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sábado, agosto 15, 2015

IGREJA DE N. S. DOS REMÉDIOS (1)


Prossigo com a segunda parte da publicação sobre os vigários desta paróquia, cuja relação foi extraída do livro EGREJA DOS REMEDIOS, de autoria de J. B. (João Batista Faria e Souza), publicado em 1927 pelo Diário Oficial do Estado.


Atual igreja de N. S. dos Remédios (2005)


Os vigários da capela de N. S. dos Remédios desta cidade, desde 1850 à 1927: 


A 19 de agosto de 1882 o padre Dr. Santos Pereira seguiu, doente, para a capital da Bahia, donde era filho. Ali faleceu a 22 de outubro daquele ano. Contava 58 anos de idade, pois nascera em 1824. Fora casado, negociante, lavrador, subdelegado de polícia e capitão da Guarda Nacional na sua província, Bahia.
 Residiu em Manaus por mais de doze anos. Era o irmão mais velho de Dom Manoel dos Santos Pereira, que faleceu como bispo de Pernambuco.
 Dom Manoel nascera também na capital da Bahia, a 12 de março de 1827. Recebeu a ordem de presbítero em 1853. Foi visitador do arcebispado da Bahia em 1856, e depois professor no seminário, cônego da Catedral, examinador sinodal, vigário-geral e desembargador da Relação Eclesiástica. Distinguido com o título de prelado doméstico do Santo Padre Pio IX, serviu, duas vezes, como vigário capitular da Bahia. Em 1890, preconizado bispo titular de Eucarpia e nomeado bispo auxiliar de Dom Antonio de Macedo Costa, no Pará e Amazonas, foi sagrado em São Paulo, a 31 de agosto do mesmo ano.
 Eleito bispo de Olinda em 1893, tomou posse da diocese, a 29 de dezembro desse ano. Sentindo-se agravarem-se os seus padecimentos em Pernambuco, retirou-se para a capital da Bahia, onde faleceu a 25 de abril de 1900.
* * *O padre José Lourenço da Costa Aguiar (que mais tarde foi o primeiro bispo da Diocese do Amazonas), foi nomeado vigário-geral do Alto Amazonas por provisão do Bispo Dom Antonio de Macedo Costa, de 9 de janeiro de 1877, em substituição ao padre Dr. Santos Pereira. Aqui chegando, prestou juramento e entrou em exercício a 16 do mesmo mês. A 29 de abril retirou-se para Belém, onde, ao chegar foi, por Portaria do governador do bispado, cônego Sebastião Borges de Castilho, de 4 de maio, nomeado cura interino da freguesia da Sé e assumiu o exercido no mesmo dia. Foi confirmado no curato, por provisão de D. Antonio, de 22 de novembro desse ano, e nele sempre reconduzido até 1889, quando pediu e obteve exoneração.
 O padre Costa Aguiar, proposto por Dom Antonio, em 2 de agosto de 1876, para a cadeira de cônego da Sé, vaga pelo falecimento do cônego Estulano Alexandrino Gonçalves Baião, foi apresentado, por carta imperial de 18 de janeiro de 1877, pela Princesa regente em nome do Imperador. Confirmado nesse cargo, de acordo com as instituições canônicas, por provisão de 13 de março do mesmo ano, passada pelo governador do bispado, cônego Borges de Castilho, quando o padre Costa Aguiar saiu de Manaus, a 29 de abril, já era cônego da Sé do Pará. O padre Raimundo Amancio de Miranda, nomeado vigário-geral do Alto Amazonas e vigário interino da freguesia de Nossa Senhora dos Remédios desta capital, por portarias do Bispo Diocesano, Dom Antonio de Macedo Costa, datadas de 11 de novembro de 1878, chegou a Manaus a 6 de dezembro do mesmo ano.
 No domingo, 22 do mesmo mês, às 7 horas da manhã, instalou a nova paróquia de N. S. dos Remédios, instituída canonicamente pela provisão de 22 de outubro daquele ano do Sr. Bispo Diocesano. Disse a sua primeira missa paroquial, produzindo nessa ocasião um formoso discurso.
 O Amazonas, o decano da imprensa de Manaus, naquela época, assim noticiou a instalação da paróquia de N. S. dos Remédios, na sua edição de 25 de dezembro:
"No dia 22 do corrente mês, às 7 horas da manhã, foi instalada a paróquia de N. S. dos Remédios pelo vigário-geral da província do Amazonas, o padre Raimundo Amancio de Miranda, que chegou a esta capital no dia 6 do dito mês, vindo a bordo do vapor Marajó.Sua Revma., depois de ter celebrado o santo sacrifício da missa, ato este que foi bastante concorrido, fez uma predica que a todos muito satisfez.
A tão distinto sacerdote, pois, cumprimentamos e dirigimos os nossos emboras, não só pela sua chegada entre nós, como pela mencionada instalação".
 Estão ainda muito vivos na memória do povo, para que os recordemos agora, os assinalados serviços prestados a esta terra, que era a sua, pelo benemérito amazonense padre Amancio de Miranda.
Educado sob os auspícios do genial bispo Dom Macedo Costa, que tinha o segredo, no dizer de um jornalista contemporâneo, "de procurar pérolas esparsas nas densas florestas amazônicas e com elas ornar o céu da ciência." O padre Amancio de Miranda chegou com o talento de que dispunha a emparelhar à figura homérica de seu benfeitor: tal a eloquência de sua palavra, tal o prestígio de sua autoridade.
 O padre Amancio de Miranda não foi só um distinto sacerdote, um orador consumado, um notável jornalista, mas, a par de tão eminentes qualidades de espírito, sua revma. ocupou as mais elevadas posições sociais, que a um amazonense, até então, foram dadas a ocupar em sua terra: foi presidente da Província, por duas vezes; fundador da Santa Casa de Misericórdia e seu provedor; fundador da paróquia de N. S. dos Remédios e do patrimônio da Diocese; diretor geral da instrução pública; diretor geral dos índios; professor do Lyceu Amazonense, hoje Gymnasio Pedro II; diretor do Instituto Amazonense; reitor e professor do Seminário de São José, onde se prepararam muitos moços, que, atualmente, ocupam saliente papel na alta magistratura, no funcionalismo público, no comércio e nas profissões liberais etc.
 Não foi um desconhecido que passasse pelas altas regiões do poder, foi um benemérito da Pátria, filho do trabalho e da pobreza honrada que, no esforço próprio e no mourejar de cada dia, conseguira elevar-se entre os seus concidadãos, exercendo posições eminentes na administração pública do Amazonas.
 No período agitado da Questão Religiosa, o padre Amancio de Miranda, ainda muito moço, prestou assinalados serviços à Igreja, distinguindo-se na tribuna e na imprensa, onde fez espargir as primícias de sua peregrina inteligência ao serviço de uma vasta erudição. Da sua vida de combate intensa e fecunda legou aos seus conterrâneos, à esta terra que ele tanto amara, a lição exemplaríssima de ser grande nos faustos do poder e maior ainda na constrição da adversidade, de ser pobre, quando dispunha do prestigio do governo e ficar mais pobre ainda ao deixar o governo para voltar à obscura mais sublime missão do apostolado católico. Falaremos do padre Amâncio de Miranda mais adiante.
* * *Em 1880, em substituição ao padre Amâncio de Miranda, que fora nomeado reitor do Seminário de São José, foi nomeado vigário interino da paróquia de N. S. dos Remédios o padre amazonense João Rodrigues de Assunção, que residiu cerca de dois anos entre nós e gozou sempre da estima geral, sendo muito querido dos seus paroquianos pelas suas maneiras afáveis e reto espírito.
 O padre João Rodrigues, que exercia também o cargo de professor de Latim do Liceu Amazonense, faleceu, em 10 de julho de 1882, em Tauapessaçu, no rio Negro, para onde seguira em maio, em procura de alívio aos seus sofrimentos.
"A morte desse digno sacerdote, disse o presidente da Província, Dr. José Paranaguá, ocasionou para a instrução pública da Província uma perda bem sensível". (SEGUE


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