Faleceu ontem,
às vésperas de festejar os 70 anos, Hélio Barboza, na cidade de São Vicente (SP).
A brutalidade do AVC atordoou os parentes e amigos, e não podia ser diverso,
afinal a lei da vida e da morte possui seus gravames. Conhecido o desenlace,
fui aos arquivos da família para postar esta homenagem. Com a morte de Hélio, a
segunda geração do casal Vicente e Adelaide Lima, do lago do Anveres, perde
mais um membro.Hélio
Hélio |
Para melhor descrever
a maneira cordata, amigável e brincalhona do primo, recorri ao mano Pedro Renato,
que teve com ele o privilégio de conviver por mais tempo e mais proximidade.
Sua gratidão, Renato anotou em texto que escreveu quando da publicação de seu
livro Pedro, o cobrador (Rio: 2018). Hélio foi o autor do prefácio do
livro.
Até a eternidade, primo Hélio!
Vamos aos
textos, reproduzidos parcialmente. Primeiro, o Prefácio:
Pedro, o Cobrador é para ser considerado, antes de tudo, um Livro de Cabeceira. A fascinante narrativa, embora linear, traz em cada capítulo lições de vida, individualizando cada etapa conquistada com muito suor, literalmente. De uma vida que nos leva a profundas reflexões, imaginando o ambiente, a locação, os costumes, a situação episódica ocorrida há cinquenta anos. O autor ainda nos presenteia com diversos relatos sobre a origem de alguns bairros, que o garoto visitava durante o seu trabalho diário, e, obviamente, se encaixam no contexto histórico da cidade de Manaus; pormenoriza algumas construções imponentes e monumentos históricos erigidos nos tempos áureos da borracha — fins do sec. XIX e início do séc. XX.
O conteúdo do livro nos mostra um autor sem
pretensões de narrar apenas, senão manter o propósito de nos fazer viajar,
protagonizar junto com o garoto, para exercer tão bem seu ofício de Cobrador de Quadros. Assim como em seus
livros anteriores, nós o vemos narrando com profunda emoção, utilizando o
cenário de sua juventude e — como ele próprio me assegurou — pinçando elementos
e personagens ficcionais para contracenar com o garoto e compor esta história
lúdica. (...)
Não poderia deixar de registrar que o entusiasmo de
Pedro é sempre revigorado com a perspectiva de, desalojando-se de sua
puberdade, encontrar a cliente especial, sempre às sextas-feiras, para receber
dela, além da prestação, o afago de suas palavras, a exacerbada dedicação e um
sorriso encantador de uma bela mulher, frequentadora assídua dos seus sonhos.
Joaquim
Hélio Barboza de Lima
Agora, o agradecimento:
Quando me preparava para
publicar mais um livro, eis que chega às minhas mãos —
no sentido figurado —, de surpresa, “os passados valorosos”, um lembranção espetacular do meu primo
distante, Hélio. O primo me surpreendeu, positivamente, ao me fazer uma
verdadeira oferenda do seu exímio relicário. Quatro cartas escaneadas, assim
como os envelopes, que escrevi para ele nos quatro primeiros meses do distante
ano de 1968, há cinquenta anos.
E
esse ano, era justamente a época em que corria a história de Pedro, o Cobrador, um livro parcialmente
biográfico, onde as cartas se encaixaram no enredo, perfeitamente, como o
sapatinho de cristal no pé da Cinderela. (...)
Assim,
à custa de um pequeno remorso, me penitencio pela minha falha, em não ter
guardado com o mesmo cuidado essas “missivas”, essas correspondências quase
infantis, trocadas na primavera de nossas vidas. Posso até debitar a culpa na
vida nômade que levei, mas não justificaria. Todavia, agora não se perdem
jamais, estão arquivadas na memória RAM do computador, no sacrário da nossa
memória, e com destaque no enredo do livro.
Aproveito
esse espaço, também, para agradecer ao primo, Joaquim Hélio Barbosa de Lima,
que emprestou a eloquência e o acalanto das suas palavras para escrever o
prefácio do livro.
A família Barbosa vai se reunindo no Alto Astral |
Que Deus possa confortar a todos familiares do primo estimado
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