Embora proceda de modesto documento – Portaria nº 268, de 1876 – para a sua criação, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas tem reconhecida ascendência sobre as demais corporações do País. Trata-se do segundo organismo instalado, precedido apenas pelos bombeiros do Rio de Janeiro. O congênere de Brasília, por se encontrar instalado na Capital Federal, tem a prerrogativa de utilizar a mesma data fluminense. Já publiquei um trabalho sobre Os Bombeiros de Manaus , bem sucinto, bem restrito. Acabo de produzir uma segunda etapa, mais encorpada, recheada de novas e vigorosas evoluções. Devido a sua amplitude, nominei-o de Os Bombeiros do Amazonas que, em etapas, será aqui apresentado.
Os mestres de história brasileira limitam ao desembarque da Família Imperial, no Rio de Janeiro, em 1808, o início da estruturação de serviços básicos. O serviço policial tanto civil quanto militar acontece nos primeiros momentos da chegada, mas o de extinção de incêndios ocorre bem mais adiante, cerca de cinqüenta anos depois. Nasce como Corpo Provisório de Bombeiros da Corte, mas, ainda que denominado de provisório, esta corporação desde então prospera de maneira categórica, com profissionalismo e competência técnica. Hoje, a competência ampliou-se; a técnica, todavia, segue atualizando-se no socorro à vida e patrimônios. Cabe registrar a prestimosa contribuição prestada pelos bombeiros cariocas aos amazonenses, em diferentes momentos: desde o pioneiro do final do século XIX à última geração instruída naquele Corpo.
Compete ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) a primazia de ser a primeira agremiação a defender o dístico: Vida alheia e riquezas salvar. Literalmente, muita água rolou desde que o serviço foi criado pelo imperador Pedro II, a 2 de julho de 1856. A competência tantas vezes testada permite ensinar aos demais bombeiros do Brasil como vencer a liça. E mais: lecionar e treinar outros discípulos, que se tornaram capazes ou se esforçam para propagar os conhecimentos técnicos dos fundadores.
Chamas descontroladas sempre causaram lutuosas tragédias, acumulando vítimas e prejuízos. Ilustra bem a dimensão do fogaréu a tela em cópia existente em quartéis de Bombeiros, como no gabinete do comandante amazonense. Nela, é possível reparar o rudimentar combate a incêndio que, apesar dos esforços, consumiu um casarão do Rio imperial (1789). Os bombeiros atuais, munidos de tecnologia e fundamentados na
melhor doutrina, vêm como ridículo o esforço daqueles enfatiotados. Outro socorro procedia do repicar de sinos das igrejas da Corte; serviu, também, para despertar nas autoridades a relevância do serviço de combate ao fogo.
No Amazonas, o surgimento da Guarda Policial, embrião da Polícia Militar, é sinalizado a partir de 1837. A Guarda, porém, não resistiu aos primeiros entraves financeiros da província amazonense, instalada em 1852. Sua extinção foi consumada ao final dessa década. Somente retorna à estrutura do governo e ao serviço da população em maio de 1876, antecedendo em apenas dois meses o serviço de extinção de incêndios. Parte do conjunto básico de Segurança Pública, polícia militar e bombeiros, tiveram partida no mesmo período, todavia, como possuem destinações diversificadas, cada qual cumpre a sua, cada qual ocupa seu espaço. Tal qual em nossos dias, em que o comando de cada corporação, embora ocupe o mesmo bairro de Petrópolis, está situado em artérias distintas.
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