Hoje (1º de abril), completam-se 25 anos do falecimento do padre-poeta L. Ruas (Luiz Augusto de Lima Ruas), autor de Aparição do Clown, longo poema religioso, editado em 1958. Intentei realizar uma homenagem pública ao poeta, porém, fracassei. Lamento, mas a direção da arquidiocese de Manaus – procurada - não acolheu minha pretensão. A fim de reverenciar ao poeta, reproduzo (com ligeiras correções) o texto próprio que incorporei ao livro L. Ruas: poesia reunida (2013).
Minha paixão por L. Ruas
Possuo um raro privilégio: o vínculo escolar com o padre Luiz Augusto de Lima Ruas (L. Ruas), quando matriculado no Seminário São José, de Manaus. Ali, em 1956, alcancei o padre Ruas no frescor de sua juventude, ordenado sacerdote dois anos antes. Sapiente e entusiasmado demais com sua vocação, liderança comprovada em qualquer reunião de seminaristas. Versado em diversas matérias curriculares, ensinou aos futuros padres ou não de línguas vivas e mortas (latim e grego), passando por Gramática e Literatura Brasileira, Filosofia e Teologia. Seus inúmeros alunos da Universidade Federal do Amazonas lembram-se dele como mestre em Psicologia. No Seminário, ainda adolescente, não tive capacidade de auferir a ciência que dele emanava. Recebi de suas mãos o majestoso livro — Aparição do clown, longo poema religioso, quase indecifrável, de certo um marco na literatura amazonense. Mas, tudo isso somente compreendi décadas depois.
Em 2004, a cidade comemorava
vários cinquentenários: de sua ordenação sacerdotal; da criação do apagado Instituto
Christus; da inauguração da Rádio Rio Mar e da fundação do Clube da Madrugada.
Para minha admiração, em todas estas organizações, Ruas havia participado, e de
forma categórica.
L. Ruas morreu em 1° de abril
de 2000, há vinte e cinco anos, portanto. A fim de homenageá-lo no limite de
minha competência, projetei e estou cumprindo o recolhimento de sua obra
literária dispersa nos jornais de Manaus. A propósito deste empreendimento, o
saudoso Renan Freitas Pinto designou-me com a incumbência esdrúxula de "curador
da massa literária” de L. Ruas. Devo confessar que a faina foi dificultosa,
emperrada e, às vezes, desanimadora. Foi-me, porém, benevolente, por ter-me
permitido comprovar a sapiência e a erudição do meu saudoso mestre.
Enfim, ainda encontro, aqui e
ali, fuçando em jornais da época, alguma contribuição dele. A Poesia Reunida de
L. Ruas, aqui organizada, objetiva não somente assinalar sua morte. Mas, e principalmente,
revitalizar a arte otimamente praticada por ele. Espero ter cumprido satisfatoriamente
o ônus assumido, e que o leitor se satisfaça com este conjunto de "estrelas
e de pérolas".