CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, março 05, 2024

JOAQUIM HÉLIO BARBOZA DE LIMA |1954-2024|

Faleceu ontem, às vésperas de festejar os 70 anos, Hélio Barboza, na cidade de São Vicente (SP). A brutalidade do AVC atordoou os parentes e amigos, e não podia ser diverso, afinal a lei da vida e da morte possui seus gravames. Conhecido o desenlace, fui aos arquivos da família para postar esta homenagem. Com a morte de Hélio, a segunda geração do casal Vicente e Adelaide Lima, do lago do Anveres, perde mais um membro.
Hélio

Para melhor descrever a maneira cordata, amigável e brincalhona do primo, recorri ao mano Pedro Renato, que teve com ele o privilégio de conviver por mais tempo e mais proximidade. Sua gratidão, Renato anotou em texto que escreveu quando da publicação de seu livro Pedro, o cobrador (Rio: 2018). Hélio foi o autor do prefácio do livro.

Até a eternidade, primo Hélio! 

Vamos aos textos, reproduzidos parcialmente. Primeiro, o Prefácio:

Pedro, o Cobrador é para ser considerado, antes de tudo, um Livro de Cabeceira. A fascinante narrativa, embora linear, traz em cada capítulo lições de vida, individualizando cada etapa conquistada com muito suor, literalmente. De uma vida que nos leva a profundas reflexões, imaginando o ambiente, a locação, os costumes, a situação episódica ocorrida há cinquenta anos. O autor ainda nos presenteia com diversos relatos sobre a origem de alguns bairros, que o garoto visitava durante o seu trabalho diário, e, obviamente, se encaixam no contexto histórico da cidade de Manaus; pormenoriza algumas construções imponentes e monumentos históricos erigidos nos tempos áureos da borracha — fins do sec. XIX e início do séc. XX.

O conteúdo do livro nos mostra um autor sem pretensões de narrar apenas, senão manter o propósito de nos fazer viajar, protagonizar junto com o garoto, para exercer tão bem seu ofício de Cobrador de Quadros. Assim como em seus livros anteriores, nós o vemos narrando com profunda emoção, utilizando o cenário de sua juventude e — como ele próprio me assegurou — pinçando elementos e personagens ficcionais para contracenar com o garoto e compor esta história lúdica. (...)

Não poderia deixar de registrar que o entusiasmo de Pedro é sempre revigorado com a perspectiva de, desalojando-se de sua puberdade, encontrar a cliente especial, sempre às sextas-feiras, para receber dela, além da prestação, o afago de suas palavras, a exacerbada dedicação e um sorriso encantador de uma bela mulher, frequentadora assídua dos seus sonhos.

Joaquim Hélio Barboza de Lima

Agora, o agradecimento:

Quando me preparava para publicar mais um livro, eis que chega às minhas mãos — no sentido figurado —, de surpresa, “os passados valorosos”, um lembranção espetacular do meu primo distante, Hélio. O primo me surpreendeu, positivamente, ao me fazer uma verdadeira oferenda do seu exímio relicário. Quatro cartas escaneadas, assim como os envelopes, que escrevi para ele nos quatro primeiros meses do distante ano de 1968, há cinquenta anos.

E esse ano, era justamente a época em que corria a história de Pedro, o Cobrador, um livro parcialmente biográfico, onde as cartas se encaixaram no enredo, perfeitamente, como o sapatinho de cristal no pé da Cinderela. (...)

Assim, à custa de um pequeno remorso, me penitencio pela minha falha, em não ter guardado com o mesmo cuidado essas “missivas”, essas correspondências quase infantis, trocadas na primavera de nossas vidas. Posso até debitar a culpa na vida nômade que levei, mas não justificaria. Todavia, agora não se perdem jamais, estão arquivadas na memória RAM do computador, no sacrário da nossa memória, e com destaque no enredo do livro.

Aproveito esse espaço, também, para agradecer ao primo, Joaquim Hélio Barbosa de Lima, que emprestou a eloquência e o acalanto das suas palavras para escrever o prefácio do livro.

A família Barbosa vai se reunindo no Alto Astral


Um comentário:

  1. Que Deus possa confortar a todos familiares do primo estimado

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