CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, maio 30, 2025

MASTRO DE SÃO SEBASTIÃO

Repassando o arquivo do extinto jornal A Gazeta, encontrei uma coluna bem sugestiva: A cidade em foto, onde a cada dia um detalhe singular era exibido. Nesta postagem reproduzo a informação da edição de 20 de janeiro de 1964, dia comemorativo de São Sebastião, que é exibido na Igreja e outras crenças caçado por flechas.
Então, eu morava no Morro da Liberdade, um bairro em formação. Lá estava o terreiro com o mastro que ilustra a postagem. Era uma festa, de fato. Não conheço hoje onde se mantém a tradição. 

 


 SÃO SEBASTIÃO É GUERREIRO MILITAR  

-- O negócio começou há muitos séculos, numa homenagem à Mãe Natureza. Cultuava-se a árvore, símbolo da fecundação. Não sabemos como veio para o Amazonas, trazido por nossos avós, para se tornar no ritual tão conhecido na capital e no interior do Estado, como a Festa do “Pau-do-Santo”, que, na maioria, se divide em três comemorações. O levantamento, a derrubada e o arranca-toco.

Os terreiros de Manaus estão hoje celebrando o dia de São Sebastião, e há uma semana houve a “plantação do mastro”, que esta noite será derrubado. É um ritual bonito, sendo constituída uma comissão, integrada do juiz, mordomo etc. Os festeiros se organizam para a derrubada, cabendo ao juiz a primeira a última machadadas. Muita bebida, muita comida, com os tambores batendo, marcando o ritmo das danças. O mastro fica enfeitado, com muitas frutas, devido à sua origem, dedicada à Natureza.

quarta-feira, maio 28, 2025

LUIZ BACELLAR (1928-2012)

Acabo de resgatar uma homenagem prestada ao saudoso poeta Luiz Bacellar, falecido em 2012, publicada no matutino A Gazeta (22 janeiro 1964), cinco anos após a conquista do Prêmio Olavo Bilac, da Prefeitura do Distrito Federal, hoje Rio de Janeiro, com o livro Frauta de Barro. A tertúlia teve o julgamento de poetas de maior expressão nacional. Não obstante a láurea, o amazonense Bacellar optou por viver na margem esquerda do Rio Negro, onde publicou inúmeros poemas e destacados livros, legando a tradição de excepcional mestre. 


“É NATURAL QUE O EFEITO AGRADE /

SEM LEMBRAR OS ANDAIMES DO EDIFÍCIO”

 ---- Todos cantam sua terra, disse um poeta. Luiz Bacellar não quis tanger as cordas da lira, preferindo uma “Frauta de Barro” para, em acordes maviosos, mostrar um cântico todo seu, em louvor à sua cidade. Com suas tradições, suas histórias e estórias. Com variações que encantam pela beleza dos sons.

“Em menino achei um dia / bem no fundo um surrão / um frio tubo de argila / e fui feliz desde então”. De Luiz Bacelar e de seu livro, disseram: “Frauta de Barro” revela-nos, desde o primeiro contato, eficiente domínio do poeta sobre as palavras. Não estamos diante de uma poesia “confissão”, de uma poesia “desabafo”, porém face a uma contida estruturação do poema, face a uma escolha “consciente dos vocábulos”.

E quem disse: Manuel Bandeira, Carlos Drumond de Andrade e José Paulo Moreira da Fonseca. Precisa dizer mais desse moço modesto, desse poeta autêntico, que se chama Luiz Bacellar? Que tem livro custando um mil cruzeiros distribuído pela livraria São José, do Rio de Janeiro. Olhem a cara do moço, na foto, e os que não sabem, fiquem sabendo: é um Poeta. “Seu topo toca no céu / e a sua base se firma / nos alicerces do sono”.

terça-feira, maio 27, 2025

PMAM: MOVIMENTAÇÃO DE OFICIAIS (1988)


