CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, setembro 12, 2011

Adrino Aragão


A opinião aqui exposta pertence ao poeta Jorge Tufic, e foi extraída de seu recente livro de crônicas. Em O Sonho de Tibério, publicado pela Academia Amazonense de Letras, no corrente ano, Tufic aprecia o trabalho de Adrino Aragão em Dois grandes livros.  
Adrino Aragão, em A Crítica, 30 jul. 2011

Deixei pra lá as veleidades de crítico literário em favor total das libações estéticas da leitura, esteja ela em prosa ou em verso. De preferência a leitura de textos ou construções poéticas que chegam a dispensar a letra do alfabeto pelos arranjos gráficos, etc.

Daí porque, ao dobrar a última página da novela A Cabeça do Peregrino, enquanto retorno ao Conto, não-conto & outras inquietações, ambos livros de autoria de Adrino Aragão, nenhuma outra ideia ousara interromper esse projeto, ou seja, o de continuar nesse ritmo, que até parece ir além das pautas em branco, entre as linhas estáveis da escritura.

São dois livros realmente prontos, maduros, na aparência a tratarem de assuntos antípodas - a polêmica história da Guerra de Canudos e a postura do conto em sua máxima diversidade temática e metalinguística - mas que logo se encontram na apoteose do estilo agradável, da fuga ao prosaico. Ressalte-se, ainda, o toque especulativo em direção à tese proposta.

Afinal, quem conta o quê? Um conto precisa de história? Sherazade, Nasrudin, Guimarães Rosa, cada qual em sua praia, sempre foram e ainda são o que são pela narrativa de sonhos e exemplos de sabedoria ou meritórias audácias no campo das inovações sintáticas, etc. Algo interior, pioneiro e forte, sacode as ondas de seu tempo, avança o poder da metáfora, pois nada mais se define como regra: ampliam-se, também, os mares da palavra.

Tudo para dizer ao Adrino que li, e ainda vou reler os livros citados, com muito carinho e devoção. Parabéns.

Adrino Aragão de Freitas nasceu em Manaus, em 6 de outubro de 1936. Formado em Direito, aposentado pelo Banco do Brasil. Pertence a várias entidades culturais, como a União Brasileira de Escritores–AM, Clube da Madrugada, Associação Nacional de Escritores e Sindicato de Escritores do DF. Reside, atualmente, em Brasília. Obra de ficção: Roteiro dos vivos (1972), Inquietação de um feto (1976), As Três faces da esfinge (1985), Tigre no espelho (1992).

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