Mais uma contribuição do jornal A Gazeta, em sua coluna A Cidade em Foto, edição de 28 de janeiro de 1964, focando a peça artística O Javali e o Cão, instalada naquele logradouro desde sua inauguração em 1906. Sessenta anos depois do recorte jornalístico, o bronze segue deteriorando-se, pior a praça que vergonhosamente perdeu o brilho e atrativo, afundada em misérias, abandonada pelo poder e sequestrada por indesejáveis.
DOS TEMPOS EM QUE MENTIRA ERA POTOCA
Manaus já teve coisas belas em seus parques e jardins. Que o tempo e os homens fizeram desaparecer, deixando alguns remanescentes para agradar um pouco a paisagem e fazer relembrar o passado. Toda cidade tem suas histórias, forjadas em grandezas e misérias. E a nossa pacata e invencível ex São José da Barra do Rio Negro não poderia fugir à tradição. Coisas velhas, como diziam, do “arco da velha”, quando mentira se chamava “potoca”, e fio de bigode valia mais que assinatura em aval de promissória.
O javali briga com um cachorro, esculpido no bronze, sobre uma pedra, e colocado no jardim da Polícia, onde ainda se encontra. Da briga nada interessa, que um encontro de onça com jacaré é mais interessante, pitoresco e muito mais amazônico.
O valor está na obra de arte, na beleza que encerra, e de que os frequentadores daquele logradouro público nem se apercebem. E que, mesmo assim, já se integrou à vida da cidade.
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Mesma peça, ano 2015 |
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