As
impressões sobre esse acontecimento já veem sendo discutidas, pois o
cinquentenário ocorre dia 31 próximo (segunda-feira). Vou comentar aqui (depois
de longa ausência) sobre o assunto até a data indicada. Sei que há muito a
discutir ou revelar.
As impressões
sobre esse acontecimento já veem sendo discutidas, pois o cinquentenário ocorre
dia 31 próximo (segunda-feira). Vou comentar aqui (depois de longa ausência)
sobre o assunto até a data indicada. Sei que há muito a discutir ou revelar.
Tive duas
opiniões sobre como proceder: uma, recolher a descrição dos mais velhos, da
“melhor idade”, dos que viram a mudança de governo. Ou seja, onde andava você
quando o governo de João Goulart foi substituído pelo dos generais? Para tanto,
vale lembrar os prós e os contra.
A segunda
proposta veio de meu amigo Herbert Ribeiro, apreensivo com minha ausência. Em
telefonema para exigir minha volta, contou-me de suas inquietações a meu
respeito. -- Será que o blogueiro “atravessou o rio Negro” e nem me avisou?
Ainda não, amigo, vou assistir em junho os jogos na Arena. Herbert propôs que
eu recolhesse as publicações dos jornais locais, referente ao episódio. Vou
cumprir.
Começo com
meu depoimento.
Padres e seminaristas no Seminário São José, no início dos 1960 |
Em março de
1964, ia completar 18 anos e estudava no Seminário São José, localizado na
confluência da rua Emilio Moreira com a
rua Ramos Ferreira, que já abrigou o ICHL-Ufam e hoje, os futuros advogados da
Uninorte. Já em final do curso secundário, possuía o encargo de preparar um briefing semanal para os colegas. Para
isso utilizava jornais do Rio (Jornal do
Brasil e Globo), que chegavam em
Manaus com três e até quatro dias de atraso. Com isso, é fácil entender o
distanciamento de Manaus com a capital da República.
Apesar do
fato, eu estava bem informado dos acontecimentos nacionais, em especial, a
situação do governo de Jango. Confesso que torcia contra seu governo, devido ao
meu engajamento na Igreja, que para demonstrar sua posição promovera a “marcha
contra”. A outra questão dizia respeito ao temor ao comunismo, sentimento que a
igreja divulgava com ardor.
Outra fonte
de informação partia dos professores. Lembro bem do padre Luiz Ruas e do
professor Carlos Eduardo (ambos inveterados fumantes), e mais o professor
Origenes Martins. Todos com intensa militância política junto a Ação Católica,
com mais destaque junto aos estudantes. Um dia, eles não apareceram para as
aulas. Passaram os dias, nada. Então, soubemos que os mesmos estavam “de
férias”, ou seja, estavam devidamente em segurança, pois as prisões se
sucediam. Detalhe: padre Ruas, na época, passou 40 dias recolhido ao xadrez do
27 BC, atual 1º BIS, no bairro de São Jorge.
Portanto, a
minha primeira recordação é a melhor possível, pois, na condição de estudante,
passei dias sem professores. Na direção do seminário a tensão era concreta, mas
não foi incomodada.
No dia 31 e
seguintes, depois que a notícia da derrubada do governo adentrou o colégio,
interessei-me por detalhes. Esses detalhes somente eram conseguidos no
radioamador existente na Casa, manipulado pelos padres Onias Bento e Tiago Braz
e pelo professor Amarílio Pinto. As rádios locais pouco ou quase nada
ofereciam, por isso, o mais indicado era recorrer à Voz da América (como indica o título, órgão de divulgação do
governo norte-americano). Certamente, como indicam as publicações atuais, este
governo colaborou com o golpe, por
isso as notícias eram as mais alvissareiras. (segue)
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