“Eu voltei”, ouvi hoje bastante na TV ilustrando um reencontro familiar. De fato, devo repetir o mesmo refrão, quando depois de meses de ausência retomo a direção do Blog. Alguns dos entraves que me levaram a dispersão: construção de uma casa do outro lado da ponte do rio Negro; os preparativos para uma mudança domiciliar; enfim, a mudança.
Enfim, instalado na capital paranaense, e após os encontros com os familiares e com os amigos, pude reabrir o notebook e reiniciar algo que me satisfaz plenamente. Escrevo o Blog do coronel com a finalidade, repito, de reproduzir fatos da história regional, em particular, os afetos à prática militar. Não obstante ter inserido outros detalhes de diversos ramos da historiografia.
Aproveito o ensejo para cumprimentar aos amigos de diversos naipes, certo de que os festejos natalinos foram de completa cordialidade junto aos familiares e outros camaradas.
O texto que se segue pertence ao Renato
Mendonça, bastante colaborador deste espaço que, por isso, já me puxou a
orelha devido ao descaso que impus ao Blog. O Natal pois permitiu corrigir este
impasse.
MÍSTICA DO
NATAL
24.12.2023
Alguns historiadores e outros estudiosos eclesiásticos
tentam desdizer que o nascimento de Jesus não ocorreu no dia 25 de dezembro do
ano zero do período cristão. Alguns pressupõem que ele possa ter nascido quatro
anos antes do início da nossa Era Cristã. E asseguram que essas ilações estão
baseadas em dados da própria bíblia, como se o livro sagrado tivesse
contradições em si.
Refletindo sobre a abordagem do assunto, aceito que essas
inquietações são próprias do ser humano. O que não se deve, de maneira alguma,
é tentar desmistificar o simbolismo do Natal, já consagrado pela humanidade em
quase todas as religiões.
A escolha da data — se não foi esse exatamente o dia em que
Maria o deu à luz — ocorre pela diferença de arquitetura entre o calendário
hebraico e o romano adotado no ocidente. No entanto, o dia não poderia ser mais
propício para a celebração, tanto no Hemisfério Norte quanto no Sul. Foi
instituída como um contraponto à festa pagã comum na Roma Antiga, que ocorria
até o século IV, após o fim das intensas perseguições aos cristãos, quando
muitos santos ou anônimos foram martirizados.
No Hemisfério Norte, celebrava-se então o “Die Natalis Solis
Invicti”, que numa tradução livre do latim significa: o dia do nascimento do
sol invencível. Era a comemoração da vitória da luz do dia sobre a noite mais
longa do ano, o solstício de inverno.
Há outros escritores eclesiásticos que tentam qualificar as
datas de nascimento e morte de Jesus usando como argumento os dados de um
tratado anônimo. Esse tratado apócrifo nos diz que Nosso Senhor foi concebido
no dia 08 das calendas de abril, que estranhamente corresponde ao dia 25 de
março, o equinócio da primavera, e que exato neste dia ocorrem a morte e,
também, a concepção de Jesus. Assim, nove meses após o dia da concepção, Maria
daria à luz o Salvador.
Nesse dia, sob a mística do Natal, desejamos que a
Encarnação de Deus num menino recém-nascido renove nossas forças e nosso estado
anímico para o próximo ano. Deus quer que tenhamos a mesma coragem e a altivez
que Maria teve, ao aceitar a difícil missão de conceber um filho mesmo sendo
solteira. E reflitamos que a misoginia e o preconceito faziam parte da cultura
daquela sociedade. Mas, para cumprir as profecias do Velho Testamento, havia de
ser uma virgem. E assim, tudo foi envolvido num grande mistério, como deveria
ser. E o destino conspirou para que Jesus nascesse em Belém — para onde o
casal, Maria e José, viajou para participar de um censo —, num local ambientado
na humildade, para que possamos acreditar que a beleza da fé e da vida está na
simplicidade das coisas que vivemos e praticamos.
Biologicamente estamos mais velhos, porém, espiritualmente
podemos renascer a cada ano, nesta época das festas natalinas. Mesmo que muitos
passem por desafios, não é tempo para melancolia; é um tempo de alegria, de
canção de amor, de celebração da vida — da vida que nos resta neste Plano
Físico.
Somos todos convidados para celebrar o nascimento de Jesus;
somos todos convidados para agir como colaboradores e auxiliares de uma
estrutura de fé e de amor, que ele vai nos ensinar novamente durante o ano,
dentro da síntese de Sua vida. Seremos ensinados a repartir o pão e
incentivados à prática do perdão; seremos incentivados a amar
incondicionalmente, a saciar a sede e a fome de quem precisa. Só assim,
sentiremos uma leveza de alma, que nos permita esquecer todas as desavenças
familiares, as dificuldades de relacionamento humano, e nos quita do peso
excessivo do fardo que teima em se colocar nas nossas costas. Não podemos ficar
detidos na estrada da vida em face dessas dificuldades. Temos que caminhar com
leveza.
Só assim, este será o mais belo Natal de nossas vidas, com
toda mística que a data nos oferece. Feliz Natal!
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