A memória pertence ao jornal A Gazeta, edição de 31 de março de 1964. Que data, devendo ser lembrada como bem apetece ao leitor. A postagem quer lembrar o artífice que circulava pelas ruas amolando facas e outros objetos cortantes. Claro que a evolução técnica fez este desaparecer. Quem se lembra dessa figura? Confesso que voltei a me lembrar vendo a foto. Foi-se o amolador, como se foi o matutino, igualmente dominado pelo avanço tecnológico.
DE UTILIDADES DOMÉSTICAS
ATRAVÉS DOS ANOS –
Um dia ele cansou. Juntou os
trocados, comprou passagem de ida na “Booth”, e largou-se para a “Santa
Terrinha”, para matar saudades e ficar de vez por lá. Mas as saudades maiores
devem ter ficado por aqui, a nostalgia decididamente contribuiu e ele voltou
para percorrer novamente as ruas da cidade. Amolando facas, serrotes, tesouras.
Até gilete, dizem, que ajeita.
Na sua ausência, não sabemos
com quem ficou o instrumento de trabalho, primitivo, mas muito útil, ou se o de
agora é outro. Não interessa muito, pois o personagem é o velho amolador ambulante,
com seus movimentos sincronizados, tal qual uma máquina. O pé direito aciona a
roda grande, esta entra em movimento e faz rodar o rebolo, onde mãos hábeis seguram
a lâmina do objeto e garantem uma amolação perfeita. Faca de cozinha que passou
por aí nunca mais perde o fio. E um serrote tem sempre seus dentes acertados.
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