Identificação do autor, 1965 |
Anotação para contar meu ingresso na
Polícia Militar do Amazonas (PMAM). Começo por relembrar que durante o curso do
NPOR, que participei em 1965, estivemos (eu e outros colegas) no quartel da
Praça da Polícia, a procura de “emprego”. Os contatos foram realizados com o tenente-coronel
Neper Alencar, então o subcomandante. Mas, era indispensável a conclusão do
curso para o ingresso na Força e a efetivação no oficialato.
O curso terminou em 11 de fevereiro com a
solenidade de formatura sucedida no pátio do 27 BC (hoje 1º BIS), presidida pelo
governador do Estado Arthur Reis. No dia seguinte, numa sexta-feira, foi
realizado o baile de formatura no Ideal Clube (um dos points nobres da cidade).
A partir daí, morador do Morro da
Liberdade, e ainda desorientado pelo longo período de internato no Seminário, passei
a me preocupar com o sustento e, por isso, estava à cata de trabalho. Até enfrentei
um, por uma semana, numa funilaria “de fundo de quintal”, situada no início da rua
Carvalho Leal, na beira do igarapé do 40, fabricante de cadeiras de ferro, com assento
de plástico, imitando “macarrão” (ainda hoje encontradas).
Seguia sem buscar o andamento da solicitação
junto à Polícia Militar. Nesse pit stop,
por motivos afetivos, aceitei trocar o Morro pelo bairro de São Jorge, ocupando
um quarto de estância. Foi nesse endereço ignorado, que o colega Osorio Fonseca
me alcançou em uma manhã de sexta-feira para anunciar “uma boníssima nova”: nossa
(porque ele também estava contemplado) inclusão na Força Policial.
Recorte do decreto nomeatório |
Anos depois, nas minhas andanças em
arquivos, recortei o decreto 575, 2 de junho (quinta-feira), que me incluía na
PMAM, em caráter provisório. Estava (e os demais) comissionado no posto de
segundo-tenente, sujeito a um período de estágio e de comprovação final. Nada
disso, porém, para meu gáudio foi executado. Novo decreto me tornou efetivo. Assim,
ingressei sem passar pela banca examinadora nem pelo serviço médico, apenas
enfrentei a alfaiataria do subtenente Nonatão, para as medidas da farda caqui, apelidada,
entre outras pérolas, de cor de “burro quando foge”.
Osório, naquela manhã, deu-me uma instrução
básica: apresentar-me na segunda-feira no comando da Polícia Militar, para assumir
o posto. Ainda relembro as fantasias e as suspeitas que me acometeram naquele longínquo
final de semana. Ora pensava na condição de funcionário, de assalariado; ora na
situação de oficial da PMAM, apesar do quartel decadente; ora na consequente evolução
da carreira. De outro modo, imaginava que aquela conversa não passava de um
trote, de uma “pegadinha”. Como não dispunha de meios para averiguar, melhor seria
cumprir a ordem.
E foi o que fiz na manhã de 6 de junho, bendita
segunda-feira. Desci do ônibus na Estação e caminhei em direção à Praça da
Polícia. De longe, esgueirando-me entre as árvores, observava a movimentação no
Café do Pina (à época, ao lado quartel), ponto de reunião da turma. A turma
estava quase completa, e esse reencontro tornou-se, ainda mais naquela circunstância
faustosa, um momento de refrigério.
À frente, o tenente Osório, pela
antiguidade, conduziu-nos ao Quartel da Praça da Polícia, contando com pouco mais de 900 homens, e, desse modo, abria a
primeira página de nosso gênesis na corporação militar do Estado. Dos nove tenentes
de 1966, restam cinco coronéis reformados – Osório Fonseca, Amilcar Ferreira, Odacy
Okada, Ruy Freire e eu, comemorando os Setentanos de idade.
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