Por ocasião de sua transferência para o Quartel da Sete de Setembro, em abril de 1963, a corporação dos homens do fogo já mostrava revigoramento, devido à inclusão expressiva de soldados. O efetivo fora assim elevado para 63 praças e quatro oficiais. Mas, em 11 de julho, o efetivo já mostrava redução pela metade: cinco sargentos, quatro cabos e 22 soldados. O número de oficiais seguia o mesmo.
A descrição seguinte entristece. Entristece, porque parecia não se ter a quem apelar. As forças de combate ao fogo que ainda compareciam, tornaram-se impotentes, desclassificadas, consoante os noticiários. Foi o que ocorreu com o incêndio da Livraria A Normalista, que queimou “até o último caibro“. Havia motivos, sim, para inquietação na Cidade.
O incêndio na loja de impressos, de controle regular, tudo consumiu. O Prefeito Josué Cláudio empenhava-se para o avanço dos bombeiros, já instalados em novo aquartelamento, e já dispunham de bem mais equipamentos, mas faltavam viaturas. A explicação encontra-se no bojo da reportagem de O Jornal, de 19 mar., citando o então deputado Arlindo Porto.
Em decorrência de tanta grita, vinda de toda a cidade, O Jornal alertou para o terror vivido, diante da ausência de um corpo de combate ao fogo. Os bombeiros voluntários, pelo desaparecimento de seu comandante, agonizavam. Os municipais, apesar do esforço do Prefeito, não possuíam "pernas", e o município de Manaus, recursos. A quem apelar? Esclareceu o editorial O grande alerta, de O Jornal.
Destruída pelo fogo a Livraria “A Normalista”
Ainda perdura, no seio da opinião pública, outro motivo de comentários entre todas as rodas, do pavoroso incêndio de ontem, no prédio da Livraria “A Normalista”, localizada na avenida 7 de setembro, do qual só restaram cinzas, ruínas, escombros, ameaça de desabamento das paredes e prejuízos totais para a firma proprietária, representada pelo industrial Carminé Arone, dono, também da Sapataria “Arone”, que por um triz não desapareceu nas chamas, pois é um prédio ligado à casa sinistrada.
Queimou até o último caibro e até a última resma de papel. Nada foi possível salvar. E, não fosse a intervenção dos elementos do Departamento de Estradas de Rodagem e o equipamento do Destacamento da Base Aérea de Manaus (Aeronáutica), talvez a tragédia fosse maior, de proporções mais alarmantes, porque os Bombeiros Municipais e Voluntários, ali chegando, nada puderam fazer senão olhar e isolar o local, pois não têm mangueiras, não têm carros de incêndio, escadas, nada, afinal, a não ser a boa vontade de serem úteis nessas ocasiões. Os dirigentes do estabelecimento calculam os prejuízos em mais de 30 milhões de cruzeiros (embora o prédio esteja no seguro, cujo valor desconhecem), pois entre materiais e mercadorias existiam – segundo o Sr. Arone cerca de 20 milhões e o prédio poderia ser vendido por mais de 10 milhões.
A repercussão do incêndio foi tal, que ontem mesmo o deputado Arlindo Porto (foto), na Assembléia, dirigiu um apelo ao Presidente do Banco da Amazônia (Basa), no sentido de atender ao Prefeito Josué Cláudio de Souza, que luta para adquirir dois carros equipados para combater as chamas, em nossa capital. Esses carros se encontram armazenados no cais de São Paulo, esperando que a Prefeitura pague o seu valor de compra.
Quase na mesma data, o Prefeito Josué Cláudio de Souza promoveu um remaque na instituição. Aproveitou a Lei nº 802, de 6 jul. 1963, para extinguir a Companhia e, sob os mesmos escombros, gerar o Corpo de Bombeiros de Manaus. Aproveitou o pessoal e as instalações da extinta companhia. Apenas uma maquilagem facial, pois o serviço prosseguia roto. Muito roto.
Manteve o mesmo comandante, auxiliado por cinco oficiais e 56 praças. Ao menos em efetivo, nem sempre de gabarito, os bombeiros cresciam.
Uma semana depois, em consonância com esta lei, o prefeito de Manaus realizou algumas medidas no comando do Corpo. De partida, comissionou Edmundo Monteiro Filho no posto de major, na sequência, promoveu ao posto superior o 1.º tenente Sebastião Vicente do Nascimento, 2.º tenente Antonio de Souza Barros e o subtenente Tertuliano da Silva Xavier.
Ainda nos enumerados da lei, o art. 4.º determinava que fosse organizado um regulamento próprio. Enquanto não ordenasse seu regimento, ressalvava o art. 5º, a corporação seria conduzida pelas normas da Lei n.º 63/51, e pelos regulamentos adotados no Exército. Que barafunda!
Manteve o mesmo comandante, auxiliado por cinco oficiais e 56 praças. Ao menos em efetivo, nem sempre de gabarito, os bombeiros cresciam.
Uma semana depois, em consonância com esta lei, o prefeito de Manaus realizou algumas medidas no comando do Corpo. De partida, comissionou Edmundo Monteiro Filho no posto de major, na sequência, promoveu ao posto superior o 1.º tenente Sebastião Vicente do Nascimento, 2.º tenente Antonio de Souza Barros e o subtenente Tertuliano da Silva Xavier.
Ainda nos enumerados da lei, o art. 4.º determinava que fosse organizado um regulamento próprio. Enquanto não ordenasse seu regimento, ressalvava o art. 5º, a corporação seria conduzida pelas normas da Lei n.º 63/51, e pelos regulamentos adotados no Exército. Que barafunda!
A cidade está inteiramente desguarnecida, desprotegida, sem qualquer recurso para enfrentar um incêndio, por menor que ele seja. Antes, contávamos com a heróica Sociedade dos Bombeiros Voluntários. No entanto, desassistida pelo Poder Público, ela está impossibilitada de funcionar com a eficiência de antigamente. O seu material está reclamando reparos radicais, que, infelizmente não podem ser feitos, à falta de recursos. Há homens de boa vontade, os Bombeiros Voluntários, sem perceber coisa alguma, estão dispostos a continuar a trabalhar em beneficio da coletividade, defendendo-a do fogo, porém, sem ajuda para renovação do seu equipamento nada, poderá ser feito. Eles não sabem fazer milagre.
De sua parte, o Prefeito da cidade luta pela reorganização do Corpo de Bombeiros Municipais. Já adquiriu duas modernas unidades, e muito equipamento para os seus “soldados do fogo”. Deu, por conta certa quantia em dinheiro. E, para completar o pagamento da encomenda, apelou para o Banco da Amazônia. Todo o material pedido aguarda embarque, no porto de Santos para Manaus. Porém, se o pagamento não se completar, a encomenda não será embarcada. A Prefeitura não tem dinheiro para atender ao resto do compromisso assumido e o BASA, até o momento, não deu resposta positiva ou negativa ao empréstimo, solicitado pela comuna.Apesar do descalabro exposto pela imprensa, o comando decidiu elogiar o pessoal que, de alguma forma, esteve combatendo o incêndio na livraria. É fácil concluir: o louvor demonstra ter sido divulgado unicamente para privilegiar os oficiais, tanto que seus nomes estão expostos, enquanto os praças foram identificados pela numeração. Será sempre assim na corporação.
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