CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sábado, novembro 20, 2010

MANHÃ CULTURAL PADRE LUIZ RUAS

Assim mesmo, foi sob esta denominação que alunos do curso de Psicanálise da Universidade do Federal do Amazonas (Ufam) passaram a manhã deste sábado. Para abrilhantar a festa, convidaram a psicanalista e doutora em Comunicação e Cultura, autora dos livros Voz na luz e Vazio iluminado: o olhar dos olhares, Dinara Machado Guimarães que dissertou sobre o tema: "Os elos entre o cinema e a psicanálise". Se desejar mais informações, acesse http://www.apsicanaliseocinema.blogspot.com/

Estive presente, na condição de "curador" da massa literária do patrono da matinal. A comissão organizadora (Fabiane Aguiar, Paulo Victor e Fernanda Priscilla) deu-me nova oportunidade para revelar o saudoso mestre de Psicologia da Ufam, e de outros estabelecimentos de ensino, enfim, mostrar a participação daquele padre-poeta na vida de nossa Cidade, entre 1954 e 1992, quando parou gravemente atingindo por um AVC.

Dinara Guimarães (de branco), sendo entrevistada pelos ouvintes
Além da participação de L. Ruas (sua assinatura literária) no ramo das ciências humanas, teve atuação no Cinema, como mestre de tantos cineclubes que povoaram Manaus na década de 1960, e o Teatro, como diretor do Auto da Paixão, e ator no Auto da Compadecida, em nosso Teatro Amazonas.
Padre Luiz Ruas, identidade sacerdotal
No início deste ano, a Editora da Universidade (Edua) fez o lançamento de um livro por mim organizado, no qual reproduzi textos de padre Ruas publicados nos jornais de Manaus, que denominei de Cinema & Crítica Literária.
Devo também recordar a atuação dele como membro do clero amazonense, quando da instalaçao da Faculdade de Filosofia pela Igreja de Manaus, depois incorporada à Ufam. Nela, foi professor e diretor. Foi professor da Ufam até sua aposentadoria.
Estes predicados, certamente, impulsionaram aos jovens alunos de Psicanálise a dedicar a manhã de hoje ao finado professor de tantos alunos de nossa Casa de Ensino Superior.
Encerro com as palavras de um ex-aluno, o poeta Zemaria Pinto, lembrando um fato bem caracteristico do comportamento do mestre L. Ruas.


Zemaria Pinto
L. Ruas é um ícone da literatura amazonense. Figura controversa, suas aulas de Filosofia, no velho seminário transformado em Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), ao final dos anos 70, eram das poucas a manter a audiência em alta entre os futuros economistas, no meio dos quais eu, tímido por natureza e intimidado pela figura do mestre: a tez acobreada contrastando com a branca e densa cabeleira, o cigarro sempre entre os dedos e a língua permanentemente afiada. Diziam-se coisas do mestre: no mínimo, que era um padre comunista... Numa ocasião, alguém ousou tecer um comentário desairoso sobre a Teologia da Libertação. Se um pombo dos muitos que voejavam errantes pelo ICHL entrasse naquele instante, diria que era o próprio Espírito Santo que fora assistir ao mestre defender a luta de classes e o socialismo sob uma perspectiva cristã. Naquele momento, lamentei não ser cristão. Aliás, por muito pouco não me converto.

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