CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quarta-feira, setembro 21, 2011

Revista da Faculdade de Filosofia

Em 1970, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), sob a direção do professor João Chrysóstomo de Oliveira, então pertencente à Universidade do Amazonas (UA), produziu sua primeira revista, intitulada de Temas em Foco, e impressa nas oficinas da extinta editora Sérgio Cardoso (rua Joaquim Sarmento, 78).

Capa da Revista

Temas em foco, ao circular, seguia a orientação do corpo redacional dos professores Mário Ypiranga Monteiro e Genesino Braga. Contou com a colaboração de alguns mestres, entre estes, cônego Walter Nogueira, padre L. Ruas, frei Alberto de Manaus (prof. José A. Araújo), Iraclito Chaves Garcia, Neide Ferreira de Souza.

Para registrar este documento, reproduzo a apresentação da revista pelo diretor, em Anteloquiando, e o texto do cônego Walter Nogueira sobre o aparecimento da Faculdade de Filosofia.




ANTELOQUIANDO

Lançando TEMAS EM FOCO, órgão publicitário e divulgador desta Faculdade, atendemos a dois imperativos - o imperativo regimental e o de ordem cultural.

Quase que diariamente recebemos publicações de unidades universitárias do Sul, com pedidos de permuta aos quais ainda não podemos atender.
Prof. João Chrysostomo

Ainda que com apresentação modesta, entregamos ao mundo universitário este órgão com o ideal de servi-lo e com o justo anseio de receber suas preciosas lições em artigos, apreciações, colaborações outras.

A Faculdade de Filosofia é uma Unidade Universitária que exige intercâmbio de ideias, debates de teorias e doutrinas, comércio de experiência e processos, em uma tribuna de comunhão de princípios para uma legítima formação da mentalidade magisterial

TEMAS EM FOCO propõe-se a ser esta tribuna que poderá ser ocupada por todos os mestres.
O mundo hodierno, conturbado e desunido precisa de lideranças equilibradas que surjam de um magistério sereno e imparcial que encare os fenômenos sociológicos, com verdadeira naturalidade científica.
O professor não pode ser um apaixonado a não ser pelo ideal de servir e orientar para o bem.

O professor não deve ser um egoista que lidera pela mórbida sede de primazia e mando. Deve ser antes de tudo um bom que sabe renunciar pelo bem da educação, pelo bem do educado, pelo bem da comunidade.

Este modesto órgão visa a este ideal de estabelecer uma verdadeira comunhão de propósitos construtivos no seio da decência orientada para a segurança, satisfação e bem-estar da discência em marcha para grandeza do espírito universitário da nossa terra.

Professor João Chrysóstomo de Oliveira, diretor

ASSIM NASCEU A FACULDADE

Cônego Walter G. Nogueira

O atual diretor, professor João Chrysóstomo de Oliveira, pede-me que recorde traços originais de nossa Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Amazonas, parece-me que a solicitação entende apenas a narrativa espontânea de quem acompanhou de perto a vida inicial dessa escola, porque os dados históricos e documentários estão fielmente publicados em Sindérese sobre a Faculdade de Filosofia do Amazonas, obra lançada por Sérgio Cardoso Editores, em 1962, espécie de processo histórico do nascimento da Faculdade, entremeado de rápido ensaio de sociologia, que a importância da causa me fez divulgar.

Ali, faço questão de frisar, não se encontrará dado algum que revele façanha pessoal, mas somente narrativas de fatos rigorosamente documentados, nos quais as ações individuais debilitam-se para aparecer em relevo o mérito do conjunto. Muita gente se empenhou decididamente pela organização e pelo funcionamento de nossa escola, que desafiava, então, a boa vontade e esforços de tantos, há vinte anos.

Foi o governador Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo quem levou a bom termo as aspirações de todos, através da ação conjugada de auxiliares de sua administração perante a quase inacessível diretoria do Ensino Médio Superior, do Ministério da Educação, nas mãos rigorosas do prof. Jurandyr Lodi.

Começou a funcionar atendendo às exaustivas exigências ministeriais, inclusive com seu Regimento, aprovado em caráter definitivo, pelo portentoso Conselho Federal de Educação, com os cursos de Filosofia, de Pedagogia e de Matemática.

Um ano depois, a primeira diretoria ingressava no Ministério da Educação com o pedido de autorização para funcionamento do curso de Química, contando com a colaboração prestimosa do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), sob a esclarecida direção do Dr. Djalma Batista, que colocou à disposição do curso solicitado os custosos laboratórios do Inpa.
Esta iniciativa foi também coroada de êxito. E até aqui me socorreu a memória com absoluta certeza, cabendo a outros dizer dos sucessos posteriores.


Quanto à sede da Faculdade julgo interessante descrever episódios. Começou a funcionar na parte superior do prédio onde funcionou, até há bem pouco tempo, a Faculdade de Ciências Econômicas, à rua José Paranaguá. Perante o Ministério da Educação, recordo-me perfeitamente dessa circunstância, não havia entre as duas Faculdades, nem locatário, nem locador; ambas se investiam na posse do imóvel com igualdade de direitos.

Alguns diretores da Faculdade de Ciências Econômicas, por ser mais antiga, não entendiam essa equidade jurídica... E a Faculdade de Filosofia tratada como inquilina teve que abandonar o prédio, evidentemente insuficiente à grande tarefa universitária.

A atual sede da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, e antes das remodelações que foram feitas, foi ESCOLHIDA, NEGOCIADA E COMPRADA em virtude de promoção valiosa e pessoal de um professor da casa, com o estímulo e apoio de um grupo de homens de negócios de nossa praça, ainda todos vivos e ufanos do próprio gesto.

Esta afirmativa embora pareça enfática e altiva, contrariando versões sobre o problema, é absolutamente verídica. O professor da casa (seria melhor silenciar) é o signatário deste artigo; e os industriais e comerciantes podem ser nomeados um a um, se fosse o caso, com o depoimento testemunhal do presidente da Fundação Universidade do Amazonas, naquela ocasião, o Dr. Milton Nogueira Marques, e que foi inclusive consultado quanto à escolha do imóvel a ser adquirido.

O mérito incontestável do governador Arthur Cézar Ferreira Reis está no PAGAMENTO da transação, já efetivada, e quando convidado pelo grupo a participar da feliz iniciativa. O ingresso do Governo na causa, pagando e doando, ele só, o imóvel, deixou na sombra os particulares, que se sentiram bem em aplaudir a magnanimidade governamental, esta se investindo de todos os méritos, por justa razão. Porém, sem diminuir em nada o merecimento do Governo Arthur Reis, posso afirmar que mesmo sem a lúcida compreensão dele, a Faculdade de Filosofia estaria onde hoje se encontra.

Soube posteriormente de outros tratos referentes ao mesmo assunto, sem, porém, a menor interferência nos fatos aqui expostos.

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