Mais um capítulo sobre a história da Guarda Policial, ora Polícia Militar do Amazonas, no período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889).
Em 19 de fevereiro de 1878, assume o comando da Guarda Policial o major reformado (do Exército) Silvério José Nery, nomeado pelo 2º vice-presidente Guilherme José Moreira. Moreira assegurava que nele “concorrem todas as qualidades necessárias para imprimir a ordem e disciplina no corpo de seu comando”. Major Nery exerce o comando até o dia 25 de novembro, quando se afasta por doença, todavia, “na noite de 27 exalou o último suspiro (...) e seu cadáver foi ontem sepultado às 4 e meia horas da tarde, no cemitério São José” (local hoje ocupado Exército, em foto restaurada por pela sede do Atlético Rio Negro Clube), consoante o jornal Amazonas, de 4 de novembro de 1878.
Este infausto acontecimento sinaliza outro ineditismo:
trata-se do único comandante-geral a morrer no exercício da função, até o
presente, ou seja, em 186 anos de atividades da Força Militar estadual.
Nery nasceu na província do Pará em 1818.
Assentou praça no Exército ainda em Belém, aos 18 anos. Prospera na atividade
militar, alcançando o oficialato com a promoção a alferes em 20 de agosto de
1853. Com a mudança hierárquica, também se muda para a guarnição da província
do Amazonas, onde constitui família, casando-se com Maria Antony Nery. Em 2 de
dezembro de 1860 é promovido a tenente. Com a eclosão da Guerra do Paraguai
alista-se voluntariamente e participa daquele conflito armado. Ainda no campo
de batalha, em 1º de junho de 1867, alcança o posto de capitão. Ferido com tiro
de fuzil, quando em operação militar no Paraguai, adquiriu uma “anquilose no
joelho direito”, o que lhe impedia a “locomoção ativa” (termos de sua inspeção
de saúde).[1]
Em consequência do ferimento sofrido em combate, em 30 de novembro de 1871, Nery foi reformado no posto de major. Findo o conflito sul-americano, e assentado em Manaus na direção da Guarda Policial, buscou para seus filhos os benefícios da legislação militar, daí a inclusão de Silvério e Constantino na Escola Militar da Corte. Nery legou à sociedade amazonense numerosa e inesquecível linhagem, capaz de estimular entre os admiradores e os desafetos uma permanente contenda, seja por parte dos pesquisadores acadêmicos, seja igualmente pelos cultores da tradição oral, tradição que perpassa seus descendentes. Quatro deles assumiram o governo do Estado: os filhos Silvério José Nery (1900-04) e Antônio Constantino Nery (1904-07) e os netos Júlio José da Silva Nery (1945) e Paulo Pinto Nery (1982-83).
[1] –
Para saber mais: BITTENCOURT, Agnello. Dicionário
amazonense de biografias: vultos do passado. Rio: Conquista, 1973.
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