Em 19 de março de 1987 (dia de São José Operário), assumiu o comando da corporação o coronel Pedro Rodrigues Lustosa (1939-), em substituição ao colega Hélcio Rodrigues Motta (apesar do sobrenome, nenhum parentesco). No ano seguinte, consoante o decreto 11.015, de 24 de março, este comando promoveu uma relevante modificação na estrutura do policiamento do Estado. Na ocasião foram criados dois batalhões, retomado o emprego da cavalaria e fundadas companhias independentes.
Ainda na mesma época, coronel Lustosa operou modificações nos órgãos de assessoramento e de comando de unidades operacionais, conforme publicação do matutino Diário do Amazonas (6 maio 1988). Lembro-me de ter pleiteado a direção da DAL (Diretoria de Apoio Logístico), porém o comandante supremo não me achou com aptidão, remetendo-me para o arquivo central da Força.

Recorte do referido matutino

domingo, maio 25, 2025

POESIA DOMINICAL (5)

O autor Mavignier de Castro (1891-1970), oriundo do Ceará e instalou-se em Manaus, “suas crônicas e poemas são expressivos de seu encantamento com a majestosidade e beleza desse universo líquido e verde”, que tão bem conheceu por suas andanças como promotor público, registra Tenório Telles e Antonio Paulo Graça, em Estudos de Literatura do Amazonas.   

Paisagem foi publicado no vespertino A Tarde, em 22| maio| 1960, há exatos 65 anos, na coluna Cartão Postal.

 



Baixa a tarde diluindo lentamente

ametistas, topázios e turquesas

sobre o debrum flumíneo da Amazônia.

Aí vem a noite com a sua visitação de escuros e silêncios.

Paisagem de quatro dimensões murchando vesperalmente

num sono antigo de lianas e raízes.

Cerra-se, úmido, o verde dos olhos dos lagos

e forma um só veludo com as árvores, os barrancos e os igapós. 

Céleres gaivotas esparsas vão confundindo

as asas como aspas solitárias

gizando as solidões fluviais que fogem. 

Debruça-se o crepúsculo sobre as águas,

a tarde quieta veste-se de sombras nas alturas,

e os homens vão recolhendo à mansuetude dos casebres

as almas cheias, maduras e leves

e a certeza intemporal de uma Presença

na fácil perfeição de todas as coisas.

sábado, maio 24, 2025

DIA DA DEBUTANTE SOFIA

 Nossa filha completa hoje as festivas 15 primaveras, no dizer dos cronistas passados. Depois de escrever e apagar mensagens, decidi por expor as fotos realizadas no período. Tentei escolher as melhores, como tento há vários anos, e nada. Assim, seguem com nossos votos de absoluto progresso tanto familiar, quanto escolar e religioso. Parabéns, Sofia.

Sofia Mendonça
Nossa debutante ao longo desses 15 anos






quarta-feira, maio 21, 2025

BAIRRO DE SÃO JORGE

 Sob o título - Conheça a origem do seu bairro – o matutino Diário do Amazonas publicou, em 8 de maio de 1988, este tópico sobre o bairro de São Jorge. Resumidíssimo, bem se vê, porém, era uma fórmula jornalística de divulgar a geografia física de Manaus. Os textos acrescidos em colchetes [ ] são de minha responsabilidade, buscando aclarar um pouco mais as informações. Uma derradeira: o quartel do atual 1º BIS somente foi inaugurado no bairro em 1962.

Recorte do referido matutino

O bairro de São Jorge foi fundado no ano de 1955. Antes era conhecido como Rocinha (porque tinha roças), Pico das Águas e Morro da Coruja. Em 1954, uma estrada foi aberta pelos moradores, ligando-o ao bairro de São Raimundo. A primeira rua do bairro, rua dos Batizados, hoje Amaral dos Santos [possui o CEP 69033-200], foi aberta para dar passagem ao carro do governador Plínio Ramos Coelho, que seria padrinho de umas crianças, entre elas o filho do famoso João de Castro, que deu o nome ao filho de Plínio. Até a abertura desta estrada o único meio de transporte era a catraia do Chico Tatu, através do igarapé do Franco. Ainda em 1955, surgiu o projeto de construção da Igreja e o primeiro padre chama-se Ruas [Luiz Augusto de Lima].

