Quando o governador Arthur
Reis (1964-67) cogitou a ampliação da rede escolar, com a instalação de
ginásios na capital amazonense, o nome do amazonense José Estelita Monteiro Tapajós
foi um dos escolhidos.
Ainda
em funcionamento, agora com a denominação de Escola Estadual Estelita Tapajós, e
segue situada à rua Manuel Urbano, 284 – Educandos.
No
ensejo da inauguração, O Jornal, de
25 de março de 1965, publicou o editorial abaixo.
UM
FILÓSOFO AMAZONENSE
O Governador Artur Reis lembrou-se de Estelita Tapajós, que integra a tríade de homens ilustres, cujos nomes crismarão os novos ginásios da capital, que funcionarão nos bairros. Já nos ocupamos, em rápidas pinceladas, tanto quanto permite a estreiteza de um suelto, de Márcio Nery, eminente médico amazonense, em cujo ano centenário nos encontramos (10-03-1865), e de Dom Romualdo Seixas, o celebrado Marquês de Santa Cruz, sacerdote e parlamentar paraense que tanto batalhou, pela palavra e pela pena, em prol da criação da Província do Amazonas, tendo sido o autor do decreto, depois transformado em lei.
Estelita Tapajós foi o maior filósofo amazonense, ou a maior figura do Amazonas no campo austero da Filosofia, tendo publicado uma obra de mérito, os Ensaios de Filosofia e Ciência (São Paulo, 1898). Como filósofo, abraçou conceitos e pontos de vista de Tobias Barreto e Sílvio Romero, aceitando o monismo evolucionista de Hackel. Dele, escreveu o eminente jesuíta Padre Leonel Franca, em seu excelente compêndio de História da Filosofia: "o essencial de suas ideias é o monismo haekeliano, com modificações pedidas a Spencer".
Estelita Tapajós deixou-nos ainda bons estudos de Antropologia. Foi feliz o governador Artur Reis em retirar da sombra ou penumbra do esquecimento um nome que revelou ao país uma vigorosa cerebração de cientista, apaixonado cultor da Filosofia, onde apenas sobrenadam, no Amazonas e no Brasil, os "rari nantes in gurgite vasto"... Já que nos reportamos aos nomes que vão ilustrar os três novos ateneus amazonenses, por uma associação de ideias, gostaríamos de sugerir, desta feita à Prefeitura Municipal e à Edilidade, que se organizasse uma comissão competente, com inclusão de intelectuais, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, homens conhecedores da nossa História e do nosso "De viris illustribus", para fazer uma revisão, que se impõe com imperiosa necessidade, da nomenclatura de nossas ruas e logradouros públicos.
Enquanto a cidade exibe ostensivamente em placas de ruas nomes de figuras inexpressivas, que nada, absolutamente nada fizeram por Manaus ou pelo Amazonas, eminentes vultos do passado, que se notabilizaram em benemerências, em favor da terra e de nossa gente, até hoje não mereceram a menor consagração na cidade e no município em que tanto realizaram em prol da coletividade.
Ainda mais: ficou moda em Manaus darem-se nomes de pessoas vivas a ruas e instituições, num desrespeito flagrante e aberto a disposições vigentes no país. Não está certo, devemos convir, tal procedimento. Além do aspecto ilegal, há outro não despiciendo, inspirado em recomendações bíblicas: "Lauda virum post mortem"! (Louva o homem depois de morto!) — frase tão do agrado do padre Antônio Vieira.
Nessa revisão, sugerimos ainda que se especificasse na placa TODO o nome do homenageado, para ficar sempre patente o culto à sua memória, no decurso dos tempos. Chamar-se apenas "Rua Tapajós", sem o respectivo prenome, paira a dúvida no espírito de quem passa: Torquato Tapajós ou Estelita Tapajós?!
Mas esse assunto ficará para outra suelto...
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