A saúde não me permitiu atender ao convite de um
amigo para discorrer sobre a construção do Ginásio Amazonense
Pedro II, ou Colégio Estadual, de nossos dias. Em busca de
informações, consegui na Biblioteca do Museu Amazônico um exemplar que reproduz
um relatório sucinto sobre a evolução das obras, escrito após a centenária Intervenção
Federal de Alfredo Sá (1925) no Amazonas. Realizei a cópia que vai nesta postagem, acatando a ortografia vigente.
Ginásio amazonense “pedro II”
Localização:
avenida Sete de Setembro. Limites: ao N. a rua Henrique Martins; ao S. a praça
da Constituição; a L. a avenida 13 de Maio; a O. a rua Jorge de Moraes. Custo:
933:824$092 (réis) Valor atual 3.000:000$000
Característicos: O Ginásio Amazonense Pedro Segundo,
antigo Liceu, é todo de alvenaria de pedra e tijolo, construído no centro de um
amplo terreno gradeado de ferro, com três portões na frente e dois atrás. Tem
dois pavimentos e um porão todo ladrilhado, apresentando uma bela fachada de
cantaria.
Dimensões:
ao N. tem o terreno 78m79; ao S. 85m30; a L. 66m80; a O. 61m45. O edifício propriamente
tem 37m30 de largura por 46m30 de fundo; 8m08 de pé direito do pavimento térreo
e 5m94 de pé direito ao primeiro andar.
Ao
fundo do edifício existe uma pequena casa, em forma de chalé, toda de alvenaria,
a qual fora construída para gasômetro, servindo atualmente para morada do porteiro;
a L. existe um grande pavilhão, também de alvenaria, o qual fora construído para
ginástica e onde atualmente funciona o Jardim da Infância.
Histórico:
o edifício do Ginásio Amazonense
Pedro Segundo foi mandado construir pelo presidente da então província, Dr. Sátiro
de Oliveira Dias, autorizado pela lei 506, de 4 de novembro de 1880. Essa lei
autorizava o governo a dispender a quantia de 30:000$000 com aquisição do
terreno, planta, orçamento e primeiras obras.
Os planos e desenhos
foram executados pelo major de engenheiros Dr. Dionísio E. de Castro Cerqueira,
que na Republica foi ministro dos Negócios Estrangeiros.
Em 25 de março de 1881
foi colocada, pelo referido presidente, a pedra inaugural, previamente benta pelo
vigário da freguesia de N. S. dos Remédios, padre João Rodrigues de Assunção. A
9 de maio do mesmo ano, o Tesouro Provincial contratou com Ismael Vitorio Gomes
a construção dos alicerces, à razão de 24$000 por metro cúbico. Como o terreno não
fosse consistente, foi necessário dar aos alicerces maiores espessuras do que
as marcadas no plano geral.
Tendo sido entregues a
9 de janeiro de 1883 as pedras de cantaria para o soco(?) da fachada principal,
cujo fornecimento fora contratado a 4 de maio de 1882 por José Cardoso Ramalho,
pela quantia de 3:774$085, mandou a presidência da Província fosse chamada concorrência
para o assentamento do mesmo soco. Aceita a proposta de Antonio Ruibal, que se
obrigara a fazer esse trabalho por 540$000, lavrou-se o contrato a 22 de
fevereiro, ficando pronto o serviço a 12 de março do mesmo ano. O fornecimento
da cantaria precisa para as soleiras, ombreiras e vergas de 24 janelas do
pavimento térreo, foi contratado com José Cardoso Ramalho. A construção das paredes
e colocação do vigamento do pavimento referido, foi contratado com o Dr. João
Carlos Antony, a 20 de janeiro de 1883. As obras arrematas por este contratante
foram suspensas a 28 de outubro desse ano, por falta de crédito.
A 31 de julho do mesmo
ano resolveu a presidência da Província que as obras do edifício continuassem
por arrematações parciais e mandou, à vista disso, organizar o orçamento da
quantia necessária à conclusão de todos os trabalhos. Esse orçamento foi
apresentado a 3 de dezembro. Por ele as despesas foram calculadas em
220:123$081, dando, porém, a província a cantaria precisa para as colunas, pilastras
e cimalha da fachada principal.
A lei 640, de 16 de
maio de 1884, autorizou o presidente da Provincia, Dr. Teodoreto Carlos de
Faria Souto, a concluir o edifício. A 21 maio desse ano, José Cardoso Ramalho,
Leonardo Antonio Malcher e Manuel Coelho de Castro assinaram no Tesouro
Provincial contrato para conclusão das obras pela importância de 259:745$235.
A 26 do mesmo mês e ano
começaram os trabalhos, que foram suspensos a 30 de setembro, por não terem os
arrematantes recebido as prestações, em consequência do mau estado financeiro
da Província. Recomeçados a 12 de outubro [1884], a 5 de setembro de 1886 foi o
edifício recebido provisoriamente, verificando-se a recepção definitiva depois
de decorridos seis meses destinados a provas, a 12 de abril de 1887, na
administração do Dr. Ernesto de Vasconcelos Chaves.
O edifício, porém, não
estava concluído, como se verifica dos fotogramas junto. Faltavam-lhe os muros
e gradis de cimento e outras pequenas obras complementares que não foram incluídas
nos orçamentos anteriores. Esses trabalhos, bem como a modificação da
escadaria, preparo do chão do porão, que foi todo cimentado, sendo as amplas
salas de L. ladrilhadas, foi feito nas administrações do Dr. Fileto Pires e
coronel Ramalho Junior.
Parte do terreno em que
se acha este edifício pertencia ao que foi comprado a Custodio Pires Garcia,
pela quantia de 12:000$000 [doze contos de réis], em que se construiu o atual
Quartel da Força Policial; parte foi desapropriado ao tenente João Sebastião da
Silva Lisboa, pela quantia de 8:000$000 [oito contos de réis].
A construção do pavilhão
de ginástica foi feita por Florêncio Rodrigues de Almeida, custou 71:551$260.
Estado
de conservação: Passou por grandes consertos no governo do Dr. Alfredo Sá, benemérito
Interventor Federal, achando-se em ótimas condições.