Logotipo da paróquia na internet

Com a revolução de 1964, o bairro foi desmembrado em três partes: São Jorge, Jardim dos Barés e Vitória Régia (Florestal). As duas últimas partes abrigaram os moradores dos flutuantes [cidade flutuante]. Plínio Coelho, ainda como governador, construiu as 100 (cem) primeiras casas populares do bairro, a escola Zulmira Bitencourt [atual Escola Estadual, na rua São Cristóvão, hoje rua Prof. Ignacio Beltrão, CEP 69033-420] e o posto médico que funcionou provisoriamente em uma das casas populares. Iniciou também a urbanização, colocando asfalto, luz elétrica e dando àquela área, condições dignas para que o povo pudesse viver bem!

domingo, maio 18, 2025

DIA DAS MÃES (2ª PARTE)

 Por óbvio, o domingo Dia das Mães foi o domingo passado. Nele publiquei versos sobre a data. Mas por questão de saúde, tanto do corpo como do material de informática, deixei a crônica de Renato Mendonça para depois, e assim a semana passou. Eis a motivação para esta segunda parte dos festejos. Renato recorda com soberbo espírito filial a Mãe-avó Victoria e as Mães Francisca e Doroteia. Que elas - ainda aqui - na nossa lembrança, nos abençoe.  




AINDA ESTÃO AQUI

11.05.2025 

Quando eu a vejo, imolada em um pequeno e belo quadro, fixado na parede azul-claro do meu quarto, e olho em seus olhos, sinto que ela esteve conversando com o Senhor; intuo que ela está aqui entre nós e quer me transmitir seus ensinamentos aprendidos na curta passagem pela vida terrena, com os de agora, na vida espiritual. Não sei como isso pode acontecer, mas tenho certeza de que acontece...

Recebo sua mensagem metafísica mesmo ausente, sem estar ali na sua presença. Às vezes, acredito que o Criador quer me motivar e a usa para isso: abastece-me com a força da sua fé, cumula-me com o discernimento para invocar a sacralidade das coisas, como se fosse um modo de escutá-Lo; faz-me compreender a emblemática da nossa natureza humana, a fim de percorrer o difícil caminho da felicidade. E me envolve numa dinâmica de encontros com Ele.

É místico! É mágico e esplêndido sentir esses fluidos positivos invadindo nossa alma, apesar de parecer estranho para a maioria das pessoas. Porque esse comportamento transcende o entendimento habitual, as pessoas só acreditam em coisas palpáveis e não percebem que o que movimenta o nosso corpo é o espírito. E esse espírito — teologicamente imortal! — não tem idade, não se presta ao descanso físico; quer nos animar sempre, mesmo que as adversidades estejam presentes.

Não desejo individualizar esta homenagem, a despeito de a introdução se referir apenas à minha mãe, Dona Francisca Pereira Lima. Quem me deu à luz, assim como a mãe de Jesus, representa todas as mães com quem pude conviver e me abastecer de seus carinhos e ensinamentos. Reconheço que Deus, na sua incontestável sapiência e sacralidade, quis, na sua forma humanizada, também ter uma mãe aqui na terra — Maria.

E assim, convivi com algumas mães, com os seus diversos carismas, mas com seus encantamentos únicos, sublimes. Mulheres que abraçavam a paixão para enfrentar os desafios do cotidiano; que evocavam a força da fé para obter as armas necessárias ao “bom combate”. Eu sou fã de todas as mães verdadeiras, aquelas que sofrem ou se encantam com seus filhos, aquelas que têm a empatia materna tatuada no coração; há aquelas que, além de cuidar e educar os filhos, ainda têm a vocação de filha dedicada. Nutro por essas espetaculares criaturas humanas um sentimento de admiração, de carinho e, simbolicamente, quero consagrá-las no altar da glória de Deus. 

