Compartilho do jornal A Gazeta, na coluna Manaus em Foto, de 11 março 1964, para lembrar um antigo meio de transporte, de mudanças e de vendas. Entre outros recursos. Falo da carroça que não mais se vê na capital amazonense. Mas, ainda existem em capitais do país. Lembro-me da mudança que a família realizou indo de Educandos para o Morro da Liberdade utilizando este meio de transporte. Para os garotos da casa foi uma farra, indo e vindo na boleia. A legenda relembrou os mais conhecidos geleiros e a fórmula de venda. Estou certo de que somente os setentões podem lembrar outros detalhes. De fato, é o progresso...
A carroça e o geleiro bem descritos no texto da legenda (abaixo)
Antigamente não era assim. Quando havia “gelo
cristal”, as geladeiras de fabricação doméstica proliferavam e não havia as “Frigidaires”,
apelido popular das geladeiras elétricas quando surgiram. O carro era
diferente, coberto, revestido internamente de folhas de flandres para proteger
o produto. E o dono da carroça, do burro e do gelo eram nossos patrícios de ultramar
que fizeram fortunas no comércio, como o Felipe Geleiro, de sempre lembrada
memória e espólios e o Alonso, outro campeador das ruas, levando frescuras às
multidões.
Com aquelas grandes bolsas de couro presas
ao cinto, onde guardavam o “tutu mimoso”, que amealhavam com prazer. Até nos estribos
e nas rodas as carroças antigas eram diferentes. E a boleia também, com um
pouco mais de conforto. Os estribos eram maiores e um pouco mais de atrás. As
rodas eram grandes, de madeira, com aros de ferro, no estilo das boas carroças
de antanho. Os donos da carroça, do gelo e do burro, invariavelmente, usavam
chapéus de massa e somente estacionavam nas esquinas. Tinham uma balança,
daquelas de pendurar, pra pesar o gelo, dando o desconto devido.
Mas o
progresso chegou, o gelo a domicílio perdeu seu cartaz, o Felipe Geleiro morreu
deixando uma fabulosa fortuna e de tudo restou apenas o burro. Não é o mesmo, mas
nada mudou no aspecto, perdendo apenas os antolhos. É que hoje em dia, mesmo
sendo burro ninguém se conforma mais em olhar só para a frente: Daí...