Por óbvio, o domingo Dia das Mães foi o domingo passado. Nele publiquei versos sobre a data. Mas por questão de saúde, tanto do corpo como do material de informática, deixei a crônica de Renato Mendonça para depois, e assim a semana passou. Eis a motivação para esta segunda parte dos festejos. Renato recorda com soberbo espírito filial a Mãe-avó Victoria e as Mães Francisca e Doroteia. Que elas - ainda aqui - na nossa lembrança, nos abençoe.
AINDA ESTÃO
AQUI
11.05.2025
Quando eu a vejo, imolada em um
pequeno e belo quadro, fixado na parede azul-claro do meu quarto, e olho em
seus olhos, sinto que ela esteve conversando com o Senhor; intuo que ela está
aqui entre nós e quer me transmitir seus ensinamentos aprendidos na curta
passagem pela vida terrena, com os de agora, na vida espiritual. Não sei como
isso pode acontecer, mas tenho certeza de que acontece...
Recebo sua mensagem metafísica mesmo ausente, sem estar ali
na sua presença. Às vezes, acredito que o Criador quer me motivar e a usa para
isso: abastece-me com a força da sua fé, cumula-me com o discernimento para
invocar a sacralidade das coisas, como se fosse um modo de escutá-Lo; faz-me
compreender a emblemática da nossa natureza humana, a fim de percorrer o
difícil caminho da felicidade. E me envolve numa dinâmica de encontros com Ele.
É místico! É mágico e esplêndido sentir esses fluidos
positivos invadindo nossa alma, apesar de parecer estranho para a maioria das
pessoas. Porque esse comportamento transcende o entendimento habitual, as
pessoas só acreditam em coisas palpáveis e não percebem que o que movimenta o
nosso corpo é o espírito. E esse espírito — teologicamente imortal! — não tem
idade, não se presta ao descanso físico; quer nos animar sempre, mesmo que as
adversidades estejam presentes.
Não desejo individualizar esta homenagem, a despeito de a
introdução se referir apenas à minha mãe, Dona Francisca Pereira Lima. Quem me
deu à luz, assim como a mãe de Jesus, representa todas as mães com quem pude
conviver e me abastecer de seus carinhos e ensinamentos. Reconheço que Deus, na
sua incontestável sapiência e sacralidade, quis, na sua forma humanizada,
também ter uma mãe aqui na terra — Maria.
E assim, convivi com algumas mães, com os seus diversos
carismas, mas com seus encantamentos únicos, sublimes. Mulheres que abraçavam a
paixão para enfrentar os desafios do cotidiano; que evocavam a força da fé para
obter as armas necessárias ao “bom combate”. Eu sou fã de todas as mães
verdadeiras, aquelas que sofrem ou se encantam com seus filhos, aquelas que têm
a empatia materna tatuada no coração; há aquelas que, além de cuidar e educar
os filhos, ainda têm a vocação de filha dedicada. Nutro por essas espetaculares
criaturas humanas um sentimento de admiração, de carinho e, simbolicamente,
quero consagrá-las no altar da glória de Deus.
Neste dia, escolhido em um domingo do calendário
exclusivamente para homenagear essas altivas criaturas humanas, desejo me
congratular com todas elas, com essa legião de anjos terrestres e celestes.
Além de minha mãe, não posso deixar de recordar minha avó
peruana, Dona Victoria Malafaya. Uma mulher iletrada, mas sábia na condução de
uma família destroçada; que soube suprir, como uma matriarca, a perda de minha
mãe, falecida precocemente. Ensinou-me o caminho do discernimento juvenil e,
também, o seu idioma castelhano, que ainda hoje carrego comigo na mente e no
coração. Livrou-me muitas vezes dos castigos que meu pai queria me infligir,
devido às minhas peraltices. Com sua sabedoria inca, apenas o fazia refletir
que eu era um menino ainda, órfão, e necessitava de amor, carinho e
compreensão. E ela soube, em raros momentos de sua vida, me doar esses
sentimentos.
Dona Doroteia Santos foi uma madrasta revestida com uma
auréola de mãe verdadeira. Sofremos juntos as dificuldades de uma família
humilde numa cidade sem perspectiva econômica dos anos 1960. Ela ensinou-me
como lidar com as adversidades e me mostrou um estoicismo incomum para uma
mulher com sua limitação cultural. Com ela, aprendi que o trabalho dignifica
qualquer pessoa, em qualquer idade; aprendi como cuidar dos meus irmãos
menores, da nova geração, que brotava ano a ano; ao lado dela descobri que para
ser feliz não necessariamente precisamos de bens materiais, precisamos ter fé
no futuro e se rejubilar com o momento presente. Com aquilo que Deus nos
oferece em cada etapa da nossa vida. É fato, elas ainda estão aqui
dentro de mim, na minha mente e no meu coração.
A todas as mães, em todas as dimensões, reitero minha
congratulação e meu apreço. Fiquem todas com Deus!
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