Discurso de abertura proferido por Gabriel Garcia Márquez, em sua condição de presidente da Fundação do Novo Jornalismo Ibero-americano, compartilhado de seu livro Eu não vim fazer um discurso (2011).
JORNALISMO:
O MELHOR OFÍCIO DO MUNDO
Los
Angeles, Estados Unidos, 7 de outubro de 1996
III
Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), com sede em Miami,
Flórida.
Concluindo: “O objetivo final, no entanto, não deveria ser os diplomas e as credenciais, mas o retorno ao sistema primário de ensino, através de oficinas práticas em pequenos grupos, com um aproveitamento crítico de experiências históricas e em seu marco original de serviço público. Os meios de comunicação, para o seu próprio bem, deveriam contribuir a fundo, como se está fazendo na Europa com ensaios semelhantes. Seja em redação ou em laboratórios, ou em cenários construídos para isso, como os simuladores aéreos que reproduzem todos os incidentes de voo para que os alunos aprendam a evitar os desastres antes de encontrá-los de verdade pelo caminho. Pois o jornalista é uma paixão insaciável, que só se consegue digerir e humanizar pela sua confrontação descarnada com a realidade. Ninguém que não a tenha padecido consegue imaginar essa servidão que se alimenta das imprevisões da vida. Ninguém que não tenha vivido isso consegue nem de longe conceber o que é o palpitar sobrenatural da notícia, o orgasmo da nota exclusiva, a demolição moral do fracasso. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a morrer por isso poderia persistir num ofício tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fosse para sempre, e não concede um instante de paz enquanto não torne a começar com mais ardor que nunca no minuto seguinte.”
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