Os vigários da capela de N. S. dos Remédios desta cidade,
desde
1850 à 1927:
Para
substitui-lo, também interinamente, na vigararia dos Remédios foi nomeado o
padre José Henrique Felix da Cruz Dácia. Por ato do Bispo Diocesano, de 3 de
abril de 1883, foi nomeado vigário encomendado da freguesia de N. S. dos Remédios
o padre Cruz Dácia.
O
ato do ilustrado prelado, encomendando a igreja dos Remédios ao padre Cruz Dácia,
naturalmente deve ter sido o resultado de uma representação dos paroquianos daquela
freguesia em que pediam à S. Exa. Revma. a nomeação daquele sacerdote para seu vigário.
Durante
uma pequena ausência do padre Cruz Dácia, em 1885, foi vigário dos Remédios o
padre Luiz Gonzaga de Oliveira.
* * *
Em
janeiro de 1888 foi nomeado vigário da paróquia de N. S. dos Remédios o padre
amazonense Dr. Wolfango Rafael Nunes de Abreu. Era natural deste Estado, filho
legítimo do tenente do Exército Manoel Martinho dos Santos Abreu e de D. Antonia
Nunes de Abreu.
Fez
o curso de humanidades no Seminário do Carmo de Belém. Completara os seus
estudos em França e aí, no Seminário de S. Sulpício de Paris, em 26 de maio de
1887, recebeu o grau de bacharel em Direito Canônico.
Muito
jovem ainda e bastante ilustrado, o padre Wolfango de Abreu angariou as mais
sinceras simpatias entre os seus paroquianos durante os poucos anos que paroquiou
a igreja de N. S. dos Remédios. O jovem levita viveu exclusivamente para a sua igreja,
a consolar os tristes, os fracos e as dores.
O
seu caráter e as suas belas qualidades tinham a consistência e o polido do aço
que resiste a todos os golpes.
O
padre Wolfango de Abreu regressou a Manaus, vindo de Paris, a 27 de dezembro de
1887. Dias depois foi nomeado vigário dos Remédios. A 1º de junho de 1890 faleceu,
nesta capital, vítima de uma violenta febre cerebral.
Serviu
como vigário da paróquia de N. S. dos Remédios durante dois anos e cinco meses
completos. Contava 26 anos de idade.
* * *
Ostensório - acervo da igreja dos Remédios |
Foi
novamente chamado para paroquiar a igreja de N. S. dos Remédios o cônego Cruz Dácia.
Em fins de 1896 fez uma viagem a Belém, em visita à sua família ali residente.
O
governador-geral do bispado, monsenhor Francisco Benedito da Fonseca Coutinho,
designou o padre Manoel Raimundo Nonato Pita para dirigir a igreja dos Remédios.
A
17 de novembro de 1895, na nossa Catedral, o Sr. Bispo Diocesano conferia as
quatro primeiras ordens ao então seminarista desta diocese Nonato Pita.
Recebera as sagradas ordens de diácono, na igreja de S. Sebastião desta
capital, a 6 de setembro de 1896.
Em
5 de maio de 1897 regressou o cônego Dácia, reassumindo a vigararia.
Os
serviços que o virtuoso apostolo da religião do Calvário, padre Nonato Pita,
prestou ao humilde rebanho confiado à sua direção espiritual estão na consciência
de quantos professam o culto católico; e nós, que, como jornalistas, interpretamos
os sentimentos da população, que nos identificamos com o povo nas suas
manifestações mais justas, não podemos deixar de consignar aqui a relevância
dos esforços postos ao serviço da causa da religião pelo ilustre sacerdote
padre Nonato Pita.
Em
março de 1900, o cônego Cruz Dácia, que há muitos anos, exercia o ministério paroquial
na igreja de N. S. dos Remédios, voltou novamente ao exercício de suas elevadas
funções, do qual se havia ausentado. Foi grande a satisfação de seus paroquianos,
pois o cônego Dácia era muito estimado, pelo seu zelo e dedicação pela causa da
igreja, pelas suas maneiras lhanas de tratar e sobretudo pelo seu talento e
ilustração.
A
7 de agosto do mesmo ano seguiu para Roma. Daí foi para Paris e depois para a
cidade do Porto, Portugal, em visita à uma sua irmã, que ali residia.
O
cônego Cruz Dácia faleceu, em Belém, a 16 de agosto de 1908.
O
estimado sacerdote achava-se recolhido, como pensionista, na enfermaria S. José
do hospital da Santa Casa de Misericórdia daquela cidade desde o dia 10 de julho
daquele ano e ainda que se tivesse retirado daqui bastante enfermo, a notícia
do seu traspasse surpreendeu-nos dolorosamente.
Era que o cônego Dácia conquistara simpatias por aquele coração extraordinariamente bom, que o tornava um ente quase proverbialmente caridoso. As suas economias eram partilhadas pelos pobres e por isso morreu sem conhecer a opulência.
(SEGUE)
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