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sábado, agosto 12, 2023

VELÓDROMO "ÁLVARO MAIA"

A lembrança de um local esportivo que marcou a cidade de Manaus, espalhando emoções próprias da época: o velódromo Álvaro Maia (então governador estadual), pertence ao Ed Lincon. A edificação em nossos dias desapareceu, substituída por construções modernas tendo como referência, a mais frequentada, o Habib's.


VELÓDROMO "ÁLVARO MAIA"

 O bairro da Cachoeirinha ganhou seu primeiro Velódromo em 1899 com o nome de “Recreio”. Construído por um grupo de comerciantes, esse velódromo recebia corredores estrangeiros e do próprio país. Naquela época, os entusiastas desse esporte locomoviam-se de país a país através de vapores, participando das corridas de bicicletas, motocicletas e Tunder (bicicleta comprida com três assentos).

Esse divertimento igualava-se ao futebol de hoje em que as famílias participavam animadamente torcendo por seus atletas favoritos. Alguns corredores marcaram época em Manaus, como: Neira, corredor espanhol; José Bento, português e Alcebíades Alves, brasileiro.

O Velódromo "Recreio" era o maior do Brasil, quando deixou de funcionar. Depois, no mesmo lugar, foi instalado o Velódromo "Álvaro Maia", todo construído em alvenaria pelo engenheiro Deodoro D'Alcântara Freire, em 1944, e concluído com ajuda financeira do então Interventor Álvaro Maia em 1945. Esse velódromo tornou-se o único no país e o segundo da América do Sul.

A frente dele ficava na rua Santa Isabel, os fundos na av. Costa e Silva e a lateral na rua Urucará. Funcionava nos finais de semana, feriados e comemorações festivas. Algumas vezes no meio da semana, tomava parte em algum evento importante.

Esse estádio velocipédico e recreativo tinha 1.430 m2 de área para patinação, ténis, boxe, basquetebol, voleibol e exercícios ao ar livre. A pista, magnificamente arquitetada por seu idealizador tinha 225m à corda e 35º de inclinação, além de possuir cabines, vestuário, banheiros, departamento médico etc.

Os tipos de corridas apresentadas nessa época eram as de motocicletas, marca Indiana; Harley-Davidson e velocete e as de bicicletas, próprias para as pistas, com aros de madeira, pneus de seda e pião preso com roda livre, isto é, sem freio. Das marcas utilizadas eram as mais comuns a Pejour e a Raleg.


O velódromo também oferecia outras atrações como competição de patins e demonstração de patins rebocado à motocicleta. Algumas vezes, na área central, um ringue era montado para a realização de lutas livres, boxe e jiu-jitsu. Possuía as seguintes classes de corredores: corridas de fundo com uma média de 30 a 40 voltas aproximadamente; corridas as de velocidade de 3 a 4 voltas e demonstração de corridas coladas a motocicleta. Nesse tipo de competição os corredores acompanhavam uma motocicleta em suas bicicletas e depois de dar as voltas necessárias, a motocicleta saía da pista e os corredores continuavam a corrida para ver quem seria o vencedor da prova.

O tempo foi passando... não conformado com a participação de apenas corredores brasileiros, o Dr. Deodoro D'Alcântara Freire resolve partir para o exterior a fim de contatar com proprietários de outros velódromos e efetuar acertos de intercâmbios quanto a exibição dos atletas, sem que para isso tivesse que pagar. Seu sonho, no entanto, não chegou a tornar-se realidade, vindo a falecer em 1950 quando retornava dessa viagem.

Morto o proprietário, alguns anos depois a família desfez-se da praça de esporte, vendendo-a à firma comercial do Dr. Benzecry que a adquiriu pela importância de duzentos e vinte cinco mil cruzeiros [Cr$ 225.000,00]. Este empresário transformou as arquibancadas, as casas utilizadas para massagens, depósitos de bicicletas, enfermaria e posto médico em dependências para aluguel. Hoje, no local existe um depósito da Serraria Moss.

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