Neste dia, escolhido em um domingo do calendário exclusivamente para homenagear essas altivas criaturas humanas, desejo me congratular com todas elas, com essa legião de anjos terrestres e celestes.

Além de minha mãe, não posso deixar de recordar minha avó peruana, Dona Victoria Malafaya. Uma mulher iletrada, mas sábia na condução de uma família destroçada; que soube suprir, como uma matriarca, a perda de minha mãe, falecida precocemente. Ensinou-me o caminho do discernimento juvenil e, também, o seu idioma castelhano, que ainda hoje carrego comigo na mente e no coração. Livrou-me muitas vezes dos castigos que meu pai queria me infligir, devido às minhas peraltices. Com sua sabedoria inca, apenas o fazia refletir que eu era um menino ainda, órfão, e necessitava de amor, carinho e compreensão. E ela soube, em raros momentos de sua vida, me doar esses sentimentos.

Dona Doroteia Santos foi uma madrasta revestida com uma auréola de mãe verdadeira. Sofremos juntos as dificuldades de uma família humilde numa cidade sem perspectiva econômica dos anos 1960. Ela ensinou-me como lidar com as adversidades e me mostrou um estoicismo incomum para uma mulher com sua limitação cultural. Com ela, aprendi que o trabalho dignifica qualquer pessoa, em qualquer idade; aprendi como cuidar dos meus irmãos menores, da nova geração, que brotava ano a ano; ao lado dela descobri que para ser feliz não necessariamente precisamos de bens materiais, precisamos ter fé no futuro e se rejubilar com o momento presente. Com aquilo que Deus nos oferece em cada etapa da nossa vida. É fato, elas ainda estão aqui dentro de mim, na minha mente e no meu coração.

A todas as mães, em todas as dimensões, reitero minha congratulação e meu apreço. Fiquem todas com Deus!

sexta-feira, maio 16, 2025

GINÁSIO AMAZONENSE PEDRO II

 A saúde não me permitiu atender ao convite de um amigo para discorrer sobre a construção do Ginásio Amazonense Pedro II, ou Colégio Estadual, de nossos dias. Em busca de informações, consegui na Biblioteca do Museu Amazônico um exemplar que reproduz um relatório sucinto sobre a evolução das obras, escrito após a centenária Intervenção Federal de Alfredo Sá (1925) no Amazonas. Realizei a cópia que vai nesta postagem, acatando a ortografia vigente.

Ginásio amazonense “pedro II”


Localização: avenida Sete de Setembro. Limites: ao N. a rua Henrique Martins; ao S. a praça da Constituição; a L. a avenida 13 de Maio; a O. a rua Jorge de Moraes. Custo: 933:824$092 (réis) Valor atual 3.000:000$000

Característicos: O Ginásio Amazonense Pedro Segundo, antigo Liceu, é todo de alvenaria de pedra e tijolo, construído no centro de um amplo terreno gradeado de ferro, com três portões na frente e dois atrás. Tem dois pavimentos e um porão todo ladrilhado, apresentando uma bela fachada de cantaria.

Dimensões: ao N. tem o terreno 78m79; ao S. 85m30; a L. 66m80; a O. 61m45. O edifício propriamente tem 37m30 de largura por 46m30 de fundo; 8m08 de pé direito do pavimento térreo e 5m94 de pé direito ao primeiro andar.

Ao fundo do edifício existe uma pequena casa, em forma de chalé, toda de alvenaria, a qual fora construída para gasômetro, servindo atualmente para morada do porteiro; a L. existe um grande pavilhão, também de alvenaria, o qual fora construído para ginástica e onde atualmente funciona o Jardim da Infância.

