Assim mesmo, foi sob esta denominação que alunos do curso de Psicanálise da Universidade do Federal do Amazonas (Ufam) passaram a manhã deste sábado. Para abrilhantar a festa, convidaram a psicanalista e doutora em Comunicação e Cultura, autora dos livros Voz na luz e Vazio iluminado: o olhar dos olhares, Dinara Machado Guimarães que dissertou sobre o tema: "Os elos entre o cinema e a psicanálise". Se desejar mais informações, acesse http://www.apsicanaliseocinema.blogspot.com/
Estive presente, na condição de "curador" da massa literária do patrono da matinal. A comissão organizadora (Fabiane Aguiar, Paulo Victor e Fernanda Priscilla) deu-me nova oportunidade para revelar o saudoso mestre de Psicologia da Ufam, e de outros estabelecimentos de ensino, enfim, mostrar a participação daquele padre-poeta na vida de nossa Cidade, entre 1954 e 1992, quando parou gravemente atingindo por um AVC.
Dinara Guimarães (de branco), sendo entrevistada pelos ouvintes |
Padre Luiz Ruas, identidade sacerdotal |
Devo também recordar a atuação dele como membro do clero amazonense, quando da instalaçao da Faculdade de Filosofia pela Igreja de Manaus, depois incorporada à Ufam. Nela, foi professor e diretor. Foi professor da Ufam até sua aposentadoria.
Estes predicados, certamente, impulsionaram aos jovens alunos de Psicanálise a dedicar a manhã de hoje ao finado professor de tantos alunos de nossa Casa de Ensino Superior.
Encerro com as palavras de um ex-aluno, o poeta Zemaria Pinto, lembrando um fato bem caracteristico do comportamento do mestre L. Ruas.
L. Ruas é um ícone da literatura amazonense. Figura controversa, suas aulas de Filosofia, no velho seminário transformado em Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), ao final dos anos 70, eram das poucas a manter a audiência em alta entre os futuros economistas, no meio dos quais eu, tímido por natureza e intimidado pela figura do mestre: a tez acobreada contrastando com a branca e densa cabeleira, o cigarro sempre entre os dedos e a língua permanentemente afiada. Diziam-se coisas do mestre: no mínimo, que era um padre comunista... Numa ocasião, alguém ousou tecer um comentário desairoso sobre a Teologia da Libertação. Se um pombo dos muitos que voejavam errantes pelo ICHL entrasse naquele instante, diria que era o próprio Espírito Santo que fora assistir ao mestre defender a luta de classes e o socialismo sob uma perspectiva cristã. Naquele momento, lamentei não ser cristão. Aliás, por muito pouco não me converto.
Zemaria Pinto
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