CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, maio 18, 2025

DIA DAS MÃES (2ª PARTE)

 Por óbvio, o domingo Dia das Mães foi o domingo passado. Nele publiquei versos sobre a data. Mas por questão de saúde, tanto do corpo como do material de informática, deixei a crônica de Renato Mendonça para depois, e assim a semana passou. Eis a motivação para esta segunda parte dos festejos. Renato recorda com soberbo espírito filial a Mãe-avó Victoria e as Mães Francisca e Doroteia. Que elas - ainda aqui - na nossa lembrança, nos abençoe.  




AINDA ESTÃO AQUI

11.05.2025 

Quando eu a vejo, imolada em um pequeno e belo quadro, fixado na parede azul-claro do meu quarto, e olho em seus olhos, sinto que ela esteve conversando com o Senhor; intuo que ela está aqui entre nós e quer me transmitir seus ensinamentos aprendidos na curta passagem pela vida terrena, com os de agora, na vida espiritual. Não sei como isso pode acontecer, mas tenho certeza de que acontece...

Recebo sua mensagem metafísica mesmo ausente, sem estar ali na sua presença. Às vezes, acredito que o Criador quer me motivar e a usa para isso: abastece-me com a força da sua fé, cumula-me com o discernimento para invocar a sacralidade das coisas, como se fosse um modo de escutá-Lo; faz-me compreender a emblemática da nossa natureza humana, a fim de percorrer o difícil caminho da felicidade. E me envolve numa dinâmica de encontros com Ele.

É místico! É mágico e esplêndido sentir esses fluidos positivos invadindo nossa alma, apesar de parecer estranho para a maioria das pessoas. Porque esse comportamento transcende o entendimento habitual, as pessoas só acreditam em coisas palpáveis e não percebem que o que movimenta o nosso corpo é o espírito. E esse espírito — teologicamente imortal! — não tem idade, não se presta ao descanso físico; quer nos animar sempre, mesmo que as adversidades estejam presentes.

Não desejo individualizar esta homenagem, a despeito de a introdução se referir apenas à minha mãe, Dona Francisca Pereira Lima. Quem me deu à luz, assim como a mãe de Jesus, representa todas as mães com quem pude conviver e me abastecer de seus carinhos e ensinamentos. Reconheço que Deus, na sua incontestável sapiência e sacralidade, quis, na sua forma humanizada, também ter uma mãe aqui na terra — Maria.

E assim, convivi com algumas mães, com os seus diversos carismas, mas com seus encantamentos únicos, sublimes. Mulheres que abraçavam a paixão para enfrentar os desafios do cotidiano; que evocavam a força da fé para obter as armas necessárias ao “bom combate”. Eu sou fã de todas as mães verdadeiras, aquelas que sofrem ou se encantam com seus filhos, aquelas que têm a empatia materna tatuada no coração; há aquelas que, além de cuidar e educar os filhos, ainda têm a vocação de filha dedicada. Nutro por essas espetaculares criaturas humanas um sentimento de admiração, de carinho e, simbolicamente, quero consagrá-las no altar da glória de Deus. 

Neste dia, escolhido em um domingo do calendário exclusivamente para homenagear essas altivas criaturas humanas, desejo me congratular com todas elas, com essa legião de anjos terrestres e celestes.

Além de minha mãe, não posso deixar de recordar minha avó peruana, Dona Victoria Malafaya. Uma mulher iletrada, mas sábia na condução de uma família destroçada; que soube suprir, como uma matriarca, a perda de minha mãe, falecida precocemente. Ensinou-me o caminho do discernimento juvenil e, também, o seu idioma castelhano, que ainda hoje carrego comigo na mente e no coração. Livrou-me muitas vezes dos castigos que meu pai queria me infligir, devido às minhas peraltices. Com sua sabedoria inca, apenas o fazia refletir que eu era um menino ainda, órfão, e necessitava de amor, carinho e compreensão. E ela soube, em raros momentos de sua vida, me doar esses sentimentos.

Dona Doroteia Santos foi uma madrasta revestida com uma auréola de mãe verdadeira. Sofremos juntos as dificuldades de uma família humilde numa cidade sem perspectiva econômica dos anos 1960. Ela ensinou-me como lidar com as adversidades e me mostrou um estoicismo incomum para uma mulher com sua limitação cultural. Com ela, aprendi que o trabalho dignifica qualquer pessoa, em qualquer idade; aprendi como cuidar dos meus irmãos menores, da nova geração, que brotava ano a ano; ao lado dela descobri que para ser feliz não necessariamente precisamos de bens materiais, precisamos ter fé no futuro e se rejubilar com o momento presente. Com aquilo que Deus nos oferece em cada etapa da nossa vida. É fato, elas ainda estão aqui dentro de mim, na minha mente e no meu coração.

A todas as mães, em todas as dimensões, reitero minha congratulação e meu apreço. Fiquem todas com Deus!

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