Francisca, em Iquitos |
Em homenagem ao centenário de nascimento de Francisca Lima Mendonça, minha saudosa mãe, que se completa amanhã, publico a segunda nota para contar sua curta existência.
Com o retorno de Manuel do
seringal, Francisca retomou o noivado, com uma decisão incomum: casar-se, prontamente.
O desacordo com a família ainda pesava, e muito contribuía para essa disposição.
Diante do impasse, Manuel, necessitando regularizar sua situação militar, convenceu
a noiva a, no início de 1943, juntos viajarem para Iquitos (Peru). Ao final
desse ano, contraíram o matrimônio na igreja de San Juan Bautista, patrono daquela cidade.
Entusiasmada ou para dar
satisfação, Francisca remeteu uma foto do enlace, anunciando a boa nova à
família. Em Iquitos, o marido enveredou pelo comércio, cuja condução conhecia
com bastante aptidão, chegando a estabelecer-se com uma taberna. Era intenção
do casal permanecer na cidade.
Entretanto, Francisca ao anunciar
a chegada do primeiro filho, levou Manuel a retornar à capital amazonense. Era início
de 1946. Em fevereiro, o casal desembarca em Manaus, agora apoiado pela família.
Adquirem uma casa na rua Inácio Guimarães esquina do beco São José, a qual
depois de reparos serviu de moradia e de comércio.
Em junho, nasceu o primogênito:
Manoel Roberto (este que vos escreve). A Mercearia
São José, o comércio prosperava e a família também. Dois anos depois veio
outro filho: Henrique Antonio (detalhe, todos os filhos terão dois nomes próprios).
Todavia, em 1950, seu
Manuel toma uma determinação estapafúrdia: aceitando um convite de um irmão,
radicado no Rio de Janeiro, vende os bens do casal e com a família embarca no
navio Almirante Alexandrino. Em fevereiro
estamos no Rio, que ultimava os preparativos para a Copa do Mundo. O estádio do
Maracanã estava em construção.
Francisco morava no subúrbio,
em Irajá (rua Claudio da Costa). Para receber a parentada amazonense, o anfitrião
construiu às pressas um “puxadinho” de madeira, bem acanhado comparado com o casarão
deixado em Educandos. Dona Francisca deve ter experimentado uma dose severa de dificuldades:
começando pela casa sem mobília, passando pelo cunhado que, separado da mulher,
cuidava de três filhos. Havia ainda a distância do trabalho do esposo e,
certamente, as dificuldades financeiras.
Ao final desse ano,
Francisca anunciou ao esposo a chegada do terceiro filho, que se chamaria Pedro
Renato. A gestação da esposa deve ter acelerado o desejo de Manuel em retornar
com a família para Manaus. Assim aconteceu. Creio que em março de 1951, estávamos
de volta para o mesmo bairro, para a mesma rua, contudo sem a taberna. Em junho
nasceu o terceiro filho, que foi para ela o derradeiro. (segue)
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