Histórico: o edifício do Ginásio Amazonense Pedro Segundo foi mandado construir pelo presidente da então província, Dr. Sátiro de Oliveira Dias, autorizado pela lei 506, de 4 de novembro de 1880. Essa lei autorizava o governo a dispender a quantia de 30:000$000 com aquisição do terreno, planta, orçamento e primeiras obras.

Os planos e desenhos foram executados pelo major de engenheiros Dr. Dionísio E. de Castro Cerqueira, que na Republica foi ministro dos Negócios Estrangeiros.

Em 25 de março de 1881 foi colocada, pelo referido presidente, a pedra inaugural, previamente benta pelo vigário da freguesia de N. S. dos Remédios, padre João Rodrigues de Assunção. A 9 de maio do mesmo ano, o Tesouro Provincial contratou com Ismael Vitorio Gomes a construção dos alicerces, à razão de 24$000 por metro cúbico. Como o terreno não fosse consistente, foi necessário dar aos alicerces maiores espessuras do que as marcadas no plano geral.

Tendo sido entregues a 9 de janeiro de 1883 as pedras de cantaria para o soco(?) da fachada principal, cujo fornecimento fora contratado a 4 de maio de 1882 por José Cardoso Ramalho, pela quantia de 3:774$085, mandou a presidência da Província fosse chamada concorrência para o assentamento do mesmo soco. Aceita a proposta de Antonio Ruibal, que se obrigara a fazer esse trabalho por 540$000, lavrou-se o contrato a 22 de fevereiro, ficando pronto o serviço a 12 de março do mesmo ano. O fornecimento da cantaria precisa para as soleiras, ombreiras e vergas de 24 janelas do pavimento térreo, foi contratado com José Cardoso Ramalho. A construção das paredes e colocação do vigamento do pavimento referido, foi contratado com o Dr. João Carlos Antony, a 20 de janeiro de 1883. As obras arrematas por este contratante foram suspensas a 28 de outubro desse ano, por falta de crédito.

A 31 de julho do mesmo ano resolveu a presidência da Província que as obras do edifício continuassem por arrematações parciais e mandou, à vista disso, organizar o orçamento da quantia necessária à conclusão de todos os trabalhos. Esse orçamento foi apresentado a 3 de dezembro. Por ele as despesas foram calculadas em 220:123$081, dando, porém, a província a cantaria precisa para as colunas, pilastras e cimalha da fachada principal.

A lei 640, de 16 de maio de 1884, autorizou o presidente da Provincia, Dr. Teodoreto Carlos de Faria Souto, a concluir o edifício. A 21 maio desse ano, José Cardoso Ramalho, Leonardo Antonio Malcher e Manuel Coelho de Castro assinaram no Tesouro Provincial contrato para conclusão das obras pela importância de 259:745$235.

A 26 do mesmo mês e ano começaram os trabalhos, que foram suspensos a 30 de setembro, por não terem os arrematantes recebido as prestações, em consequência do mau estado financeiro da Província. Recomeçados a 12 de outubro [1884], a 5 de setembro de 1886 foi o edifício recebido provisoriamente, verificando-se a recepção definitiva depois de decorridos seis meses destinados a provas, a 12 de abril de 1887, na administração do Dr. Ernesto de Vasconcelos Chaves.

O edifício, porém, não estava concluído, como se verifica dos fotogramas junto. Faltavam-lhe os muros e gradis de cimento e outras pequenas obras complementares que não foram incluídas nos orçamentos anteriores. Esses trabalhos, bem como a modificação da escadaria, preparo do chão do porão, que foi todo cimentado, sendo as amplas salas de L. ladrilhadas, foi feito nas administrações do Dr. Fileto Pires e coronel Ramalho Junior.

