter iniciado a carreira eclesiástica.
Mais tarde, em 1772, matriculou-se no primeiro ano do curso
jurídico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, e que
depois abandonou para abraçar o de Filosofia em 1773. Atraía-o a vocação para o campo dificílimo
da história natural, em que tanto se deveria distinguir. Ainda estudante, foi
nomeado demonstrador daquela cadeira, e em 1779 se doutorava.
(segue)
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