Parte do terreno em que se acha este edifício pertencia ao que foi comprado a Custodio Pires Garcia, pela quantia de 12:000$000 [doze contos de réis], em que se construiu o atual Quartel da Força Policial; parte foi desapropriado ao tenente João Sebastião da Silva Lisboa, pela quantia de 8:000$000 [oito contos de réis].

A construção do pavilhão de ginástica foi feita por Florêncio Rodrigues de Almeida, custou 71:551$260.

Estado de conservação: Passou por grandes consertos no governo do Dr. Alfredo Sá, benemérito Interventor Federal, achando-se em ótimas condições.

quarta-feira, maio 14, 2025

BOTO ITALIANO

 Nunzio Bevilacqua, advogado e empresário com negócios no Brasil, foi à imprensa italiana dizer que a gravidez da ex-namorada, a brasileira Báarbara Zandômenico Perito, seria fruto de orgias e ritos satânicos. Ela nega a acusação. A defesa dela quer que o italiano seja responsabilizado criminalmente.

 

Ilustração da internet

Este paparazzi italiano com esse “pretexto” reescreve o mito do Boto amazônico, que era simples: nos idos da cobra grande, quando a caboca solteira aparecia gestante no beiradão, a explicação era singular: foi o boto! Contava a lenda que este mamífero cetáceo fluvial aparecia nas festas, transmudado em jovem vestido com elegância, inclusive com chapéu à cabeça. E valsava a noite inteira, acabando por seduzir uma cunhã, que iludida embarcava na canoa do jovem elegante e desconhecido. Assim, entre uma festa e outra, aparecia o resultado desse conúbio, a gestação.

Como o autor da sedução era desconhecido, a incomodada, ambicionando esconder a autoria da paternidade, divulgava que esta era do boto. E a idílica aventura espalhava-se pelas margens dos rios.

Em plena Itália de 2025, surge um empreendedor para sapecar uma história inverossímil que me fez recordar as tantas do Boto. Que me perdoe o cetáceo, seja qual for a coloração, por essa insanidade.

domingo, maio 11, 2025

DIA DAS MÃES 2025

 

Em nome da filha Valéria, avó bem assumida,  os abraços e brindes que o espaço não me permitiu distribuir às Mães do meu reino. 

Valéria Souza por ocasião dos festejos em Brasília DF.



POESIA PARA O DIA DAS MÃES

 Este domingo (11) de maio é assinalado para comemorar o Dia das Mães. Aproveito a oportunidade para retornar à atividade da qual me afastei, por moléstia própria e do computador. Para tanto, tomei emprestado ao saudoso poeta Álvaro Maia um seu poema para completar a festa. Segue com um descuido grave do pesquisador: a falta de identificação do ano da publicação, sabido que foi realizada no Jornal do Commercio, em 24 de outubro.



 

 





Recorte do matutino

Deixando o Olimpo em esto e arremessos,

presos os cachos por sedosos nastros,

os deuses pelo céu gravaram, rastros,

encheram o alto de estendais espessos...

 

Em noites puras, o colar dos astros

brilha, quais joias de elevados preços,

-- brincos, rosetas, pedras, adereços,

cordões de luz, pulseiras e de alabastros...

 

Traçaram na passagem pelo mundo,

labirintos suspensos aos olhares,

o seu itinerário vagabundo...

 

Fugiram, dispersaram-se... E, chorosas,

morreram diluídas nos luares,

na voz das fontes e no odor das rosas... 

II 

Os olhos aos céus límpidos levanto,

na adoração das místicas estrelas.

O sonho, embevecido para vê-las,

agita a ideia em desvairado canto.

 

O pensamento circunvaga pelas

taças douradas do país do Encanto,

e quando volta, mergulhado em pranto,

vem com desejo de querer bebê-las...

 

Louras estrelas pelo azul perdidas,

mostrai à terra as faces diamantinas!

Fulgi, rastros de deusas foragidas,

 

Em lírios de ouro, em lúcidos junquilhos,

e recebei as lágrimas divinas,

as lágrimas de mães que lembram filhos...